TJPE reúne especialistas para debater o Transtorno do Espectro Autista

FolhaPE

Promovida pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), a 1ª Semana Nacional da Saúde reuniu, no Recife, especialistas e familiares de pessoas autistas para debater sobre esse tipo de neurodivergência. No Brasil, há cerca de 4 milhões de pessoas com autismo.

O encontro aconteceu na manhã desta quinta-feira (10), no auditório do segundo andar do Fórum Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra. Na pauta, os principais pontos sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA).

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A primeira mesa foi formada por volta das 10h, com mediação da juíza Ana Cláudia Brandão de Barros Correia, que também é titular da coluna Direito e Saúde, da Folha de Pernambuco.

“A gente debate o tema para poder melhorar, assegurar o direito dessas pessoas e também garantir a ética nesses tratamentos, assim como a evidência científica que vai, sim, proporcionar o tratamento adequado para essas crianças”, explicou Ana Cláudia.

Ela lembrou a importância de debater o assunto junto a vários atores: profissionais do direito, da saúde, gestores públicos e família. “São atores que trabalham com o tratamento e o acolhimento”, afirmou.

Compondo o grupo de debatedores, o neurologista Daniel Azevedo, que é autista suporte nível 1, tratou sobre o ‘Diagnóstico e evidências científicas dos tratamentos de TEA’.  “Como o autismo não tem aparência, o diagnóstico acaba sendo muito complicado e difícil, e a pessoa tem que ficar em observação. Os pontos mais importantes são a comunicação, interação social e padrões”, frisou ele.

As ‘Políticas públicas para o público neurodivergente’ foram pauta do painel, apresentado pelo procurador do Recife Gustavo Andrade e pela secretária Executiva de Regulação Média e Alta Complexidade do Recife, Anna Renata Lemos. ‘Plano terapêutico para o TEA’ foi discutido pela doutora neuropediatra Rafaela Vasconcelos Viana.

Cláudia Monteiro, esposa de Eduardo de Queiroz Monteiro, presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, compareceu ao evento. Avó atípica, ela entende a necessidade de eventos como este, que, acontecendo em todo o Brasil, afirmam a relevância dos olhares do Judiciário para esse público.

“Vejo com grande importância essa iniciativa do CNJ e TJPE da Semana Nacional da Saúde. Trazer o Judiciário para perto da população, promovendo atenção básica à saúde, através de serviços essenciais e palestras esclarecedoras como a condição do TEA é a verdadeira inclusão”, destacou Cláudia Monteiro.

“É de suma importância essa iniciativa de inclusão, por meio dessa parceria do TJPE e do CNJ, em prol da dignidade da pessoa humana. Inclusive do tratamento e de toda a atenção básica à saúde”, argumentou também a advogada Luzia Valois.

2º momento

Quem mediou a segunda mesa debatedora foi a presidente da Associação dos Amigos da Justiça de Pernambuco (AAJUPE), Sandra Paes Barreto. “É um assunto atual, mas que existe há muito tempo e tem pessoas com maior vulnerabilidade que não têm acesso a este tipo de palestra de conhecimento. Então, tem mãe de autista lá do Conselho da Imbiribeira. É de muita valia, porque [as pessoas] terão conhecimentos que podem até tornar um pouco mais leve o tratamento com a criança autista. Eu fico muito feliz em estar fazendo parte dessa história da Semana da Saúde”, explicou Sandra.

Também foi apresentado o tema ‘Tecnologia Assistiva em prol da vida diária das pessoas no espectro do autismo’, com a advogada Cândida Andrade. “O apelo que eu faço é que a Justiça entenda, como já tem entendido, que [o autismo] não é questão de saúde, mas de educação e adaptação dos espaços”, frisou Cândida, durante o discurso.

Outros temas debatidos pela mesa foram ‘Afinal, quem cuida de quem cuida? A jornada de cuidado das mães de crianças neurodivergentes e o adoecimento mental’, com Sâmia Lacerda, da Rede Mira – Mulheres e Identidades Restauradas por Apoio; ‘TEA e Comunicação’, com a fonoaudióloga Adriana Carli; ‘O apoio familiar na rotina do autista’, com a psicóloga clínica Pollyana Pontual. O último assunto foi ’TEA e saúde bucal’, explanado pela dentista Ana Carolina Maia.

A dona de casa Márcia Silva, de 40 anos, é mãe de Israel Elliabe, de 12 anos. Com autismo, a criança não fala e interage com algumas pessoas. Márcia agradeceu ao TJPE a oportunidade de participar de um evento como esse.

“Está sendo gratificante para a gente, porque todos realmente podem entender um pouco da nossa realidade, que não é fácil. Que possa, a partir daqui, abrirem os olhares para saber o que passamos e do que os nossos filhos precisam, que é de terapia, fonoaudiologia, entre outros”, indicou ela, que é integrante da Rede de Mulheres e Identidades Restauradas por Apoio (Mira).

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