Centrais pressionam por redução dos juros em protesto, dia 18, na Avenida Paulista

Na terça-feira (18), nove centrais sindicais realizarão uma manifestação em frente à sede do Banco Central, na Avenida Paulista, a partir das 10h. O protesto, que tem como lema “Menos Juros, Mais Empregos”, ocorre no dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) inicia sua reunião para definir os rumos da taxa Selic. O objetivo é pressionar o Banco Central para reduzir os juros, considerados um entrave ao desenvolvimento econômico.

Em declaração ao Portal Vermelho, dirigentes sindicais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), da Força Sindical e da Intersindical criticaram a postura do Banco Central, acusado de priorizar o mercado financeiro em detrimento do desenvolvimento industrial e social. Além destas, participarão do ato a União Geral dos Trabalhadores (UGT), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Pública (Central do Servidor) e a Nova Central (NCST). “O BC segue rezando a cartilha do mercado, armando rentistas para sabotar a economia”, disparou Adilson Araujo, presidente da CTB.

O presidente da Central de Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto

“O BC insiste em uma lógica neoliberal fracassada, priorizando rentistas em vez de trabalhadores”, dispara Antonio Neto, presidente da CSB, em entrevista. “A manifestação simboliza um alerta: a política monetária não é técnica, mas política. Seu custo social é desemprego e menos dinheiro no bolso do povo”, acrescenta.

Selic a 13,25%: entenda o impacto e a divergência

Atualmente, a taxa Selic está em 13,25% ao ano, patamar definido na última reunião do Copom realizada em 29 de janeiro, sob a alegação de combater a inflação, quando houve um aumento de um ponto percentual. Os dirigentes sindicais argumentam que essa política de juros altos sufoca a produção industrial, dificulta a reindustrialização do país e restringe o crescimento econômico.

Adilson Araújo, presidente da CTB

Para Adilson Araújo, a política monetária do Banco Central favorece o mercado financeiro em detrimento do desenvolvimento econômico. “As restrições fiscais e a política monetária imposta pelo Banco Central armam os rentistas para sabotar o crescimento econômico acelerado”, critica Araújo.

Ele também ressalta que a alta dos juros compromete a produção industrial e limita a reindustrialização do país. “O BC usa a inflação como pretexto, mesmo com crescimento de 3,4% em 2024”, critica Araujo, destacando que a política monetária atual “trava a reindustrialização”. Para ele, é fundamental que a mobilização envolva também setores empresariais descontentes com os juros elevados, pois a política monetária atual reduz o consumo e os investimentos, levando à estagnação econômica.

Impactos na economia e no emprego

Miguel Torres, presidente da Força Sindical

A taxa de juros elevada é apontada pelos sindicatos como um dos principais fatores que travam a geração de empregos no país. Miguel Torres, presidente da Força Sindical, enfatiza que os juros em patamares elevados retiram bilhões de reais da economia e impedem um crescimento sustentável.

“Essa questão da taxa de juros, para nós, é muito grave. Manter nesse patamar e ainda haver a possibilidade de aumento é algo que não podemos aceitar. Isso impede a retomada da economia e afasta o Brasil do desenvolvimento. Defendemos uma taxa abaixo dos 10% para fortalecer o mercado”, afirma Torres.

“Manter juros nesse patamar é um crime contra o desenvolvimento. Já deveria estar abaixo de 10%”. Ele também menciona a mudança na presidência do BC, após a saída de Campos Neto, como oportunidade para revisão da estratégia. Ele destaca que, com a saída de Roberto Campos Neto da presidência do Banco Central, os sindicatos reforçarão a pressão para uma mudança efetiva na política monetária.

Neto, da CSB, acrescenta que o ato é crucial para demonstrar a preocupação dos trabalhadores com os aumentos dos juros, que podem ter graves impactos na geração de emprego e no crescimento do país. “O ato é importante, pois demonstra a preocupação dos trabalhadores com o aumento dos juros, que pode ter graves impactos na geração de emprego e no crescimento do país, além de não resolver em nada o problema da carestia – que é, na verdade, um problema de oferta e não de demanda”, explica Neto.

Neto ainda critica a lógica adotada pelo Banco Central: “O BC insiste em subir os juros porque reproduz a lógica neoliberal que fracassou. A queda dos juros pode impulsionar a economia, gerar empregos e colocar mais dinheiro na mão dos trabalhadores.”

Contra a especulação financeira

Nilza Pereira, secretária-geral da Intersindical

Nilza Pereira, secretária-geral da Intersindical, também critica a atual taxa de juros, argumentando que ela beneficia apenas especuladores financeiros. “Nenhum empresário arrisca na produção quando pode ganhar rios de dinheiro com especulação”, afirma. Ela defende que a redução da Selic é essencial para gerar empregos e reaquecer investimentos.

“Os juros altos só favorecem aqueles que vivem de sugar o dinheiro do governo e da população. Nenhum empresário vai investir na produção e na geração de empregos se pode lucrar fácil com a especulação financeira. Precisamos de juros mais baixos para incentivar a produção e o desenvolvimento”, alerta Nilza.

Reivindicações ampliadas

A mobilização contra os juros altos também está conectada a outras pautas trabalhistas. Os sindicalistas defendem a redução da jornada de trabalho, o fim da escala 6×1 e a correção da tabela do Imposto de Renda, com isenção para rendimentos de até R$ 5 mil. “A luta contra os juros altos se soma a outras bandeiras urgentes”, lembra Araujo.

A expectativa é que a manifestação do dia 18 amplie o debate sobre os impactos da taxa de juros na economia real e pressione o Banco Central a reverter sua política monetária, possibilitando um ambiente mais favorável à geração de empregos e ao crescimento econômico.

Quanto à expectativa para o ato, o dirigente da CSB conclui: “Sabemos que a independência do BC foi torná-lo ainda mais alheio aos anseios populares e cada vez mais dependente dos interesses da Faria Lima. Não aceitaremos que as escolhas do COPOM coloquem o país no caminho duro da recessão em nome de uma falsa estabilização.” Enquanto analistas preveem manutenção ou alta da Selic, os sindicatos prometem radicalizar as mobilidades. “Se o BC ignorar o protesto, ampliaremos as ações. A batalha não termina no dia 18”, afirma Neto.

Cenário de incerteza: o que esperar do Copom?

Com a economia dividida entre controle inflacionário e estímulo ao crescimento, a decisão do Copom, que será anunciada na quarta (19), pode definir o rumo do país em 2024. Enquanto o mercado prevê manutenção ou alta da Selic, os sindicatos prometem intensificar protestos. “Precisamos envolver até empresários contrariados pelos juros extorsivos”, concluiu Araujo.

A manifestação da terça simboliza um alerta: para os trabalhadores, a política monetária não é técnica, mas política – e seu custo social não pode ser ignorado.

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