Valores de materiais da pedreira de Goiânia ultrapassam 5 vezes os da iniciativa privada

A nova Secretaria Municipal de Gestão de Negócios e Parcerias (Segenp) assumiu a responsabilidade por diversos equipamentos públicos, incluindo a pedreira de Goiânia. No entanto, relatórios iniciais da pasta indicam que o complexo está vendendo material a preços muito acima dos praticados pelo mercado privado. Por exemplo, a tonelada de brita da pedreira pode chegar a valores maiores aos comercializados pelo setor privado.

Segundo estudos iniciais sobre o valor da tonelada de brita, o material estaria sendo comercializado entre R$ 300 e R$ 350, mas a pasta quer realizar uma análise mais aprofundada a respeito dos valores. Na iniciativa privada, os valores do material giram em torno de R$ 70. “Estamos levantando os custos e o que foi feito. Identificamos que os equipamentos estão muito antigos, não houve investimentos em novos e o processo produtivo hoje é diferente do que era quando a pedreira foi criada”, contou Flávio Rassi, consultor da Segenp e membro do Conselho de Governo de Goiânia, em entrevista ao Jornal Opção.

“Os processos da Prefeitura de Goiânia são um pouco lentos e, se as licitações não forem realizadas de forma adequada, isso gera muitos problemas de interrupção no processo produtivo. Quando os processos param, o custo fixo continua sendo pago, mas o material não é produzido. Isso acaba tornando o custo do produto mais alto. Isso é normal em qualquer indústria, e na indústria de britagem não é diferente”, explicou o consultor.

Dessa forma, a pasta pretende avaliar a continuidade da pedreira no formato atual, mas não descarta outras alternativas, como a criação de uma empresa pública. No entanto, o plano inicial será buscar tornar o complexo mais eficiente. Além da pedreira em si, a estrutura do Paço Municipal ainda inclui duas usinas de asfalto e uma fábrica de pré-moldados.

“No passado, por exemplo, a construção de Brasília exigiu fábricas de cimento que não existiam, mas essa necessidade não se apresenta mais da mesma forma de antes. O poder público precisa focar em suas atividades principais, como saúde, segurança, educação e infraestrutura, para atender melhor à população. Nosso objetivo é avaliar quais equipamentos são rentáveis e necessários, e quais são ineficazes, custando dinheiro público sem trazer retorno. Não estamos falando de desvio de recursos, mas sim da ineficiência da máquina pública, que, por ser burocrática, acaba produzindo produtos mais caros. Vamos realizar um levantamento geral para entender os custos e, a partir disso, tomar as decisões”, afirmou Rassi a respeito dos planos para a pedreira de Goiânia.

Segundo o consultor, um dos motivos que pode contribuir para o aumento dos valores seria a paralisação das operações. “Se os equipamentos ficam parados, ainda se pagam os custos fixos, o que gera um custo adicional. Na iniciativa privada, há mais flexibilidade; caso o equipamento quebre, a empresa tenta resolvê-lo rapidamente. Já no poder público, os processos são mais burocráticos, o que gera atrasos no atendimento e, consequentemente, no aumento de custos”, pontuou.

Atualmente, a pedreira fornece apenas materiais que são utilizados pela própria Prefeitura de Goiânia, mas não se descarta a possibilidade de ampliar as atividades. No entanto, Rassi destaca que, antes de tudo, o local precisa ser viável economicamente, além de adequar os processos para participar da ampla concorrência.

“É uma possibilidade”, respondeu Rassi, a respeito da possibilidade de ingressar no mercado privado. “A gestão precisa ser organizada de forma a possibilitar a concorrência com o mercado privado de maneira justa. O formato da pedreira, atualmente, é voltado para atender ao poder público, mas, se quisermos abri-la para a iniciativa privada, precisaremos de um novo modelo de negócio, que poderia ser o de uma empresa pública, por exemplo. Antes disso, devemos realizar um estudo detalhado sobre a documentação, legislação e a viabilidade desse novo formato”, explicou.

Com o levantamento inicial feito pela equipe de engenharia da Prefeitura de Goiânia, os números ainda precisam ser revisados, segundo Rassi. Por isso, a pasta não divulgará os valores finais do levantamento. “Pode ser que algum dado não tenha sido contabilizado corretamente, mas o que sabemos é que houve muita ineficiência na gestão passada, o que encareceu o processo. Vou revisar os números e, assim que tudo estiver apurado, divulgaremos de forma transparente. A previsão é que isso aconteça até o meio do ano”, ressaltou.

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