5ª Conferência do Meio Ambiente de Goiás define propostas e vota delegados ambientais

O segundo e último dia da 5ª Conferência Estadual do Meio Ambiente de Goiás, realizado nesta terça-feira, 11, na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), foi marcado por um intenso processo de seleção e discussão de propostas, além da eleição de delegados que representarão o Estado na Conferência Nacional, prevista para maio em Brasília.

Com o tema “Emergência Climática: o Desafio da Transformação Ecológica”, o evento reuniu representantes de 85 municípios goianos para definir soluções práticas para enfrentar os impactos das mudanças climáticas. Durante o dia, a principal atividade foi a votação das propostas apresentadas nos cinco eixos temáticos da conferência: Mitigação, Adaptação e Preparação para Desastres, Transformação Ecológica, Justiça Climática e Governança, e Educação Ambiental.

Os participantes também elegeram 35 delegados estaduais, que terão a responsabilidade de levar as demandas de Goiás à Conferência Nacional do Meio Ambiente. Serão votadas 4 principais propostas de cada eixo para serem enviadas para o Ministério do Meio Ambiente.

A conferência tem sido um ponto de convergência entre diferentes setores da sociedade – movimentos sociais, técnicos ambientais, representantes do poder público e autoridades políticas. Entre as falas mais destacadas no segundo dia de evento estão as de Ana Trumaic, Lucília Amaral, Antônio Gomide e Camila Bereohff, que refletiram sobre os avanços e desafios da conferência.

Representatividade das comunidades indígenas

Ana Trumaic, estudante de Medicina Veterinária, indígena do povo Trumaic e integrante do Observatório de Políticas Socioambientais de Goiás, destacou a importância da conferência para as comunidades tradicionais.

“Estar aqui, participando ativamente das discussões e sendo ouvida, é uma vitória para nós, povos indígenas e comunidades tradicionais. A participação desses grupos é essencial, pois somos os mais afetados pelas mudanças climáticas”, afirmou Ana, ressaltando a relevância do eixo de Justiça Climática para discutir políticas públicas que integrem as comunidades em risco.

Ana Trumaic, estudante de Medicina Veterinária e indígena do povo Trumaic | Foto: Jornal Opção

Ela também falou sobre a importância da diversidade de participantes no evento. “Ver quilombolas, indígenas, pessoas negras e de periferias contribuindo para as propostas é uma demonstração de que todos os segmentos da sociedade estão unidos em torno da preservação ambiental e da justiça social”, disse.

Participação do Observatório de Políticas Socioambientais de Goiás

Lucília Amaral, integrantedo Observatório de Políticas Socioambientais de Goiás, refletiu sobre os desafios organizacionais e o papel fundamental da conferência. “Apesar da ausência de alguns delegados devido a questões financeiras, a qualidade daqueles que compareceram é excelente. Temos pessoas dedicadas, que representam diversos segmentos e que estão dispostas a investir tempo e esforço pela causa ambiental”, avaliou Lucília.

Ela também fez uma análise sobre o eixo de Justiça Climática, que gerou discussões intensas. “Esse eixo foi o mais trabalhoso porque envolve uma gama de temas, desde a redução do desmatamento até a promoção de equidade social. Conseguimos condensar as propostas mais abrangentes e impactantes em um número que será levado à etapa nacional”, destacou.

Lucília Amaral, integrante do Observatório de Políticas Socioambientais de Goiás | Foto: Jornal Opção

Lucília ainda ressaltou a importância da Frente Parlamentar em Defesa do Cerrado e a necessidade de políticas públicas mais robustas para a preservação do bioma. “É essencial que o incentivo à preservação do cerrado seja efetivo. Devemos avançar na proposta de desmatamento zero e na promoção de alternativas como a agrofloresta”, concluiu.

O que avalia Comissão do Meio Ambiente da Alego

Antônio Gomide (PT), deputado estadual e presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alego, fez uma análise sobre a relevância da conferência para o Estado. “A conferência é uma forma de escutar as demandas dos municípios, que enfrentam problemas ambientais muito distintos. Cada cidade tem suas particularidades, e esse espaço é crucial para que possamos entender essas especificidades e buscar soluções adaptadas a cada realidade”, afirmou.

Antônio Gomide, deputado estadual (PT) e presidente da Comissão de Meio Ambiente da Alego | Foto: Jornal Opção

Gomide também comentou sobre os desafios enfrentados pelas administrações municipais. “Muitas vezes, os prefeitos enfrentam dificuldades para resolver problemas estruturais, como a gestão de lixões ou o saneamento básico. A conferência tem sido fundamental para ajudar os municípios a se organizarem e a encontrarem soluções coletivas”, disse, destacando a importância da participação ativa de todos os segmentos sociais no evento.

Além disso, o deputado criticou a redução do número de delegados e os cortes de recursos federais para as conferências nos últimos anos. “A diminuição das conferências e a falta de recursos são um retrocesso. Contudo, estamos retomando esse espaço de diálogo, e isso é fundamental para o fortalecimento da democracia e para a implementação de políticas públicas eficazes”, pontuou Gomide.

Avaliação do Ministério do Meio Ambiente

Camila Bereohff, analista ambiental e assessora técnica do Ministério do Meio Ambiente, destacou a importância da conferência para o fortalecimento da governança ambiental participativa. “A organização da conferência, apesar das dificuldades, tem sido muito boa. O engajamento dos delegados tem sido forte, e as propostas apresentadas são de excelente qualidade”, afirmou Camila, destacando que a sociedade está cada vez mais consciente da urgência das questões climáticas.

Camila também falou sobre a seleção das propostas para a Conferência Nacional. “O processo de seleção é rigoroso e visa destacar as propostas mais inovadoras e que ainda não foram implementadas nas políticas públicas. Temos buscado priorizar aquelas que possam realmente transformar a realidade ambiental”, explicou.

Camila Bereohff, analista ambiental e assessora técnica do Ministério do Meio Ambiente | Foto: Jornal Opção

Além disso, Camila sublinhou o papel do Ministério do Meio Ambiente no processo de articulação e apoio às conferências estaduais. “O Ministério está comprometido com o fortalecimento da participação popular e com a construção de soluções sustentáveis para as questões ambientais. Esse tipo de evento é crucial para preparar o país para grandes encontros internacionais, como a COP30”, concluiu.

Representação nacional

Com o encerramento da conferência estadual, o olhar agora se volta para a representação de Goiás na Conferência Nacional do Meio Ambiente.

A seleção dos delegados estaduais foi concluída com a eleição de 35 representantes que levarão as propostas goianas para a etapa nacional, onde estarão em debate as soluções ambientais que impactarão todo o país nos próximos anos.

Com a contribuição de vozes como as de Ana Trumaic, Lucília Amaral, Antônio Gomide e Camila Bereohff, a conferência reforçou a importância da participação ativa da sociedade na construção de um futuro sustentável.

A união de esforços entre diferentes segmentos sociais e políticos é fundamental para enfrentar os desafios ambientais que afetam Goiás e o Brasil, e esse evento mostrou que, mesmo diante das dificuldades, há um compromisso coletivo com a transformação ecológica e a justiça climática.

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