Parceria estratégica com o Brasil ganha destaque no Congresso da China

Há uma década, quando o Brasil era mencionado nos corredores do Congresso chinês, as respostas se resumiam a futebol e, ocasionalmente, soja, carne e minério de ferro. Hoje, o cenário mudou.

O país continua sendo sinônimo do esporte, mas também se consolidou como um parceiro estratégico da China na construção de um mundo multipolar e na resistência à hegemonia ocidental. Desde 1993, Brasil e China mantêm uma parceria estratégica, mas nunca ela esteve tão presente no imaginário chinês.

Hoje, do cidadão comum aos membros da elite política, o Brasil é visto como um aliado confiável. Motoristas de táxi sabem quem é Lula, e a mídia estatal reforça constantemente a amizade entre as nações.

Durante a abertura do Congresso Nacional do Povo (CNP), o Legislativo chinês, delegados reforçaram a importância do Brasil para os interesses da China. Para Grace Ling, delegada de Hong Kong, a cooperação entre os dois países vai além das commodities.

Segundo ela, Brasil e China compartilham valores como o multilateralismo e a defesa da paz, o que fortalece a relação bilateral. Essa aliança já se traduz em ações concretas. No ano passado, os dois países divulgaram um documento conjunto sobre a guerra na Ucrânia, pedindo um cessar-fogo e negociações diretas.

Crescimento econômico e fortalecimento de laços com o Sul Global

No discurso de abertura do premier Li Qiang, o foco principal foi a economia, com a meta de crescimento do PIB chinês fixada em 5%. Embora a política externa não tenha sido o tema central, a importância da cooperação com o Sul Global foi ressaltada.

Delegados destacaram que, diante das restrições comerciais impostas pelos Estados Unidos, fortalecer parcerias com grandes países emergentes, como o Brasil, se tornou ainda mais essencial. A cooperação no BRICS e o aumento do intercâmbio educacional foram apontados como caminhos para aprofundar essa relação.

Enquanto isso, do outro lado do mundo, o presidente Donald Trump discursava no Congresso americano, reforçando a guerra comercial com a China e anunciando uma sobretaxa de 10% sobre importações chinesas. Pequim respondeu imediatamente, aplicando tarifas de até 15% sobre produtos agrícolas dos EUA.

Para lidar com um cenário global cada vez mais desafiador, a China aposta na inovação e na autossuficiência tecnológica. Li Qiang afirmou que o governo vai remover barreiras ao setor privado e recuperar a confiança dos investidores, especialmente no setor de tecnologia.

Recentemente, gigantes chinesas como Xiaomi demonstraram alinhamento com o governo. Lei Jun, fundador da empresa, apresentou propostas ao Congresso para impulsionar a inteligência artificial e os veículos autônomos.

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