Negros e indígenas em cargos de liderança no Executivo Federal sobe a 39%

Mesmo sendo a maioria da população brasileira, os negros, somados aos indígenas, ocupam apenas 39% dos cargos de liderança no Poder Executivo Federal. Apesar disso a condição já foi pior, uma vez que nos últimos 25 anos (1999 e 2024) até se chegar a esta composição de cerca de quatro em cada dez cargos públicos de liderança, houve o crescimento de 17 pontos percentuais neste grupo (passou de 22% para 39%).

O resultado faz parte de estudo com um período ainda mais amplo de análise chamado de Lideranças Negras no Estado Brasileiro (1995-2024), realizado pelo Núcleo de Pesquisa e Formação em Raça, Gênero e Justiça Racial (Afro-Cebrap), com divulgação nesta sexta-feira (28).

Não é de surpreender que os homens brancos continuem a representar sozinhos grande fatia dos cargos de liderança, 35%.

Ministérios

A composição dos cargos em ministérios ainda traz desafios em algumas áreas. O estudo destaca que o perfil pouco mudou ao longo dos anos: “Um exemplo é o Ministério da Fazenda, que durante toda a série temporal atribui pouco mais da metade do seu quadro de lideranças a homens brancos: 50% são compostos pelo grupo atualmente.”

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A situação é similar no Ministério das Relações Exteriores com 51% dos cargos de liderança ocupados por homens autodeclarados brancos e amarelos, assim como no Ministério do Planejamento e Orçamento (45%) e Justiça e Segurança Pública (45%).

Já onde lideranças masculinas negras e indígenas alcançam maior participação ocorre no Ministério dos Povos Indígenas, com 39%. E as lideranças femininas negras e indígenas: Cultura (22%), Povos Indígenas (22%), Esporte (21%), Educação (21%) e Gestão e Inovação em Serviços Públicos (21%).

Entrevistas

Em 2024, os pesquisadores realizaram entrevistas com 20 lideranças autodeclaradas negras (pretas ou pardas de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), sendo dez homens e dez mulheres com cargos entre 1994 e 2024 como o de ministros, secretários, assessores, em chefias e diretorias e coordenações no Executivo Nacional.

Na avaliação dos resultados feita pela coordenadora da pesquisa, a socióloga e professora da Universidade Federal Fluminense, Flavia Rios, os entrevistados possuem alta qualificação formal dentro e fora do Brasil. Ela também observa que a maioria tem origem nas classes populares e utilizou como exemplo, na coletiva de apresentação dos resultados, a seguinte indicação feita nas entrevistas: ‘Eu sou embaixador, meu pai era pedreiro’.

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Rios e equipe ainda captaram nas entrevistas os obstáculos enfrentados por muitos ao ocuparem cargos de liderança, inclusive em situações constrangedoras onde a pessoa era prontamente atribuída a outro cargo que não o seu, sendo até mesmo barrada em eventos oficiais pela cor da pele.

Como ponto comum indicado pelos entrevistados está a defesa de ações afirmativas como a das cotas para ingresso no serviço público.

Acesse aqui o estudo completo que tem apoio da Fundação Lemann e da Imaginable Futures.

*Com informações Agência Brasil

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