Lula critica pedidos de anistia e destaca avanços comerciais no Vietnã

Durante visita ao Vietnã, neste sábado (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou sobre os pedidos de anistia feitos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e parlamentares da oposição. Bolsonaro é réu, ao lado de sete aliados, em processo no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.

Ao ser questionado sobre o tema, Lula afirmou que a anistia não é uma questão urgente. “Tenho certeza que a anistia não é um tema principal para ninguém, a não ser para quem está se culpabilizando”, declarou. O presidente reforçou que evitou tratar do assunto com os presidentes da Câmara, Hugo Mota (Republicanos-PB), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), durante a viagem, e que pretende abordá-lo apenas quando retornar ao Brasil.

Lula criticou o movimento da oposição em favor da anistia e destacou que Bolsonaro sequer busca se defender. “É impressionante que os advogados do cidadão que está pedindo anistia não digam para ele que primeiro precisam absolvê-lo. Se for absolvido, não precisa de anistia. Mas já tratam como se ele fosse culpado. Ele não quer nem se defender porque sabe, no subconsciente, que fez todas as bobagens das quais está sendo acusado”, disse.

Neste domingo (30), movimentos sociais, como as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, realizam atos em diversas capitais contra a anistia e em defesa da prisão de Bolsonaro. As manifestações também lembrarão os 61 anos do Golpe Militar de 1964.

Comércio com o Vietnã

Ainda no Vietnã, Lula discursou no encerramento do Fórum Brasil-Vietnã e afirmou que deseja transformar o Brasil na “porta de entrada” do país asiático para o comércio na América Latina. O presidente pretende firmar acordos entre o Vietnã e o Mercosul assim que assumir a presidência do bloco.

“Os países do Sudeste Asiático correspondem a quase 6,5% do PIB mundial, em paridade de poder de compra. A negociação de um acordo Brasil-Vietnã, que o Brasil pretende lançar ao assumir a presidência do Mercosul, também contribuirá para esse objetivo”, afirmou.

O presidente ressaltou que a parceria já trouxe resultados, como a abertura do mercado vietnamita para a carne bovina brasileira e o Plano de Ação para Implementação da Parceria Estratégica, que busca ampliar o comércio bilateral para US$ 15 bilhões até 2030.

“A abertura do mercado vietnamita para a carne bovina brasileira permitirá a instalação de plantas de processamento no país, reforçando o papel do Vietnã como porta de entrada dos produtos brasileiros para a Ásia. Uma empresa brasileira vai investir US$ 100 milhões para processamento de carne aqui no Vietnã”, destacou Lula.

O presidente também mencionou que está em curso uma negociação para a venda de aviões da Embraer ao Vietnã, embora o acordo ainda não tenha sido formalizado.

Relações com os Estados Unidos

Na coletiva de imprensa, Lula abordou as relações comerciais com os Estados Unidos e criticou a postura protecionista do presidente Donald Trump, que tem imposto tarifas a produtos brasileiros. Apesar das divergências, Lula afirmou estar disposto ao diálogo.

“Na hora que eu sentir necessidade de conversar com o presidente Trump, não terei nenhum problema de ligar para ele. Assim como espero que ele também não tenha problema em ligar para mim. No exercício da presidência, colocamos os interesses do Estado na mesa, não as nossas questões ideológicas”, disse.

O presidente ressaltou que pretende esgotar as vias diplomáticas antes de recorrer à Organização Mundial do Comércio ou adotar medidas de retaliação.

Ao falar sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia, Lula surpreendeu ao elogiar a postura de Trump na busca por um cessar-fogo, apontando que deveria ser um papel assumido anteriormente por Joe Biden.

“A conversa para ter paz é colocar Putin e Zelensky em torno de uma mesa, com quem eles convidarem para participar, parar de atirar, começar a plantar comida e discutir paz”, afirmou.

Com o fim da visita ao Vietnã, Lula encerrou uma semana de agendas na Ásia, consolidando acordos comerciais e fortalecendo a presença do Brasil no mercado internacional.

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