Duas Sessões na China: o que é e quais são as direções do país para 2025

A China deu início, na última terça-feira (4) às Duas Sessões, evento político anual que se estende por cerca de duas semanas e define as direções estratégicas do país para o próximo ano.

As reuniões ocorrem em Pequim e reúnem milhares de delegados da Assembleia Popular Nacional (APN) e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC), além de lideranças do Partido Comunista da China (PCC), empresários, acadêmicos e representantes de diversos setores da sociedade.

O evento tem um papel central na democracia popular chinesa, sendo uma plataforma para fixação de metas econômicas, aprovação de políticas públicas e revisão de projetos estruturais. Durante a APN, os delegados analisam propostas legislativas e confirmam planos de governo, enquanto a CPPCC atua como um órgão consultivo, promovendo debates sobre temas estratégicos para o desenvolvimento nacional.

No discurso de abertura, o presidente Xi Jinping destacou que a China está em um “momento crucial para consolidar seu desenvolvimento” e reafirmou o compromisso com a “modernização de alta qualidade”. 

Segundo Xi, a China deve “perseverar sua própria via de desenvolvimento, fortalecendo sua economia e avançando na ciência e tecnologia para garantir uma prosperidade duradoura”.

O primeiro-ministro Li Qiang também discursou, apontando que “a estabilidade econômica é fundamental para a segurança do povo” e que “os desafios globais exigem que a China se adapte e continue sua trajetória de crescimento”.

Nos primeiros dias da conferência, os debates se concentraram em questões econômicas e tecnológicas. O governo fixou a meta de crescimento do PIB em 5%, reafirmando seu compromisso com a estabilidade e a expansão sustentável. 

Para impulsionar a economia, Pequim anunciou um fundo de US$138 bilhões para tecnologia e inovação, além de investimentos no setor de inteligência artificial e biotecnologia. Paralelamente, medidas para estimular o consumo e garantir segurança alimentar também foram detalhadas pelos delegados.

Outro ponto central das discussões foi a modernização das Forças Armadas. Com um aumento de 7,2% no orçamento militar, o governo busca consolidar a China como uma potência defensiva de primeira linha. 

O presidente Xi Jinping enfatizou que a modernização militar deve ser conduzida de forma “eficiente, sustentável e com alta capacidade de resposta”. Além disso, o reforço da cooperação entre os setores civil e militar foi colocado como prioridade estratégica.

Nas próximas sessões, espera-se que a APN e a CPPCC aprofundem questões como reformas no setor imobiliário, transição energética, bem-estar social e política externa. Está prevista a apresentação de medidas para a estabilização do mercado de habitação, além de diretrizes sobre energia limpa e metas de redução de emissões. No campo diplomático, Pequim deve detalhar suas estratégias para aprofundar alianças no Sul Global e responder aos desafios da relação com os EUA e a União Europeia.

Crescimento econômico e inovação tecnológica

A China estabeleceu a meta de crescimento do PIB em cerca de 5% para 2025, mantendo-se como um dos motores da economia global. O governo anunciou um investimento de 300 bilhões de yuans para impulsionar o consumo e fortalecer a demanda interna. 

A inovação tecnológica também foi um dos destaques, com a criação de um fundo de US$ 138 bilhões para pesquisa e desenvolvimento em áreas como inteligência artificial, computação quântica e bioprodução.

Os incentivos incluem expansão da manufatura digital, produção de veículos inteligentes e aprimoramento da infraestrutura tecnológica. O primeiro-ministro Li Qiang destacou que a China continuará priorizando setores estratégicos para sustentar seu crescimento econômico de longo prazo.

Modernização militar e segurança nacional

O orçamento militar da China crescerá 7,2% em 2025, atingindo US$ 249 bilhões, dando continuidade ao processo de modernização das Forças Armadas. O presidente Xi Jinping reafirmou o compromisso com a meta de modernização total do Exército até 2035, garantindo que o país esteja pronto para desafios futuros.

A China também avança na integração entre os setores civil e militar, aproveitando tecnologias do setor privado para impulsionar a inovação em defesa. Xi Jinping destacou que essa estratégia permitirá um desenvolvimento mais eficiente e sustentável do setor militar.

Política externa e o fortalecimento do Sul Global

A China se posiciona como um pilar de estabilidade global, enquanto os EUA intensificam sua guerra comercial. A diplomacia de chefe de Estado, conduzida diretamente por Xi Jinping, será um dos marcos de 2025, ampliando alianças e fortalecendo parcerias estratégicas.

O ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, criticou a política comercial dos EUA, questionando os efeitos das tarifas impostas por Washington. “O déficit comercial dos EUA cresceu ou diminuiu? A competitividade industrial americana melhorou ou piorou?”, provocou Wang, ressaltando que as sanções contra a China não trouxeram os resultados esperados por Washington.

O Sul Global foi mencionado 24 vezes na coletiva de Wang Yi, reforçando a ideia de que os países emergentes estão moldando a nova ordem internacional. A China convocou seus aliados a falarem “em uma só voz” para fortalecer sua representação na governança global. Entre os eventos diplomáticos de 2025 estão a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, o encontro dos BRICS no Brasil e a presidência do G20 pela África do Sul.

O que esperar da China após as Duas Sessões?

As decisões tomadas na APN e na CPPCC impactarão não apenas a China, mas também a economia global e a geopolítica internacional. Pequim continuará investindo em inovação tecnológica, defesa e multilateralismo, fortalecendo alianças no Sul Global e desafiando a hegemonia ocidental nas relações internacionais.

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