
Um novo conjunto de documentos recentemente desclassificados, conhecidos como “Arquivos JFK”, trouxe à tona evidências de que o aparato de inteligência dos Estados Unidos empregou estratégias de manipulação midiática e possíveis ataques biológicos para isolar e prejudicar Cuba durante a Guerra Fria. Os registros revelam como as agências militares e de inteligência americanas utilizaram a imprensa, epidemias e restrições econômicas para minar o governo revolucionário de Fidel Castro.
Campanhas midiáticas e pressão diplomática
Um documento classificado como “secreto”, identificado como DA Memo 64, detalha uma operação coordenada pela estação de inteligência dos EUA na Cidade do México para disseminar informações sobre surtos de febre aftosa e varíola em Cuba. Essa estratégia visava desencorajar a participação de arquitetos mexicanos no Congresso da União Internacional de Arquitetos, realizado em Havana, em um esforço para limitar a influência cubana no cenário internacional. De acordo com o documento, 52 dos 60 arquitetos mexicanos inicialmente inscritos desistiram de comparecer devido às supostas ameaças sanitárias.
Ainda não está claro se essas epidemias foram reais ou se a campanha de desinformação teve êxito em propagar a falsa ideia de uma crise sanitária. Além disso, não há confirmação sobre se os surtos ocorreram naturalmente ou se foram deliberadamente provocados como parte de um programa de guerra biológica.
Uso de armas biológicas contra Cuba
Pesquisadores indicam que a utilização de armas biológicas contra Cuba pode ter sido uma prática da inteligência dos EUA. O mesmo documento faz referência a uma tentativa do Departamento de Defesa de liberar carrapatos infectados no território cubano para enfraquecer a mão de obra da indústria açucareira, vital para a economia do país.
A ofensiva contra Cuba também incluiu uma ampla campanha para evitar que eventos internacionais ocorressem na ilha. Os documentos mostram que os EUA pressionaram arquitetos argentinos a boicotarem o Congresso de Havana e coordenaram ações com uma estação de inteligência no Brasil para impedir viagens ao país.
Restrições econômicas e controle de propaganda
Outra seção dos arquivos detalha como os EUA dificultaram a entrada de recursos financeiros em Cuba. O Departamento de Estado impediu a compra de aviões pela Cuban Airlines, enquanto o Departamento do Tesouro restringiu o envio de remessas de cubanos exilados nos EUA para seus familiares em Cuba.
Já a seção intitulada “Controle do Movimento de Propaganda” aparece quase completamente em branco, com apenas uma inscrição manuscrita ilegível, sugerindo que certas informações podem ter sido propositalmente omitidas.
Preocupações com a influência cubana na América Latina
Os documentos mostram que, nos meses anteriores ao assassinato de John F. Kennedy, em novembro de 1963, os altos escalões da inteligência militar americana estavam cada vez mais preocupados com a influência de Cuba na América Latina. A revolução liderada por Fidel Castro, que derrubou o regime de Fulgencio Batista em 1959, e a subsequente aliança de Cuba com a União Soviética foram vistas como ameaças diretas aos interesses dos EUA na região. Isso culminou na Crise dos Mísseis de 1962, um dos momentos mais tensos da Guerra Fria.
Paralelos com a atualidade
As conexões entre agências de inteligência e surtos de doenças continuam sendo um tema de debate. Em 2023, denunciantes alegaram que a CIA teria oferecido incentivos financeiros para analistas alterarem suas conclusões sobre a origem da COVID-19. Em janeiro de 2025, a narrativa sobre a pandemia mudou para favorecer a teoria do vazamento de laboratório, ligando o início do surto ao Instituto de Virologia de Wuhan, que teria contado com apoio dos EUA.
A divulgação dos “Arquivos JFK” reforça um histórico de operações clandestinas realizadas pelo governo dos Estados Unidos, levantando questionamentos sobre o papel das agências de inteligência na manipulação de crises internacionais.
Com informações de Cuba Debate e The Dallas Express
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