Trump ignora decisão judicial e deporta imigrantes para El Salvador

Mais de 200 imigrantes deportados pelos Estados Unidos chegaram a El Salvador neste domingo (16), um dia após um juiz federal suspender a medida do governo de Donald Trump que usava uma lei de guerra de 1798 para expulsar suspeitos de atividades criminosas. Entre os deportados estão 238 supostos membros da gangue venezuelana Tren de Aragua e 23 integrantes da gangue mexicana MS-13, segundo o presidente salvadorenho Nayib Bukele.

Os detidos foram imediatamente transferidos para o Centro de Confinamento de Terrorismo (Cecot), em Tecoluca, a 75 km de San Salvador. Segundo o presidente salvadorenho, Nayib Bukele, eles permanecerão na prisão por “um ano renovável”. O presidente ironizou a decisão judicial americana que suspendeu as deportações, afirmando: “Oopsie… Tarde demais”. O Cecot, maior prisão da América Latina, abriga cerca de 15 mil membros da MS-13 e da gangue rival Barrio 18.

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De acordo com a Associated Press, El Salvador teria aceitado abrigar cerca de 300 migrantes em suas prisões por um ano, com os EUA pagando US$ 6 milhões pelo acordo. “Estamos ajudando nossos aliados, tornando nosso sistema penitenciário autossustentável”, declarou Bukele no X, destacando que “os Estados Unidos pagarão uma tarifa muito baixa por eles, mas alta para El Salvador”.

Ingrid Escobar, diretora da ONG Socorro Jurídico Humanitário, disse à AFP que o feito é “um grande negócio para Bukele. Ele vai lucrar com os Estados Unidos alugando o Cecot, sem prestar contas a ninguém e sem ter uma lei que o respalde”.

Trump utilizou lei do século 18 para deportações

O governo Trump baseou as deportações na Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, que permite a expulsão de indivíduos considerados uma ameaça à segurança nacional em tempos de guerra. A legislação havia sido aplicada pela última vez durante a Segunda Guerra Mundial contra cidadãos americanos de ascendência japonesa.

No entanto, o juiz James Boasberg, do Distrito de Columbia, suspendeu a ordem por considerar que os EUA não estão em guerra e, portanto, a lei não se aplicaria. Segundo o The Washington Post, Boasberg chegou a ordenar o retorno das aeronaves que transportavam os deportados, mas os aviões já haviam decolado.

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O governo venezuelano rechaçou a decisão de Trump classificando-a um ato que remete a “episódios mais sombrios da história da humanidade, da escravidão ao horror dos campos de concentração nazistas”.

EUA endurecem política migratória

As deportações integram a ofensiva de Trump contra a imigração ilegal. Em janeiro, ele classificou o Tren de Aragua e a MS-13 como “organizações terroristas estrangeiras”. Durante sua campanha, prometeu realizar a maior operação de deportação da história dos EUA, mas os números ainda estão abaixo das expectativas. Em fevereiro de 2025, foram deportados 11 mil imigrantes, abaixo dos 12 mil do mesmo período em 2024, sob o governo de Joe Biden.

O senador republicano Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, elogiou Bukele, chamando-o de “o líder em segurança mais forte da região”. No entanto, a decisão enfrenta críticas de especialistas e organizações de direitos humanos, que questionam a legalidade da deportação sem provas concretas contra os detidos.

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com informações de agências

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