Musk tem acesso privilegiado a estratégias contra a China, gerando conflito de interesses

O Pentágono agendou uma reunião secreta para brifar (apresentar um relatório a) Elon Musk, CEO da SpaceX e da Tesla, sobre os planos de guerra dos Estados Unidos em um eventual conflito com a China. A informação, revelada pelo The New York Times, gerou polêmica devido aos amplos interesses comerciais de Musk no país asiático e seu papel como conselheiro do presidente Donald Trump. Enquanto o Pentágono negou que o encontro trataria de questões estratégicas militares, o fato de Musk, CEO da SpaceX e Tesla, ter acesso a informações tão sensíveis levanta preocupações sobre possíveis conflitos de interesse e os riscos de vazamento de dados vitais.

Musk, um dos maiores fornecedores para o Pentágono e com fortes interesses financeiros na China, teria sido convidado para avaliar como os planos de guerra dos EUA poderiam impactar a produção e os recursos militares do país. A análise dos planos de guerra, altamente confidenciais, tem o objetivo de ajustar orçamentos e determinar quais sistemas militares seriam utilizados em um cenário de confronto. No entanto, com sua empresa SpaceX fornecendo lançamentos de satélites para a defesa dos EUA, além de suas relações comerciais com a China, sua participação em tais discussões poderia gerar vazamentos de informações cruciais que favorecessem não apenas os interesses de Musk, mas também os da China.

Faca de dois gumes

Se por um lado, Musk pode se aproveitar das informações para benefício próprio junto ao governo chinês, por outro, essa informação privilegiada também é uma enorme vantagem para um empresário que compete com empresas chinesas, especialmente na área dos automóveis elétricos inteligentes. A perda competitiva de suas empresas em relação às similares chinesas, e portanto o risco de se aproveitar como concorrente do que virá a seguir é algo que deve preocupar o governo da China, e um ponto que não foi levantado pelos jornalistas norte-americanos.

Musk, cuja SpaceX compete diretamente com o programa espacial chinês e fornece serviços críticos ao Pentágono, teria acesso a detalhes de operações militares classificadas como “O-plans” — planos estratégicos para conflitos de grande escala. Em contrapartida, o governo chinês vê o SpaceX como uma extensão da máquina de guerra dos EUA, o que poderia tornar o acesso de Musk a planos de guerra uma ameaça direta à segurança nacional da China.A decisão levanta questões éticas: como um empresário com negócios bilionários na China pode ter acesso a informações sensíveis sobre estratégias para conter seu desenvolvimento? Outra pergunta não feita é o risco que suas empresas passam a ser para a China, com o papel de elite econômica que exercem no país.

Falso dilema

A Tesla, por exemplo, depende de uma fábrica em Xangai para mais da metade de suas entregas globais, e Musk já fez elogios públicos ao Partido Comunista Chinês. Em 2022, ele sugeriu que Taiwan deveria ser uma “zona administrativa especial” da China, posição que irritou autoridades da ilha. É inegável, no entanto, sua filiação ao ideário de ultradireita e sua identidade atual com o governo de Donald Trump e sua política irredutível de ataque aos interesses chineses.

Apesar dessa ambiguidade e evidente conflito de interesses, Musk tem muito mais a perder na disputa por espaço comercial para seus carros elétricos ou satélites na concorrência chinesa, do que traindo seu país vendendo informação estratégica para o Partido Comunista daquele país, como quer sugerir o NYT. Em última instância, seu papel no governo é passageiro e sua vocação e fonte de poder é como industrial e empreendedor.

Trump e o Pentágono negam, mas evidências persistem

Após a divulgação da notícia, Trump afirmou em redes sociais que “a China não será mencionada” no encontro. Já o secretário de Defesa, Pete Hegseth, classificou o briefing como uma discussão informal sobre “inovação e eficiência”. Contudo, fontes oficiais confirmaram que o tema central seria a guerra com a China, incluindo opções de alvos e cronogramas de ataque.

Por que Musk precisa dessas informações?

Analistas apontam que Musk, nomeado para cortar gastos no governo, pode querer entender quais sistemas de armas são essenciais para os planos militares antes de propor reduções orçamentárias. Por exemplo, a possível eliminação de porta-aviões — que custam bilhões — poderia comprometer estratégias já definidas.

Riscos para a segurança nacional

Especialistas em ética alertam que o acesso de Musk a detalhes sobre defesa espacial e cibernética — áreas em que a China investe pesadamente — pode beneficiar a SpaceX. A empresa já recebe US$ 1,6 bilhão anuais do Pentágono para lançar satélites e opera o Starlink, sistema de comunicação considerado vital para operações militares.

A China, por sua vez, vê a SpaceX como uma extensão do aparato militar dos EUA. Em 2023, um estudo da Universidade de Defesa Nacional da China destacou a “militarização do Starlink” como uma ameaça à estabilidade global.

Musk está sob investigação do Pentágono por possíveis violações de seu nível de segurança. Em 2023, funcionários da SpaceX denunciaram que ele não reportou contatos com líderes estrangeiros. Além disso, o governo Biden negou a Musk uma autorização de acesso a programas ultrassecretos, citando “riscos de segurança”.

Um jogo de riscos e recompensas

A aproximação entre Musk e o governo Trump expõe uma linha tênue entre inovação privada e segurança nacional. Enquanto o Pentágono busca modernizar suas estratégias, a relação controversa de Musk com a China e seus negócios governamentais colocam em xeque a integridade de informações que podem definir o futuro das relações EUA-China ou da própria relação entre os conglomerados empresarias de Musk e da própria China.

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