
Empreendimentos femininos são quase metade dos novos negócios abertos no país. No Maranhão, já são mais de 140 mil empresas sob o comando de mulheres O mundo dos negócios é delas. Segundo dados do Sebrae, o país já conta com 32 milhões de empreendedoras, representando 46% dos negócios iniciantes. No Maranhão, a participação feminina na gestão empresarial também cresce: atualmente, mais de 140 mil empresas são comandadas exclusivamente por mulheres, de acordo com a Junta Comercial do Maranhão (JUCEMA). O número representa inclusão e independência financeira para elas, além de impulsionar o desenvolvimento econômico do estado.
Quem manda são elas
Divulgação/Rio Anil Shopping
No Rio Anil Shopping, a superintendente Francine Machado destaca a participação feminina. “As mulheres têm um olhar diferenciado para a gestão e um senso de comunidade muito forte. Desde o início da sua história, o Rio Anil Shopping busca apoiar os empreendimentos femininos, oferecendo visibilidade, estrutura e oportunidades para que seus negócios prosperem”, destaca.
Quem manda são elas
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Oportunidades como essa foram um divisor de águas para empresárias como Ana Pretha e as outras 60 afroempreendedoras que comercializam seus produtos na Feira Preta, loja colaborativa que, há quase cinco meses, ocupa um espaço no piso térreo do shopping. Acessórios, turbantes, camisetas, cosméticos e até mudas de plantas estão entre os produtos vendidos na loja que, além do comércio, promove capacitação para as empreendedoras e eventos de valorização da cultura e da ancestralidade afro.
Quem manda são elas
Divulgação/Rio Anil Shopping
A Feira Preta é, literalmente, um sonho realizado de Ana, de fortalecer as mulheres do quilombo da Liberdade, em São Luís. “Eu sou do axé e tive essa visão em um sonho, de que precisava ajudar. Trabalhamos capacitando e educando financeiramente essas mulheres, algumas endividadas, sem saber por onde começar. Hoje temos uma rede que está presente em vários municípios do Maranhão”, conta ela. Para capacitar e orientar as companheiras de jornada, Ana tornou-se, também, empresária. Fundou a “Nega Mina”, especializada em consultoria para mulheres negras.
Quem manda são elas
Divulgação/Rio Anil Shopping
Mas o início não foi fácil. A mudança veio a partir da parceria com o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (SEDIHPOP) e, por consequência, com o Rio Anil Shopping. “A gente enfrentou racismo em eventos e feiras e percebeu que não bastava só vender, precisávamos combater essas barreiras. O shopping foi um divisor de águas. Saímos de espaços precários, onde a gente precisava cobrir nossas mercadorias com lona para não pegar chuva, para um local totalmente estruturado”, conta Ana Pretha.
A loja no shopping foi aberta em um curto espaço de tempo, graças ao esforço coletivo de todas. “Nos deram 15 dias para montar tudo, e trabalhamos até de madrugada. Hoje, sei que foi a realização de um sonho não só meu, mas de muitas mulheres. Nosso modelo é totalmente colaborativo e funciona como uma economia própria, onde todas se ajudam e aprendem juntas”, explica.
De funcionária a proprietária
No Brasil, de acordo com o IBGE, poucas mulheres ocupam cargos de gestão. Conforme o instituto, 60,7% dos cargos gerenciais são ocupados por homens e apenas 39,3% por mulheres. A exceção às estatísticas mostra que, com a devida oportunidade, elas podem brilhar e alcançar grandes espaços. É o caso de Thays Mascarenhas. Funcionária há 14 anos da Ótica Diniz, ela passou a dona do próprio negócio quando o proprietário resolveu transformar o empreendimento em uma franquia. Hoje, ela é proprietária da unidade do Rio Anil Shopping e lidera um time exclusivamente feminino, formado por 14 pessoas.
Quem manda são elas
Divulgação/Rio Anil Shopping
“O maior desafio foi liderar uma equipe, cuidar de pessoas mais experientes que eu e, ao mesmo tempo, me posicionar como referência para elas. No ambiente de shopping, precisamos atender um público muito diverso, de diferentes idades e perfis econômicos, sempre mantendo a excelência no atendimento”, conta Thays.
Quem manda são elas
Divulgação/Rio Anil Shopping
Thays acredita no potencial feminino para os negócios, mas alerta: elas têm melhores resultados quando seguem seus instintos e seu próprio coração. “A gente já faz muita coisa por pressão da sociedade, porque nos é exigido. Carregamos muitas responsabilidades. Então, para empreender, que seja em algo que você realmente ame”, completa.
Francine Machado reforça que, ao abrir espaço para os negócios liderados por mulheres, o shopping desempenha também uma função social. “Elas enfrentam desafios, mas também trazem soluções criativas e modelos de negócio sustentáveis. Nosso papel como shopping é garantir que essas iniciativas tenham espaço e cresçam cada vez mais”, afirma.
Maquiagem
“Me formei na faculdade de Odontologia e fui vender maquiagem”. Ouvindo assim, nem parece se tratar de uma história com final feliz. Mas o sucesso é o que define a trajetória de Amanda Brasil, hoje proprietária de três unidades da loja Gringa Makes, especializada em artigos de maquiagem. A unidade mais recente, localizada no Rio Anil Shopping, foi inaugurada em novembro de 2024.
Quem manda são elas
Divulgação/Rio Anil Shopping
Vinda de uma família de comerciantes, Amanda despertou para o espírito empreendedor desde a infância: aos oito anos, já ganhava seu próprio dinheiro, vendendo entre as colegas de escola pulseiras e colares que ela mesma fabricava. O talento para vendas a acompanhou até a faculdade. “Eu passei para Odontologia, que é um curso muito caro, os livros, equipamentos, tudo custa muito dinheiro. Eu não queria estar sempre pedindo para os meus pais, então comecei a vender maquiagem para ganhar um extra”, relembra.
Quando terminou a faculdade, Amanda se viu em uma encruzilhada: poderia aceitar um emprego no interior do estado ou continuar em São Luís com as vendas. Escolheu a segunda opção, para assombro da família. “As pessoas diziam que eu era maluca e me perguntavam como é que eu, depois de ter investido tanto para me formar em um curso tão caro, seguia por outro caminho”, diz. Com o tempo, ela expandiu para uma loja física – para enfrentar a pandemia e o lockdown poucos meses depois. “Usei toda a minha experiência com vendas online para manter o negócio vivo”, relembra Amanda.
Hoje, a Gringa Makes possui três lojas em São Luís, incluindo a do Rio Anil Shopping em novembro do ano passado. “Estar em um shopping traz visibilidade e credibilidade para a marca. Muitos clientes que me compravam quando eu vendia no quartinho da minha casa continuam comigo até hoje. Mas o reconhecimento é outro”, diz.
Amanda destaca, porém, que as mulheres ainda enfrentam dificuldades para serem levadas a sério no mundo dos negócios. “Se um homem fala de forma assertiva, ele é visto como líder. Se uma mulher faz o mesmo, é taxada de arrogante. Além disso, equilibrar maternidade e empreendedorismo é um desafio gigante. Mas, no final, cada sacrifício vale a pena”, conclui.