Vem aí um anticoncepcional com menos efeitos colaterais

Medicação foi aprovada pela Anvisa em 2023 e sua chegada foi anunciada ontem

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Um novo anticoncepcional está chegando às farmácias do Brasil, neste mês, e promete ter menos efeitos colaterais, como menor redução de libido, além de não haver ganho de peso com seu uso. A nova pílula, chamada de Nextela, tem associação do estetrol (estrogênio idêntico ao natural) à drospirenona. Comercializada no Brasil pela primeira vez, a molécula se diferencia pelo seu mecanismo de ação única e por causar impacto mínimo na coagulação, na função hepática e no metabolismo.A medicação foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023 e é fabricada pela Libbs Farmacêutica.Sua chegada às farmácias foi anunciada ontem, durante evento em São Paulo, onde a reportagem esteve à convite da farmacêutica. O estetrol é produzido pelo fígado fetal durante a gravidez, conforme explicou a presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Maria Celeste Wender. “Para fins farmacológicos, ele é produzido a partir de fontes vegetais, mas a estrutura molecular é absolutamente idêntica à encontrada na natureza”.Pós-doutora em Ciências, Juliana Brandão explicou que qualquer medicamento, por via oral, tem de ser metabolizado no fígado. Mas, diferente de outros estrogênios usados em pílulas contraceptivas, como o etinilestradiol e o estradiol, o estetrol não tem múltiplas passagens pelo fígado, reduzindo assim os possíveis efeitos adversos no fígado.Em comparação com outras pílulas contraceptivas, pacientes que usaram o medicamento apresentaram menos inchaço, edema, variação do peso corporal e melhor controle da pressão arterial.“Nenhuma mulher interrompeu o estudo por causa de ganho de peso”, destacou Juliana.A molécula mostrou ainda que tem menor estimulação de proteínas coagulantes no fígado, segundo destacou o consultor médico da Libbs, o ginecologista Achilles Cruz.Os estudos têm apontado que isso sugere um provável menor risco de trombose, já que entre as participantes apenas uma relatou ter tido trombose. “Para afirmamos que ele reduz o risco de trombose, dependemos do estudo de fase IV, conhecido como estudo de pós-comercialização, com mais de 100 mil mulheres, que devem ser acompanhadas por um ou dois anos, uma vez que a trombose é um evento raro”, explicou Achilles Cruz.SAIBA MAISContraceptivosOs Contraceptivos orais combinados são os medicamentos que contêm, em sua composição, um progestagênio e um estrogênio. Porém, devido à alta concentração, podem causar eventos adversos.Função do estrogênioEle é usado nas pílulas para evitar que as mulheres sangrem, controlando o ciclo, além de aumentar a eficácia contraceptiva do progestagênio (nome dado às substâncias artificiais com propriedades biológicas semelhantes à progesterona natural produzida pelos ovários e pela placenta), responsável pelos efeitos contraceptivos.as pílulas combinadas usavam estrogênio sintéticos. Segundo a presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Maria Celeste Wender, a dificuldade de entrar um estrogênio natural na pílula combinada era pelo fato de serem menos potentes, exercerem menor controle no sangramento.Nova pílulaA nova pílula anticoncepcional, chamada Nextela, foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2023 e já é disponibilizada em diferentes localidades do mundo, como Canadá, Estados Unidos e Japão. O contraceptivo tem associação do estetrol, estrogênio idêntico ao natural, à drospirenona.O estudo clínico com o Nextela aconteceu com 3.417 mulheres, norte-americanas e europeias, dos 16 aos 50 anos.Como age?O estetrol é produzido pelo fígado fetal durante a gravidez, estando presente no sangue materno e no plasma fetal nas primeiras semanas de gestação. Para fins farmacológicos, ele é produzido a partir de fontes vegetais. o estetrol não tem múltiplas passagens pelo fígado, consequentemente tem menor efeito adverso no corpo. BenefíciosEm comparação com outras pílulas contraceptivas, pacientes que usaram o medicamento apresentaram menos inchaço, edema, dor nas mamas, variação do peso corporal e melhor controle da pressão arterial.Segundo estudo realizado, com mais de 300 mulheres, após três meses de uso da medicação, houve uma redução de 2 quilos ou mais, conforme relato de 30,7% das participantes. Em seis meses, essa redução de peso saltou para 36,7% das mulheres. Também não houve impacto na libido.Estudos sugerem ainda um provável menor risco de tromboembolismo venoso.No Japão, a medicação é aprovada para tratamento de endometriose e de cólica menstrual.ContraindicaçãoNão é indicada nos primeiros seis meses de amamentação; em pacientes com antecedentes de trombose, hipertensas, diabéticas com complicações e com histórico de câncer de mama. Como é um medicamento que deve ser usado sob prescrição médica, é importante ler a bula antes.Fonte: Libbs Farmacêutica e pesquisa A Tribuna.

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