Tarifas de Trump causam caos na indústria automotiva dos EUA

O novo pacote tarifário anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs uma alíquota de 25% sobre a importação de carros e peças automotivas e provocou uma crise imediata na indústria automobilística norte-americana e global. A medida, que entra em vigor em 2 de abril, gerou queda nas ações das montadoras, reação de aliados estratégicos dos EUA e alertas sobre alta nos preços e possível retração da produção.

De acordo com a consultoria Bernstein, o impacto anual pode ultrapassar US$ 110 bilhões em custos adicionais para as fabricantes. A General Motors e a Ford registraram quedas de até 8,2% nas bolsas, com estimativas de redução de 30% nos lucros em 2025, mesmo com reajuste de preços e tentativa de reorganização da cadeia de suprimentos.

Quase metade dos veículos vendidos nos EUA é importada. Mesmo os montados no país utilizam, em média, 60% de componentes fabricados no exterior. A tarifa afeta também itens como motores e transmissões, e poderá ser estendida a outras autopeças, segundo a Casa Branca. O Bank of America estima que o preço de alguns modelos pode subir em até US$ 10 mil.

A decisão de Trump atinge diretamente parceiros comerciais estratégicos. Japão, Coreia do Sul, México, Canadá e Alemanha são responsáveis por cerca de 75% das importações automotivas dos EUA. Esses países investiram pesadamente em fábricas e infraestrutura produtiva nos EUA, mas não conseguiram evitar a medida.

“Isso é um ataque direto”, afirmou o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney.

“Investimos significativamente nos EUA. Não fazemos isso por qualquer país”, disse o premiê japonês Shigeru Ishiba.

 “As tarifas impactam seriamente os consumidores e trabalhadores de ambos os lados da fronteira”, declarou David Adams, da associação canadense de montadoras.

Montadoras como Toyota, Honda, Nissan, Hyundai, Mazda, Subaru, Volkswagen, Mercedes-Benz e BMW registraram quedas expressivas nas bolsas asiáticas e europeias, com impacto maior sobre fabricantes que operam plantas no México e no Canadá.

A medida frustrou negociações diplomáticas e iniciativas de boa vontade. O Japão havia prometido investir até US$ 1 trilhão nos EUA, incluindo a compra de gás natural liquefeito. A Coreia do Sul anunciou US$ 21 bilhões em novas fábricas. O México, além de reforçar a fronteira com a Guarda Nacional, entregou dezenas de membros de cartéis aos EUA. Nenhuma dessas ações impediu o pacote tarifário.

A União Europeia também reagiu. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou a decisão como “ruim para os negócios e pior para os consumidores”. O ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, defendeu uma “resposta firme da UE”.

Segundo analistas da S&P Global Mobility, montadoras que não pertencem às “Três Grandes” dos EUA (GM, Ford e Stellantis) têm pouca capacidade produtiva extra no país. “Os preços dos veículos vão subir, sem dúvida. A questão é quando, como e quanto”, afirmou Michael Robinet, da consultoria.

Empresas estão tentando antecipar embarques e adaptar a produção. No entanto, o consenso no setor é de que, se as tarifas forem mantidas, o resultado será uma reorganização forçada das cadeias globais de valor e o encarecimento do transporte individual nos EUA.

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