
Na madrugada desta sexta-feira, aviões de guerra israelenses atingiram o bairro de Hadath, nos subúrbios ao sul de Beirute, marcando o primeiro bombardeio à capital libanesa desde o cessar-fogo de 27 de novembro. O alvo, segundo o exército israelense, foi uma instalação do Hezbollah usada para armazenar drones. A ação destruiu um prédio residencial, danificou lojas e deixou escombros em uma área densamente povoada.
As tensões estão aumentando no Líbano, com o acordo de cessar-fogo firmado em 27 de novembro cada vez mais ameaçado. Moradores relataram surpresa com a profundidade do ataque dentro do território libanês.
“É a primeira vez desde novembro que Israel ataca Beirute, e as pessoas não esperavam que isso acontecesse”, relatou um correspondente local. Apesar do trauma, não houve pânico generalizado: “Os libaneses estão acostumados a viver na corda bamba”, observa David Wood, do International Crisis Group.
O cessar-fogo de novembro sempre foi uma ilusão. Israel manteve ocupações no sul do Líbano; o Hezbollah, sua estrutura militar. Agora, com Beirute no alvo, a região enfrenta um dilema: aceitar a “pax israelense” imposta por bombas ou mergulhar em um novo ciclo de violência. “Enquanto houver milícias e ocupação, a guerra só estará adormecida”, diz Sami Nader, diretor do Instituto Levante para Assuntos Estratégicos, à Aljazira.
Presidente libanês denuncia violação do cessar-fogo
O presidente do Líbano, Joseph Aoun, declarou que os ataques israelenses em Beirute representam uma violação contínua do acordo mediado por França e EUA. Em postagem no X, ele apelou à comunidade internacional para conter as ações de Israel e garantir o cumprimento do acordo.
Aoun ainda classificou os ataques como uma “tentativa maliciosa de arrastar o Líbano de volta ao ciclo de violência”, reforçando que o país manterá sua soberania.
Em Paris, ao lado de Emmanuel Macron, ele exigiu ação internacional: “A comunidade global deve impedir que Israel ignore as resoluções da ONU”. Macron ecoou: “Esses ataques fazem o jogo do Hezbollah e minam a soberania libanesa”.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, ordenou ao exército que “prenda os responsáveis” pelos foguetes lançados contra Israel — gesto visto como tentativa de acalmar a crise. Mas, com o Hezbollah negando autoria, a investigação promete ser mais um capítulo de acusações mútuas.
Presença militar
Horas antes, Israel havia emitido alertas de evacuação forçada para a região, estratégia usual antes de ataques. O Hezbollah nega envolvimento nos foguetes lançados contra o norte de Israel no último sábado, mas o governo de Benjamin Netanyahu justificou o ataque como resposta a uma “grave violação” da trégua.
Israel alega alvos militares e reforça ameaças
O exército israelense afirmou que o ataque foi direcionado a uma instalação de armazenamento de drones do Hezbollah. Em resposta, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que Israel continuará atacando qualquer local no Líbano para conter ameaças e impor o cessar-fogo.
“A equação mudou – o que aconteceu antes dos ataques de 7 de outubro não será repetido”, declarou Netanyahu.
Reação internacional e preocupação com escalada do conflito
A reação dos EUA, até agora silenciosa, é aguardada com tensão. Durante a trégua, Washington havia garantido ao Líbano que Beirute não seria alvo. Agora, a postura americana pode definir se o conflito escalará. “Vão repetir o discurso de ‘direito à defesa’ ou conter Netanyahu para proteger aliados libaneses?”, questiona Ali Rizk, jornalista em Beirute.
A França, historicamente mediadora, criticou a ação israelense, mas também cobrou o Líbano: Macron exigiu que o Hezbollah evite “provocações unilaterais” e que o exército libanês assuma o controle total do sul do país, conforme a Resolução 1701 da ONU. Até agora, porém, a presença do grupo xiita na fronteira persiste — assim como a ocupação israelense em cinco pontos do território libanês.
O presidente francês Emmanuel Macron classificou os ataques como “inaceitáveis” e alertou que a ação israelense pode fortalecer o Hezbollah. Ele reiterou que todas as partes devem cumprir suas obrigações e exigiu a retirada das tropas israelenses do sul do Líbano.
Com a situação cada vez mais instável, cresce o temor de uma nova fase da guerra entre Israel e Hezbollah, ameaçando a frágil estabilidade regional.
Com informações da Aljazira
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