TCE aponta risco do uso da máquina pública e pede suspensão de contratos milionários em Goiana

O município de Goiana, na Zona da Mata Norte do Estado, pode ser abalado por um escândalo administrativo. Atos do prefeito interino, Eduardo Batista, estão na mira da Diretoria de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Um parecer assinado pelo analista Augusto Carlos Diniz Costa Filho recomenda a suspensão imediata de contratos milionários firmados sem licitação e sem publicação no Portal da Transparência pelo prefeito. Também aponta risco de desvio de finalidade e utilização indevida da máquina pública, além de considerar o contexto institucional no município agravado pela proximidade da eleição suplementar, no dia 04 de maio.

Embasado no conjunto probatório e na análise técnica realizada, o documento será peça importante para subsidiar o conselheiro Rodrigo Novaes, relator da representação. O caso, que iria ser apreciado na segunda-feira passado, pode ser julgado a qualquer momento. Se depender do documento, Novaes contará com uma robusta e detalhada análise para tomar sua decisão.

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A gestão municipal, às vésperas do pleito eleitoral, firmou seis contratos emergenciais com empresas privadas, sem comprovar qualquer situação real de emergência, como exige a legislação. Confira abaixo o parecer do TCE na íntegra.

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Eduardo Batista é candidato a prefeito e enfrenta Marcilio Régio (PP), que tem o apoio do ex-prefeito Eduardo Honório. Batista já foi aliado de Honório, mas a informação que circula em Goiana é que ele traiu a parceria política Honório com foco em assumir a prefeitura de Goiana.

EVIDÊNCIAS

As contratações, somam mais de R$18 milhões por mês, todas fundamentadas em dispensa de licitação na forma do art. 75, VIII da Lei 14.133/21, amparadas no Decreto Municipal nº 003/2025, que declarou situação de emergência administrativa após a exoneração de todos os cargos comissionados.

Um dos contratos, celebrado com a Secretaria de Saúde, chega a R$7,6 milhões por mês, enquanto os demais variam entre R$2,4 e R$5 milhões mensais, todos com duração de apenas 180 (cento e oitenta) dias.

O órgão técnico do TCE avalia que a justificativa apresentada pela Prefeitura é vaga e genérica e não atende aos critérios legais de urgência ou imprevisibilidade exigidos pela nova Lei de Licitações (Lei nº 14.133/2021).

O analista Augusto Filho informa em seu parecer, entre outras questões, que “a situação de Goiana extrapola os limites de mera gestão administrativa, “atingindo aspectos sensíveis da regularidade fiscal e da moralidade administrativa”.

O analista vai além e afirma: “As evidências demonstram afronta aos princípios da legalidade, moralidade e transparência, com risco fiscal elevado e possibilidade de desvio de finalidade em contexto eleitoral”.

Diante de tudo isso, recomenda três medidas. A primeira delas é a suspensão dos efeitos administrativos e financeiros de seis contratos firmados com duas empresas fornecedoras de mão de obra. Sugere também que a prefeitura se abstenha de realizar novas contratações emergenciais similares até “ulterior deliberação do TCE”. E, por fim, manda que preste as informações necessárias, em prazo a ser definido pelo relator, para subsidiar a instrução definitiva do feito, que segundo a auditoria não foi publicada no Portal Nacional de Contratações Públicas e nos meios oficiais da Prefeitura.

Fechando o parecer, recomenda posterior instauração de Auditoria Especial, visando à apuração detalhada das condutas administrativas e contratuais adotadas pela gestão municipal no contexto da decretação de emergência e da execução das contratações emergenciais.

O parecer da Diretoria de Controle Externo atende representação, com pedido de Medida Cautelar, do vereador de Goiana, Carlos Viegas Júnior, autor da denúncia.

A par de todas as evidências realçadas pelo órgão técnico do TCE, cabe, agora, ao Conselheiro Rodrigo Novaes apreciar o Pedido de Medida Cautelar, para conceder a liminar e reconhecer as irregularidades apontadas, ou negá-la, chancelando todas as contratações e os respectivos valores a serem despendidos.

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