O triste aniversário do decadente “Novo” Regime

Por Marlos Porto*

Hoje, 15 de março de 2025, completam-se 40 anos do fim do Regime Militar, com a posse do civil José Sarney como vice-presidente, eleito de forma indireta pelo Congresso Nacional. Sarney, nesse mesmo dia, assumiu a Presidência da República interinamente, devido à impossibilidade, por motivo de saúde, da posse do presidente eleito, Tancredo Neves. Pouco depois, em 21 de abril de 1985, com o falecimento de Tancredo, Sarney assumiu definitivamente a presidência.

A data de hoje é significativa. Quarenta anos se passaram e, apesar de tantas conquistas, muitas das mazelas daquela época ainda perduram. Penso que a democracia não foi plenamente consolidada. As elites tinham e ainda têm medo das massas, medo da vontade popular ser manifestada livremente. Escastelaram-se em estruturas de poder do novo regime criado e urdem contra iniciativas de emancipação e de participação popular. O processo político é corrompido e viciado. Hoje, ainda mais grave, atenta-se até mesmo contra a livre manifestação do pensamento. A própria Constituição Federal de 1988 se vê conspurcada.

Hoje, sente-se falta do saudável espírito de rebeldia que esteve presente nas várias formas de luta contra a Ditadura Militar. Inaugurada em 31 de março de 1964, com a deposição ilegal do presidente Jango pelos ministros militares, no que entrou para a história como o Golpe de 64, mas que foi tratado pela historiografia oficial da época como “Movimento Cívico-Militar” e mesmo como “Revolução”, o golpe contou com tanques nas ruas, fechamento de órgãos de imprensa e prisões arbitrárias, feitas pelo Exército, de possíveis opositores e pessoas comuns, simplesmente suspeitas de serem comunistas (o que não era, nem é, crime).

Em Recife, Gregório Bezerra foi torturado, amarrado pelo pescoço e arrastado, ensanguentado, pelas ruas de Casa Forte, por ordem do famigerado Coronel Villocq. A longa luta contra a Ditadura culminou na campanha das “Diretas Já” e na eleição indireta de Tancredo e Sarney, em 15 de janeiro de 1985, fruto de uma brilhante articulação política, em que teve destaque o pernambucano Fernando Lyra, derrotando os acólitos do decadente regime de 21 anos, que queriam Paulo Maluf na presidência.

*Marlos Porto é bacharel em Direito.

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