
Parlamentares da base do governo estão na luta para reverter no plenário da Câmara dos Deputados a decisão do Conselho de Ética que cassou, nesta quarta-feira (9), por 13 votos a 5, o mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).
Ele é acusado de quebrar o decoro parlamentar após expulsar um militante do Movimento Brasil Livre (MBL) da Câmara em 2024. Glauber reagiu a uma ofensa feita pelo integrante da organização a sua mãe.
Em protesto, o parlamentar permaneceu na sala da comissão onde está há mais de 35 horas ingerindo somente líquido. A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP), de 90 anos, decidiu se juntar ao deputado, mas foi convencida de ir para sua residência.
“O Conselho de Ética cometeu um grave erro político. Esse processo ainda vem ao plenário da Câmara onde tentaremos reverter. É uma cassação absurda, sem fundamento nenhum. Não há crime cometido pelo Glauber e muito menos que justifique a cassação de um mandato popular”, reagiu o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros.
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O líder diz que o mandato popular é algo quase sagrado. “Você só pode subtrair o mandato popular em um crime cometido com muita força, em algo extremamente grave. Caberia uma advertência, talvez até uma suspensão, mas a cassação do mandato não guarda nenhuma proporção com a acusação que é imputada a ele, um desentendimento com um membro do MBL”, disse o líder.
“Querem tentar calar a voz e o mandato do deputado Glauber. Tentam cassá-lo por reagir a uma agressão covarde contra sua mãe, mas os verdadeiros criminosos, que nos perseguem, nos ameaçam e tentam destruir um mandato popular, seguem impunes. Não aceitaremos esse escárnio! Cassar Glauber é premiar o ódio e atacar a democracia”, reagiu a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
“A representação que originou esse processo é uma reação desproporcional e violenta a uma indignação legítima, fruto de agressões que ultrapassaram todos os limites – chegando, inclusive, à memória de sua mãe, uma liderança política que dedicou sua vida à boa política e faleceu recentemente”, destacou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).
O deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA) diz que o ocorrido entre Glauber e o militante do MBL jamais deveria ter como pena a uma aplicação tão severa. “Acho que o bom senso ainda voltará e no plenário da Câmara a gente vai rever essa decisão”, apostou.
“É um ataque à democracia e ao direito de representação popular. Sua trajetória é marcada pela defesa dos direitos sociais, ambientais e trabalhistas, além da luta contra a corrupção e privilégios”, disse a deputada Enfermeira Rejane (PCdoB-RJ).
“Não aceitaremos o silenciamento de vozes combativas, que sempre estiveram ao lado do povo! Nosso total apoio ao deputado Glauber Braga. Ele fica sim!”, defendeu a deputada Alice Portugal.
“Uma injustiça contra um parlamentar que luta em defesa do povo brasileiro. Presto meu apoio ao deputado, que ainda pode recorrer da decisão e recuperar seu mandato. Estamos juntos!”, reagiu o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA).
Perseguição
“Uma deputada perseguiu um homem armada, às vésperas da eleição. Um deputado espancou a namorada. Um deputado foi preso por encomendar o assassinato de Marielle Franco. Em todos esses, o relator [deputado Paulo Magalhães (PSD-BA)] que hoje condena Glauber, votou pela absolvição. É pura perseguição!”, afirmou a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP).
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), lembrou que a acusação contra Glauber, encaminhada ao Conselho de Ética pelo partido Novo, se baseia numa reação dele contra um bolsonarista que ofendeu sua mãe.
“Eu conheço a mãe de Glauber, foi prefeita de Friburgo. Saudade Braga é a pessoa mais importante da vida dele”, comentou o líder, lembrando que ela estava com Alzheimer, nos dias finais de vida. “E um provocador foi e falou sobre a mãe dele, acusando-a de inverdades. Quem daqui teria sangue de barata e não reagiria?”, questionou Lindbergh.
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