Indústria de Defesa nacional ganha força com acordo de cooperação

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi) reforçou na última semana os investimentos no Complexo Industrial de Defesa. Com foco em tecnologias de uso dual (para uso civil e militar), serão R$ 4 milhões aportados para cumprir o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde).

De acordo com a Agência, a iniciativa se conecta aos desafios da Missão 6 da Nova Indústria Brasil (NIB) – que tem como objetivo alcançar 55% de domínio em tecnologias críticas até 2026, elevando essa meta para 75% até 2033.

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O acordo previsto tem três frentes de atuação neste ano:

  • monitoramento da Base Industrial de Defesa (BID), projeto executado em parceria com a Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA USP);
  • modelagem de offset ofertante para o Brasil, que será realizada em parceria com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE);
  • modelagem Gov to Gov – cuja contratação foi anunciada em 13 de dezembro de 2024, em parceria com a Federação das Industria de Santa Cataria (FIESC).

Defesa e Segurança

O anúncio de oficialização dos investimentos ocorreu em 2/4, durante a 15ª edição da Laad Defence & Security – Feira Internacional de Defesa e Segurança, no Rio de Janeiro (RJ).

Na ocasião a diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, que foi deputada federal pelo PCdoB do Acre por quatro mandatos, ressaltou a importância do acordo.

“A análise criteriosa de dados sobre cenários geopolíticos, capacidades tecnológicas e necessidades operacionais permite que os tomadores de decisão desenvolvam estratégias fundamentadas e alinhadas às prioridades nacionais. Isso reduz a margem de erro e otimiza o uso de recursos, direcionando esforços para áreas que realmente fortalecem a segurança e a soberania do país”, disse.

Perpétua Almeida junto ao Presidente do Conselho de Administração da ABIMDE, Luiz Teixeira, e o Coordenador do projeto na FIA/USP, Professor Nelson Barizzelli.

 Raio-X

​Segundo Karen Leal, que é líder do projeto Complexo Industrial da Defesa da ABDI, o objetivo do monitoramento da Base Industrial de Defesa brasileira é obter informações qualificadas e atualizadas de forma a orientar políticas públicas em prol do fortalecimento do setor.

“A construção desse “raio-x” seguirá etapas estruturadas, como o mapeamento de empresas e tecnologias, a identificação de lacunas produtivas e dependências externas, o alinhamento com as demandas estratégicas das Forças Armadas e a proposição de mecanismos de fomento, inovação e incentivo à competitividade. Mais do que um retrato da situação atual, trata-se de um esforço contínuo de monitoramento e avaliação, com a geração de dados confiáveis e atualizados que sustentem a formulação de políticas de longo prazo”, explica.

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Conforme Leal, com base nessas informações as instituições brasileiras poderão desempenhar um papel decisivo na consolidação de um arcabouço legal robusto e moderno para a indústria de Defesa, de forma a institucionalizar a Defesa como vetor de desenvolvimento econômico: “Isso pode incluir a construção de parâmetros legais que garantam previsibilidade orçamentária para projetos estratégicos, a criação de mecanismos de financiamento diferenciados e o estímulo à inovação tecnológica”, completa.

Base Industrial de Defesa

As prioridades do setor de defesa brasileiro estão alinhadas com as prioridades industriais. Nesse sentido, para a ABDI este processo passa pelo fortalecimento da BID, da autonomia operacional e da soberania tecnológica.

“A NIB, por exemplo, prioriza o desenvolvimento de tecnologias críticas nos setores de satélites, veículos lançadores e radares, escolhas feitas com base nas capacidades locais construídas, potencial de exportações e de geração de empregos qualificados”, indica Leal.

Portanto, a líder do projeto enxerga que o fortalecimento da BID requer políticas públicas eficazes, com estímulo ao financiamento, encomendas tecnológicas, exigência de conteúdo nacional e mecanismos de offset, além de ações que incentivem a exportação e promovam a integração entre empresas civis e militares.

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Ela lembra que a Portaria GM-MD Nº 840, de 14 de fevereiro de 2025, por exemplo, divulga as tecnologias críticas para a defesa nacional destinadas a orientar a realização de atividades de pesquisa e desenvolvimento em projetos no âmbito do Ministério da Defesa e das Forças Armadas.

“Em paralelo, deve-se investir no desenvolvimento e na capacitação nacional em plataformas estratégicas de alto valor agregado, como submarinos, navios de superfície, aeronaves multimissão, sistemas espaciais e veículos aéreos não tripulado”, entende a responsável pelo projeto.

Monitoramento da Base Industrial de Defesa (BID)

A operacionalização das ações de Monitoramento dos Indicadores da Base Industrial de Defesa será executada a partir da contratação da FIA/USP. A iniciativa visa subsidiar decisões voltadas a apoiar políticas que minimizem os desafios estabelecidos na NIB e serão importantes subsídios para a construção de políticas públicas mais assertivas.

Espera-se com estes dados construir políticas públicas assertivas, especialmente em setores estratégicos como o de Defesa e, com isso, ter uma criteriosa base de dados sobre cenários geopolíticos, capacidades tecnológicas e necessidades operacionais. “Isso não apenas reduz a margem de erro, mas também otimiza o uso de recursos, direcionando esforços para áreas que realmente fortalecem a segurança e a soberania do país”, diz Leal.

Modelagem de off set ofertante

Já o mecanismo de modelagem de offset ofertante (transferência de tecnologia e conhecimento em compras governamentais) para o Brasil permite que a indústria nacional se beneficie de tecnologias avançadas trazidas por empresas estrangeiras, reduzindo sua dependência de fornecedores internacionais.

Além disso, o offset fomenta a modernização das Forças Armadas por meio de acordos que envolvem transferência de tecnologia e inovação, garantindo maior eficiência operacional e promovendo a capacitação técnica de profissionais locais.

Modelagem Gov to Gov para o Brasil

De acordo com a ABDI, a modelagem Gov to Gov é uma ferramenta estratégica tanto para a compra quanto para a exportação de produtos de defesa brasileiros. O modelo permite que o país negocie diretamente com nações parceiras a aquisição de equipamentos militares, assegurando acesso a sistemas críticos que fortalecem a soberania nacional.

De forma complementar, ao utilizar o Gov to Gov para exportar produtos e serviços de defesa brasileiros, o país amplia sua presença no mercado internacional, fortalecendo sua indústria e consolidando parcerias estratégicas com outras nações.

“Através desse modelo, o Brasil pode não apenas impulsionar suas exportações de produtos de alto valor agregado, mas também promover sua imagem como um ator confiável e inovador no cenário global”, destaca Karen Leal.

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