Trump e Putin negociam cessar-fogo na Ucrânia em meio a pressão internacional

O presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou nesta segunda-feira (17) que discutirá com Vladimir Putin, na terça (18), a “divisão de certos ativos” na Ucrânia, incluindo territórios ocupados e centrais energéticas. A proposta de cessar-fogo de 30 dias, mediada por Washington e aceita pela Ucrânia na semana passada, enfrenta resistência russa. O Kremlin exige que Kiev renuncie a cinco regiões anexadas (Donetsk, Luhansk, Kherson, Zaporíjia e Crimeia), abandone a candidatura à OTAN e substitua seu governo.

Trump afirmou que “muito trabalho foi feito no fim de semana” e expressou otimismo: “Temos uma boa chance de pôr fim a esta guerra”. No entanto, fontes próximas às negociações revelam que os EUA pressionam por um acordo que inclua a retirada de tropas ucranianas de Kursk, região russa parcialmente ocupada por Kiev desde agosto de 2023.

As condições de Moscou: cessar-fogo ou estratégia de ganho tempo?

Putin afirmou apoiar “em princípio” a trégua, mas levantou três obstáculos:

  1. Retirada ucraniana de Kursk: “Todos sairão sem lutar, ou se renderão?”.
  2. Risco de rearmamento ucraniano: “Como garantir que a Ucrânia não usará os 30 dias para mobilizar tropas?”.
  3. Fiscalização do acordo: “Quem monitorará 2.000 km de frente de batalha?”.

Analistas veem nas demandas uma tentativa de consolidar vantagens. A Rússia quer tempo para retomar Kursk e enfraquecer a posição ucraniana nas negociações. Enquanto isso, a Ucrânia enfrenta escassez de soldados e perdas territoriais no leste, onde tropas russas avançam lentamente.

Pressão ocidental e a desconfiança de Kiev

A UE e o Reino Unido ampliam a pressão sobre Moscou. Em uma cúpula virtual no sábado, 30 países aliados de Kiev decidiram por “sanções coletivas” caso a Rússia rejeite a trégua. A chanceler da UE, Kaja Kallas, acusou: “As condições de Putin mostram que ele não quer paz”.

Já Volodymyr Zelensky, que substituiu o chefe do Estado-Maior ucraniano neste domingo, critica a postura russa: “Putin mente sobre a complexidade do cessar-fogo. Tudo pode ser controlado”. Ele também denunciou a “decepção” de Trump ao vincular o acordo à entrega de territórios, reforçando que “sanções devem ser intensificadas”.

O jogo de risco de Trump: entre a mediação e as ameaças

A estratégia de Trump oscila entre o diálogo e o ultimato. Enquanto o enviado Steve Witkoff negocia em Moscou, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, advertiu: “Os EUA imporão novas sanções se a Rússia não cooperar”. Desde 2022, Washington liderou mais de 21 mil penalidades contra entidades russas, afetando setores como energia e defesa.

Porém, há ceticismo sobre concessões. Trump tem histórico de ceder a Putin. Se os EUA apoiarem demandas russas, a Ucrânia ficará encurralada. A tensão ficou clara na semana passada, quando os EUA suspenderam brevemente ajuda militar a Kiev após um desentendimento entre Trump e Zelensky.

O que esperar após a ligação de terça-feira?

Especialistas apontam três cenários:

  1. Acordo simbólico: Uma trégua curta, sem compromisso com fronteiras, apenas para alívio humanitário.
  2. Estabilização de frentes: Congelamento das linhas de combate, favorecendo a Rússia.
  3. Colapso das negociações: Retomada de ataques em larga escala, com EUA intensificando sanções.

Enquanto Putin evita “adiantar detalhes”, Zelensky mobiliza tropas e aliados. Para o mundo, a chamada de terça não definirá apenas o futuro da Ucrânia, mas testará os limites da diplomacia em um conflito que já deslocou 12 milhões e matou mais de 500 mil.

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