Homem que furtou réplica da Constituição no 8 de janeiro é preso pela Polícia Federal

Condenado em fevereiro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 17 anos de prisão, Marcelo Fernandes Lima foi pelo pela Polícia Federal na quinta-feira, 20, em São Lourenço, no Sul de Minas Gerais. O homem, condenado por participação nos atos antidemocráticos, confessou em depoimento dado à PF que pegou a réplica da Constituição no prédio do Supremo “para que não fosse destruída” durante os ataques.

No depoimento obtido pela EPTV Sul de Minas, afiliada da Rede Globo, Lima narra que passava em frente do Congresso e do Palácio do Planalto, mas não entrou no local. Apesar disso, ao chegar ao STF viu que várias coisas e vidros já tinham sido quebrados e viu três pessoas saindo do local com um livro grande nas mãos.

“Eles gritavam: ‘Vamos rasgar, vamos rasgar’. […] O declarante percebeu que se tratava de um exemplar da Constituição Federal e, como nunca teve qualquer intenção de depredar coisa nenhuma, achou aquilo um absurdo e tomou o livro das mãos daquelas pessoas, para que não fosse destruído”, cita a transcrição do depoimento.

Ele segue dizendo ainda que como não sabia o que fazer com o livro, levou a Constituição para casa.

Relembre o ataque

Foi quase um passeio de uma hora e meia do quartel-general do Exército – a oito quilômetros do local do crime – até o interior dos três prédios públicos mais importantes do País. A facilidade com que entraram nas instalações, quebraram vidraças e destruíram janelas, quadros, poltronas e todo o mobiliário só não foi maior do que a vergonha que o Brasil enfrentou diante da comunidade internacional. A reputação do resto de civilidade que o País tinha mundo afora depois desse quatro anos de desgoverno se evaporava enquanto os “cidadãos terroristas de bem” filmavam o próprio ato de vandalismo.

Exatamente uma semana após a vitória da democracia – a posse de todo presidente democraticamente eleito é sempre uma glória para um país –, a mesma rampa pela qual subiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era invadida por esses “patriotas” criados com muito carinho por uma grande parte das autoridades políticas e de segurança.

Leia também: Interino do GSI acredita que investigações podem ligar general Heleno a 8 de janeiro

Menos de uma semana depois, exatamente 1.398 deles foram detidos, triados e encaminhados para os presídios masculino – Centro de Detenção Provisória (CDP), no Complexo Penitenciário da Papuda – e feminino – Penitenciária Feminina (Colmeia) do Distrito Federal. A lista completa de todos eles, com nomes e datas de nascimento, foi disponibilizada pela Polícia Federal e se encontra acessível a qualquer brasileiro.

Antes, porém, de serem levados para o complexo penitenciário, os “patriotas” foram recolhidos no QG e, em dezenas de ônibus, encaminhados, para identificação, a um ginásio da PF, onde ficaram por menos de três dias – portanto, não precisaram aguardar 72 horas. Foi tempo suficiente para, com os mesmos celulares que os incriminaram, fazer vídeos e postar nas redes sociais reclamando do tratamento que estavam recebendo – comida de marmita, falta de energia elétrica, banheiro coletivo, espaço reduzido etc. No mundo paralelo que criaram, trataram a própria situação como a de prisioneiros de um campo de concentração, obviamente ofendendo toda a comunidade judaica internacional.

Depois de tomados os depoimentos, 684 pessoas foram liberadas e 1.159 encaminhadas para os presídios. Juntaram se a esse contingente os mais de 200 que já saíram algemados da Praça dos Três Poderes.

Leia também:

Autoridades elaboram plano integrado de segurança para ato em 8 de janeiro

Interino do GSI acredita que investigações podem ligar general Heleno a 8 de janeiro

O post Homem que furtou réplica da Constituição no 8 de janeiro é preso pela Polícia Federal apareceu primeiro em Jornal Opção.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.