Nivaldo Alves de Carvalho: Guardião da história e das raízes do Sertão

Por Gilmar Teixeira

O Sertão tem seus mestres, guardiões de memórias, aqueles que, com paciência e paixão, recolhem os fios do passado e tecem a história de um povo. Nivaldo Alves de Carvalho é um desses homens raros, que vive entre o presente e o passado, entre os campos da pecuária e os pergaminhos da genealogia, entre o que foi e o que ainda pode ser preservado.

Nascido na antiga casa da Fazenda Água Branca, em Floresta – hoje Carnaubeira da Penha –, o destino de Nivaldo parecia já estar escrito nas terras que o viram crescer. Filho de Rosa Maria de Carvalho e de Alcides Alves de Carvalho Barros, e neto do major Tiburtino Alves de Carvalho Barros, herdou o amor pela terra, pelo gado e pelas histórias que moldam o Sertão do Pajeú. Ali, onde os ecos do passado ainda ressoam, Lampião e seus cangaceiros passaram, feridos, sendo cuidados por seu pai Alcides, numa das tantas passagens que unem sua família à própria história do Nordeste.

Pecuarista de alma e coração, Nivaldo não se contentou apenas em criar caprinos e bovinos com a maestria dos grandes homens do campo. Também foi bancário, servindo no Banco do Estado de Pernambuco, mas seu espírito inquieto sempre o levou a algo maior: a busca pelas raízes. Tornou-se genealogista e memorialista, reconhecido como um dos maiores – se não o maior – da história sertaneja. Cada nome, cada família, cada entrelaçamento de linhagens passava por suas mãos cuidadosas, ajudando a construir a identidade de um povo.

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Foi consultor de inúmeros livros escritos por florestanos, um verdadeiro guardião dos relatos e das histórias que o tempo tenta apagar. Além disso, esteve entre os precursores do movimento indigenista no Sertão do Pajeú, sempre atento à preservação da cultura e das tradições de um povo que, muitas vezes, vive à margem da própria história.

Hoje, aposentado, mas longe da inatividade, Nivaldo continua sua missão de preservação. Sua fazenda, onde construiu uma nova casa ao lado de sua esposa Amália Adalia Barros, tornou-se um verdadeiro santuário da caatinga, onde a vegetação nativa e os animais sertanejos encontram refúgio. Enquanto seus filhos, Dênis Carvalho e Ariádne Carvalho seguem seus próprios caminhos, ele mantém viva a essência do Sertão, seja na lida com os animais, seja nas páginas que escreve e nos relatos que compartilha.

Membro da ABRAES, a Academia Brasileira de Letras e Estudos do Sertão Nordestino, Nivaldo não é apenas um pesquisador. Ele é um elo vivo entre o passado e o futuro, um contador de histórias que não deixa o Sertão ser esquecido, um homem cuja vida é um tributo à terra que o formou.

E assim segue Nivaldo, entre os livros e o gado, entre as lembranças e a lida, mantendo vivo o Sertão naquilo que ele tem de mais valioso: sua história.

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