Veja as doenças que causam esquecimento e afetam pacientes acima dos 50 anos

Esquecer onde colocou as chaves ou de responder uma mensagem é algo que pode acontecer com qualquer pessoa. Até porque o cérebro, apesar de ter funções definidas e processar diversas informações, não é uma máquina. Mas há casos em que o esquecimento pode ser um problema. Ainda que haja uma forte associação entre o esquecimento e doenças como as demências (Alzheimer, demência vascular, frontotemporal e com corpos de Lewy), outras condições podem ocasionar falhas na memória e afetar pessoas mais jovens, até mesmo com 50 anos, como a depressão, hipotireoidismo e deficiência de vitamina B12.“A depressão, por exemplo, pode levar a um quadro chamado de pseudodemência, em que a pessoa tem dificuldade de concentração, parece esquecida, mas, na verdade, o problema está mais relacionado à falta de atenção e motivação”, explica o neurologista do Hospital São José e professor de Medicina do Unesc, Fábio Fieni. Já a endocrinologista Sabrina França comenta sobre o hipotireoidismo, disfunção que ocorre na tireoide. “Se for uma deficiência importante da levotiroxina, hormônio da tireoide, a pessoa pode ter problema de memória e de raciocínio”. Também há mais casos de perda de memória e de atenção relacionados à infecção pela covid-19, aponta a neurologista Soo Yang Lee. “Nesses casos, os mais jovens vão estar mais comprometidos. Na maior parte das vezes, essa perda de memória é reversível. Mas vemos pacientes que mantêm, até hoje, esses sintomas de lentificação do raciocínio”.Algumas dessas condições, segundo o neurologista Guilherme Coutinho, do Hospital Santa Rita, podem ser combatidas com mudanças no estilo de vida, enquanto outras podem exigir tratamento médico.A geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Espírito Santo (SBGG-ES), Daniela Barbieri, ressalta ainda que, além da qualidade do sono, que interfere na memória e no raciocínio em geral, muitas pessoas estão ficando com a atenção prejudicada com o uso excessivo de telas e ferramentas de comunicação rápida.Esquecimento constante

Miriele Griffo já esqueceu senhas de cartões, números de CPF e RG, e até mesmo onde guardou dinheiro

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Fábio Nunes/AT

Esquecer senhas de cartões, número do CPF e RG são algumas das situações que a comerciante Miriele Griffo, de 47 anos, já teve de enfrentar por causa do hipotireoidismo. Ela descobriu a doença quando era mais nova. Durante muito tempo fez o tratamento com o medicamento indicado para seu caso, mas decidiu, por conta própria, suspendê-lo. “Achei que estivesse boa, pois não sentia nada”. “Eu estava sempre esquecida, mas achei que fosse porque eu bebia cerveja. Até que resolvi parar de beber por medo de demência”.“Esta semana, por exemplo, meu marido achou R$ 300 que eu guardei no início do ano passado e eu não lembrava onde tinha colocado. Estou à espera de encontrar R$ 200 reais que guardei no Natal. Sei que uma hora vai aparecer”.A comerciante conta que já esqueceu a senha do banco e precisou recorrer às filhas. O que antes era fácil de lembrar, como datas comemorativas, se tornou um desafio. Miriele pontua ainda que as consequências do problema na tireoide vão além da memória. No ano passado ela sofreu dois infartos: um em junho e outro em setembro, e precisou colocar um stent no coração.“Se eu tivesse me tratado, hoje não estaria passando por nada disso. Mas no fundo eu nem imaginava o que um problema na tireoide traz, quando não é cuidado”. DOENÇAS QUE CAUSAM ESQUECIMENTODemências> As principais doenças associadas ao esquecimento e à perda de memória são as demências, que afetam mais idosos, com destaque para o Alzheimer, a enfermidade mais comum. > Outras causas incluem a demência vascular – que ocorre por pequenos AVCs-, a demência frontotemporal – que afeta mais o comportamento e a linguagem do que a memória no início-, e a demência com corpos de Lewy, que pode causar alucinações e alterações motoras junto com os problemas cognitivos, explica o neurologista do Hospital São José e professor de Medicina do Unesc, Fábio Fieni.Hipotireoidismo> O hipotireoidismo é uma disfunção na tireoide (glândula que regula importantes órgãos do organismo), que se caracteriza pela queda na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina). É mais comum em mulheres, mas pode acometer qualquer pessoa, independente de gênero ou idade, até mesmo recém-nascidos. > A endocrinologista Sabrina França explica que a falta desse hormônio, dependendo do nível de deficiência da levotiroxina (hormônio da tireoide), pode ocasionar problemas de cognição, memória, concentração e raciocínio. > A pessoa pode apresentar, por exemplo, problemas de leitura e interpretação de texto. Mas se a deficiência desse hormônio for mais leve, o impacto na memória pode ser bem menor.Depressão> Depressão crônica não tratada aumenta o risco de demência, segundo explica a neurologista Soo Yang Lee. > A depressão pode levar a um quadro chamado de pseudodemência, de acordo com o neurologista Fábio Fieni, em que a pessoa tem dificuldade de concentração, parece esquecida, mas, na verdade, o problema está mais relacionado à falta de atenção e motivação. Ansiedade intensa também pode prejudicar a memória, já que o cérebro fica constantemente em estado de alerta, dificultando a retenção de informações.Insônia> O sono de boa qualidade é fundamental para o processamento adequado das informações e consolidação da memória. A insônia e a apneia obstrutiva do sono prejudicam a atenção, o funcionamento cognitivo global e a consolidação da memória, explica a geriatra e presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Espírito Santo (SBGG-ES), Daniela Barbieri. > A insônia crônica, assim como a privação de sono, pode, em longo prazo, aumentar o risco de demência, aponta a neurologista Soo Yang Lee.Deficiência de vitamina B12> A vitamina B12 está relacionada com a produção (síntese) de neurônios (células do cérebro). Sua deficiência pode comprometer o funcionamento cerebral e levar a esquecimentos.Álcool> O consumo excessivo de álcool é outro fator relevante para problemas de memória de forma temporária ou crônica, segundo o neurologista Fábio Fien, podendo causar tanto déficits cognitivos transitórios quanto quadros mais graves.Pós-covid> Há também casos de perda de memória e perda de atenção relacionados à infecção pelo covid-19. Na maior parte das vezes, segundo a neurologista Soo Yang Lee, o esquecimento e a perda de memória provocada pelo covid é reversível, mas há pacientes que mantêm esse quadro.Fonte: Especialistas consultados e pesquisa A Tribuna.

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