Quem faz caminhada ao redor do Bosque dos Buritis ou passa de carro pela Alameda dos Buritis, no Setor Oeste, deve ter visto as placas metálicas envolvendo o prédio onde funcionava a Assembleia Legislativa de Goiás. A sede do Legislativo goiano agora funciona perto da BR-153. Desde esta mudança que eu já pensava em ir até o antigo prédio do Legislativo goiano para ver se retiraram o busto do Alfredo Nasser, que ficava na entrada principal. Passei de carro pela Alameda dos Buritis, mas as placas metálicas impediram de ver o que estava do outro lado. O jeito era voltar outro dia.
Sábado passado decidi parar o carro bem em frente ao histórico prédio. Entre uma placa metálica e outra, espiei para ver se o busto estava lá. Sim, o busto do Alfredo Nasser permanecia pendurado. Alguém retirou os óculos. Abaixo do monumento, restos de materiais de construção. Sinais das obras de reforma do prédio que, dizem, será a futura sede do Tribula de Contas do Município. Foi triste ver o abandono. Não tiveram o cuidado de retirar o busto e guardá-lo para ser preservado. É revoltante como historiador ver a homenagem prestada a um dos mais importantes políticos do nosso estado, o “líder das oposições goianas”, estar abandonada, carecendo de manutenção e de preservação da sua memória. Alfredo Nasser não empresta apenas o rosto ao busto pendurado na entrada da antiga sede da Assembleia, mas também o nome para o palácio por onde muitos anos as leis goianas foram votadas, onde o corpo de Pedro Ludovico, seu maior opositor, foi velado.
Nasser nasceu em Caiapônia, interior de Goiás, no dia 30 de abril de 1905. Foi advogado, jornalista, mas a política sempre falou mais alto. Ele foi deputado, senador e se tornou grande adversário de Pedro Ludovico Teixeira, interventor federal. Em 1961, durante o regime parlamentarista, Alfredo Nasser foi convidado pelo então premier Tancredo Neves para assumir o Ministério da Justiça. Foi em sua gestão que se lançou a pedra fundamental do Palácio da Justiça, em Brasília. Após o retorno do presidencialismo, Nasser retomou seu mandato de deputado federal, que não foi concluído porque seu frágil coração parou de bater no dia 21 de novembro de 1965. Em uma de suas últimas campanhas eleitorais, Alfredo Nasser disse: “prefiro perder por falta de dinheiro a ganhar por falta de vergonha”.
A Assembleia Legislativa saiu do Setor Oeste para um prédio moderno, perto da BR-153. Foi rebatizado como Palácio Maguito Vilela, justa homenagem ao ex-governador e ex-deputado estadual. Mas, não se pode abandonar o busto que, durante muitas décadas, recordava para quem chegava à sede da Assembleia, Alfredo Nasser, o líder das oposições. Quem caminha pelo bosque ou passa pela alameda vê as placas metálicas que envolvem a antiga sede da Assembleia Legislativa de Goiás, mas não vê o busto de Alfredo Nasser.
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