O maior temor de Bolsonaro ao saber da permanência de Eduardo nos EUA

Por Bela Megale

Do jornal O Globo

Não foram poucas as tentativas feitas por Jair Bolsonaro para convencer Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a permanecer no Brasil.

Em diversas conversas que teve com o deputado federal, nos últimos dias, o ex-presidente apresentava um temor ao filho. Afirmava que ele ficaria com a pecha de “frouxo” e que perderia capital político com a decisão.

Os mesmos argumentos foram levados a Eduardo por lideranças do PL, que souberam da posição do deputado na noite de sábado. O quarto de hotel reservado para o filho de Bolsonaro para recebê-lo na manifestação pela anistia, realizada em Copacabana no domingo (16), ficou vazio. Ao ligarem para Eduardo para questionar a ausência, o filho do ex-presidente revelou aos organizadores do ato que não pretendia voltar.

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O parlamentar justificou a escolha de ficar nos Estados Unidos por tempo indeterminado usando o argumento de que seria perseguido politicamente.

Naquele momento, lideranças do partido se uniram a Jair Bolsonaro e fizeram uma força-tarefa para tentar convencê-lo voltar ao país.

A última vez que Bolsonaro e membros do partido buscaram convencer o deputado da ideia de não se licenciar de seu mandato ocorreu na terça-feira (18), pela manhã. Depois disso, o ex-presidente jogou a toalha e aceitou a decisão do filho.

Então, um pedido foi feito por lideranças do PL e pelo próprio Bolsonaro a Eduardo. A solicitação era que ele não divulgasse a notícia nas suas redes sociais. O plano era que a própria sigla encontrasse um meio para comunicar a decisão reduzindo os danos. O deputado não obedeceu.

Enquanto ocorria em Brasília a reunião de líderes da Câmara, Eduardo divulgou o vídeo no qual anunciava seu pedido de licença e a decisão de ficar nos EUA. Depois, ele concedeu uma entrevista ao canal do YouTube da Revista Timeline. No programa, chorou. Do Brasil, Bolsonaro viu a cena e caiu em prantos.

A manifestação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, contra a apreensão do passaporte de Eduardo foi feita pouco depois do anúncio do deputado. O posicionamento estava alinhado com o recado que interlocutores do PL com o Judiciário já tinham recebido.

Posteriormente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes negou o pedido do PT para apreender o passaporte do filho de Bolsonaro. A decisão favorável a Eduardo foi vista, porém, pelo clã Bolsonaro e por parte dos correligionários do PL como uma espécie de pegadinha. A leitura é que a negativa para apreender o passaporte do parlamentar só teria vindo para esvaziar a justificativa de Eduardo para ficar nos EUA.

Com isso, Jair Bolsonaro passou a apoiar a decisão do filho de permanecer no exterior.

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