Remédios vão ficar mais caros a partir de 1º de abril

Joacyr Pereira Junior gasta aproximadamente R$ 1.800 todo mês com medicamentos para ele e a esposa

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Por mês, o aposentado Joacyr Pereira Junior, de 74 anos, gasta aproximadamente R$ 1.800 com medicamentos para ele e a esposa, de 68 anos. Ambos são cardíacos. Somente ontem, ele pagou R$ 400. Ao final do mês, o aposentado e outros consumidores irão sentir um impacto no bolso, especialmente aqueles que dependem de tratamentos contínuos para manter a saúde em dia.É que a partir do próximo dia 31, os medicamentos devem sofrer um aumento. O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) calcula que o reajuste anual deve variar de 2,60% a 5,06%, com reajuste médio de 3,48%.A definição do teto para esse aumento será feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o fim do mês, seguindo os critérios estabelecidos pelo governo para a regulação dos preços.Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindusfarma, explicou que embora a previsão para o reajuste seja a partir do dia 31, nem sempre ele acontece de forma automática em função da concorrência entre as empresas do setor, que regulam os preços.Ele diz que farmácias que possuem estoques, por exemplo, podem manter preços de alguns medicamentos sem reajustar de imediato. “Dependendo da oferta de estoques e das estratégias comerciais dos estabelecimentos, aumentos de preço podem atrasar”.Com a alta nos preços, a tendência é que cresça a busca por medicamentos genéricos, uma opção mais acessível para quem precisa manter o tratamento sem comprometer tanto o orçamento.Esse movimento deve ser ainda mais intenso entre idosos e pessoas com doenças crônicas, que necessitam de medicação regular.O coordenador-geral do Sindicato Nacional dos Aposentados no Espírito Santo (Sintapi-ES), Jânio Araújo, demonstrou preocupação e teme que idosos deixem de comprar remédios por causa do preço.“Há muito tempo o idoso está tentando fazer uma opção ou para comprar remédios ou alimentação. Lazer, nem se fala mais. O governo federal lançou a nova fase do Farmácia Popular, com 40 medicamentos sem custo, mas a lista não contempla a todos”.Impacto no bolso

Maria da Penha dos Santos não aprovou reajuste

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Sofrendo com artrite, artrose, problemas no joelho e coluna, diabetes e hipertensão, a pensionista Maria da Penha dos Santos, de 66 anos, não gostou de saber do reajuste previsto para os medicamentos ao final do mês.“Eu gasto cerca de R$ 320 com remédios todo mês, valor que só não é maior porque pego alguns de graça”. Ela disse que, por conta dos gastos, abre mão de algumas coisas que gostaria de fazer, como viajar para Montanha.Fala, leitor!

Saiba maisAlerta para reajuste abusivoReajusteO Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) calcula que o reajuste anual de preços de medicamentos deste ano deve variar de 2,60% a 5,06%, com um reajuste médio de 3,48%.Isto significa que o reajuste médio ficará abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) geral, de 5,06% (variação acumulada em 12 meses, de março de 2024 a fevereiro de 2025).CálculoA estimativa se baseia na fórmula de cálculo elaborada pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed).Os índices oficiais ainda serão anunciados pela Cmed, mas o reajuste deve entrar em vigor a partir do próximo dia 31.Será o menor reajuste médio dos últimos sete anos, o que pode impactar negativamente os contínuos e fundamentais investimentos da indústria farmacêutica instalada no País em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e na modernização e construção de novas fábricas, segundo o presidente-executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini.Onde denunciarCaso o consumidor observe um aumento maior do que o previsto, ele deverá denunciar à Cmed por meio dos canais de comunicação da Anvisa. Mais informações no site www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/medicamentos/cmed/precos, bem como em órgãos de defesa do consumidor.Fonte: Sindusfarma.Análise: “Se o aumento for grande, questione”

Janine Rodrigues Bersot, presidente da Comissão de Direito do Consumidor da OAB-ES

“Quando se trata de reajuste de preços de medicamentos, é fundamental que o consumidor esteja atento a alguns pontos para evitar ser enganado na hora da compra.Por exemplo, fique atento às variações de preços entre diferentes farmácias. Comparar os valores pode ajudar a identificar aumentos abusivos.Os preços dos medicamentos são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e devem estar disponíveis para consulta.Sempre solicite uma nota fiscal e verifique se o preço do medicamento está correto. Isso é importante para garantir seus direitos como consumidor. Se o aumento for muito acima do informado, questione.A legislação brasileira garante que o consumidor não seja prejudicado com práticas abusivas. Estar bem informado e ficar atento às práticas comerciais pode ajudar a minimizar o impacto dos reajustes e garantir que seus direitos sejam respeitados”.

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