Brasil e Vietnã selam plano estratégico até 2030 e ampliam parcerias econômicas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializou nesta sexta (28), durante visita de Estado ao Vietnã, o Plano de Ação Conjunta Brasil–Vietnã 2025–2030, ao lado do presidente do país, Luong Cuong. O documento marca um novo patamar na parceria estratégica entre os dois países e reúne iniciativas de cooperação em comércio, ciência, defesa, meio ambiente e integração sociocultural.

“Adotamos um plano de ação abrangente para o período 2025-2030, que nos ajudará a avançar em diversas áreas”, declarou Lula, em pronunciamento oficial.

A visita integra uma ampla ofensiva diplomática do governo brasileiro para fortalecer relações com economias socialistas emergentes e reforçar o papel do Sul Global na reconfiguração da ordem internacional. 

Durante a passagem por Hanói, Lula se encontrou com os quatro pilares do sistema político vietnamita: o presidente, o primeiro-ministro Pham Minh Chính, o presidente da Assembleia Nacional, Tran Thanh Man, e o secretário-geral do Partido Comunista, Tô Lâm.

Cooperação com valor agregado

O plano bilateral prevê intercâmbio em setores estratégicos como semicondutores, biotecnologia, inteligência artificial, energias renováveis e digitalização industrial. Além disso, foi assinado um memorando que cria o Grupo de Direção de Cooperação Comercial e Industrial, voltado à diversificação da pauta exportadora e ao fortalecimento da capacidade industrial de ambos os países.

“Queremos ampliar a exportação de bens de maior valor agregado, incluindo aeronaves. Espero que a Vietnam Airlines avalie positivamente a oferta da Embraer para jatos da família E-Jets”, disse Lula.

Em Hanói, o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, afirmou que “a expectativa é expandir essa importante cooperação em setores de alto valor agregado” e destacou o potencial de Brasil e Vietnã como “atores essenciais para o fortalecimento do papel da ciência e da tecnologia na promoção do bem-estar social e da sustentabilidade”.

Comércio recorde e integração com o Mercosul

A visita ocorre em meio ao maior fluxo comercial já registrado entre os dois países: US$7,7 bilhões em 2024. A meta conjunta é chegar a US$15 bilhões até 2030. O Vietnã é hoje o principal parceiro comercial do Brasil na ASEAN e já recebe mais exportações brasileiras do que países como Reino Unido, França e Portugal.

“A abertura do mercado vietnamita para a carne bovina brasileira atrairá investimentos de frigoríficos do Brasil para fazer deste país uma plataforma de exportação para o Sudeste Asiático”, afirmou Lula.

O Brasil fornece cerca de 70% da soja importada pelo Vietnã e lidera as exportações de carne suína para o país asiático. Também foram autorizadas recentemente a venda de couro, miúdos e pés de frango.

“Meu governo tem interesse em reconhecer o Vietnã como economia de mercado. Essas e outras medidas vão nos permitir ampliar os fluxos de comércio e de investimento entre nossos países”, disse o presidente.

Lula também ressaltou que a presidência brasileira do Mercosul, que se inicia em julho, atuará para firmar um acordo com o Vietnã que seja “equilibrado e benéfico para os dois lados”.

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Educação, clima e BRICS

O presidente defendeu a cooperação entre universidades e centros de pesquisa, com programas de intercâmbio e inovação. A agenda também incluiu iniciativas conjuntas para adaptação da produção de café aos impactos da crise climática.

“Estamos determinados a ampliar nosso intercâmbio técnico para fortalecer a resiliência da cultura do café”, declarou Lula. Segundo ele, o Vietnã poderá ser beneficiado pelo Fundo Florestas Tropicais para Sempre, proposto pelo Brasil.

Lula convidou o Vietnã a participar da próxima cúpula dos BRICS, no Rio de Janeiro, e da COP30, em Belém. Em seu discurso, criticou o abandono do multilateralismo e alertou para os perigos da nova divisão geopolítica do mundo.

“Ainda que de formas distintas, Vietnã e Brasil sofreram os efeitos da Guerra Fria e sabem que o melhor caminho é o do não alinhamento”, declarou o presidente.

Diplomacia com simbologia socialista

A agenda em Hanói incluiu homenagens a Ho Chi Minh e aos mártires vietnamitas, com deposição de coroas de flores e cerimônia no Palácio Imperial. O gesto reforça os vínculos históricos com um país que é referência no desenvolvimento planejado, com crescimento previsto de 8% em 2025.

“Celebrando o 35º aniversário do estabelecimento de nossas relações diplomáticas, espero que prosseguamos a trajetória de amizade, respeito mútuo e cooperação por mais 35 anos”, concluiu Lula.

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