Vazamentos revelam como o imperialismo dos EUA planeja guerras de agressão

Uma troca de mensagens entre altos funcionários do governo dos Estados Unidos revelou como o imperialismo norte-americano articula guerras de agressão com objetivos geopolíticos e econômicos. O vazamento expôs que o ataque aéreo realizado em 15 de março contra a capital do Iêmen, Sanaã, que deixou ao menos 53 mortos, foi planejado fora dos canais oficiais e sem respaldo em ameaça iminente, contrariando o direito internacional.

A informação veio à tona após o jornalista Jeffrey Goldberg, editor da revista The Atlantic, ser adicionado por engano a um grupo de mensagens no aplicativo Signal. O grupo reunia nomes como o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Defesa Pete Hegseth, o assessor de segurança nacional Michael Waltz e outros membros do alto escalão da administração Trump.

Goldberg acompanhou, em tempo real, o planejamento do ataque e confirmou sua autenticidade após os bombardeios.

Os registros mostram que a operação foi concebida como uma ação de “restauração de dissuasão” e reafirmação do poder global dos EUA. Em uma das mensagens, Hegseth afirma que o bombardeio “não era sobre os Houthis”, mas sim sobre o controle das rotas comerciais no Mar Vermelho e a resposta a declarações contra Israel. 

“Isso [não é] sobre os Houthis. Vejo isso como duas coisas: 1) Restaurar a liberdade de navegação, um interesse nacional central; e 2) Restabelecer a dissuasão, que Biden destruiu”, afirmou o secretário de Defesa.

O episódio expõe violações diretas da Carta da ONU, que proíbe o uso da força sem autorização do Conselho de Segurança ou autodefesa comprovada, e dos princípios das Convenções de Genebra, ao atingir civis e lideranças políticas não envolvidas em combate.

Internamente, também levanta questões sobre a legalidade do uso de aplicativos não oficiais para tratar de operações militares, o que pode configurar infração à Lei de Registros Federais e à Lei de Espionagem, segundo especialistas ouvidos pela própria The Atlantic.

Além do Iêmen, os diálogos revelam discussões sobre a preparação de um conflito com a China. Assessores do governo sugerem formas de provocar uma reação militar de Pequim que possa ser apresentada como “primeiro ataque”, visando justificar uma guerra perante a opinião pública e os aliados. A estratégia remete a episódios históricos como o do Golfo de Tonkin, usado como pretexto para a guerra do Vietnã.

O vazamento também evidenciou o desprezo da cúpula norte-americana pelos países europeus, tratados como “aproveitadores” nas mensagens trocadas. Vance questionou por que os EUA deveriam “salvar a Europa”, enquanto Hegseth classificou a dependência militar do continente como “patética”. Stephen Miller, conselheiro próximo de Trump, sugeriu inclusive que a intervenção no Iêmen fosse usada como moeda de troca econômica com a Europa.

As mensagens foram apagadas após alguns dias, o que também viola normas de preservação de registros públicos. Apesar disso, a autenticidade do grupo foi confirmada oficialmente pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, que classificou o vazamento como “erro” e minimizou os riscos.

O episódio levanta alertas sobre o padrão contínuo de agressões praticadas pelos EUA contra nações do Sul Global. No caso do Iêmen, país mais pobre do Oriente Médio, a guerra já provocou centenas de milhares de mortes desde que a coalizão liderada pela Arábia Saudita — com apoio logístico e de inteligência dos EUA — iniciou os bombardeios em 2015.

A presença de Elon Musk, CEO da empresa militar SpaceX, em reuniões sigilosas com o Pentágono para discutir possíveis alvos na China também foi citada em matérias relacionadas. A atuação direta de empresários no planejamento bélico do governo Trump reforça o papel das corporações no aparato de guerra norte-americano.

A partir dos vazamentos, organizações de direitos humanos e especialistas em direito internacional defendem a investigação do caso por instâncias multilaterais e o monitoramento das ações militares dos EUA, especialmente em contextos sem autorização da ONU.

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