Conheça Lesoto, país que Trump afirmou que ‘ninguém nunca ouviu falar’

A declaração do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que “ninguém nunca ouviu falar” do Lesoto gerou forte reação do governo do país africano. Em um discurso ao Congresso na última terça-feira, 4, Trump citou cortes de gastos realizados por sua administração e usou como exemplo o fim de um financiamento de US$ 8 milhões para projetos LGBTQI+ na nação sul-africana. 

A fala não passou despercebida pelas autoridades do Lesoto. O ministro das Relações Exteriores do país, Lejone Mpotjoane, demonstrou indignação. “Para minha surpresa, ‘o país de que ninguém ouviu falar’ é o país onde os Estados Unidos têm uma missão permanente”, declarou Mpotjoane à BBC.

O Lesoto, uma pequena nação montanhosa totalmente rodeada pela África do Sul, mantém relações diplomáticas com os EUA desde a década de 1960. Além de uma embaixada americana instalada em sua capital, Maseru, o país abriga diversas organizações internacionais vinculadas ao governo dos Estados Unidos. O ministro adiantou que pretende formalizar uma reclamação oficial a Washington. “Não estamos levando esse assunto de ânimo leve”, afirmou.

O Lesoto é uma monarquia constitucional, com o rei Letsie III exercendo um papel simbólico, enquanto o governo é liderado por um primeiro-ministro. O país conquistou sua independência do Reino Unido em 1966, mas tem enfrentado instabilidade políticas ao longo das décadas, com sucessivas trocas de governo.

Um reino no céu

O Lesoto, apelidado de “reino no céu”, é um dos poucos países do mundo inteiramente situado acima de 1.400 metros de altitude. Seu ponto mais baixo está a 1.400 metros, enquanto a maior parte do território se encontra em altitudes ainda mais elevadas. Muitos vilarejos do país são acessíveis apenas a pé, a cavalo ou por pequenas aeronaves.

Além da geografia peculiar, o país também abriga uma das pistas de pouso mais desafiadoras do mundo: o Matekane. A curta pista termina em um precipício, obrigando os pilotos a decolarem rapidamente para evitar acidentes.

Uma economia dependente da África do Sul

Com poucos recursos naturais, o Lesoto tem sua economia baseada na agricultura de subsistência e na exportação de têxteis, além das remessas enviadas por trabalhadores que atuam na vizinha África do Sul. A dependência econômica é um reflexo da sua posição geográfica: sem saída para o mar, o país precisa das rotas sul-africanas para escoar sua produção.

Um dos principais produtos de exportação do Lesoto é a água, frequentemente chamada de “ouro branco” pelos habitantes locais. O país fornece água e energia hidrelétrica para a África do Sul, através do Projeto de Desenvolvimento da Água das Terras Altas do Lesoto. Além disso, o país é um grande exportador de diamantes.

Cultura e identidade basoto

A população do Lesoto é composta, majoritariamente, pelo grupo étnico basoto. Elementos culturais como os tradicionais chapéus cônicos chamados mokorotlo e as mantas coloridas de lã fazem parte da identidade do país. As mantas, além de protegerem contra o frio intenso das montanhas, contam histórias sobre o povo basoto e são frequentemente utilizadas em celebrações e cerimônias.

A língua oficial do país é o sesoto, que também é um dos 11 idiomas oficiais da África do Sul. Curiosamente, mais pessoas falam sesoto na África do Sul (cerca de 4,6 milhões) do que no próprio Lesoto, que tem uma população de pouco mais de 2 milhões de habitantes.

Esqui na África e exportação de têxteis

Embora a neve seja raridade na maior parte do continente africano, o Lesoto conta com uma das poucas estações de esqui da África. O resort Afriski, localizado a 3.222 metros de altitude nas montanhas Maloti, recebe visitantes de diversas partes do mundo durante a temporada de inverno.

Outra curiosidade econômica é que o país é um dos maiores exportadores de roupas para os Estados Unidos dentro do programa de incentivo comercial conhecido como Lei de Crescimento e Oportunidades para a África (Agoa, na sigla em inglês). Em 2024, o Lesoto exportou cerca de US$ 237 milhões em vestuário, incluindo jeans e outros têxteis, sem a cobrança de tarifas. O setor têxtil representa uma das principais fontes de emprego do país.

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