Tarifaço de Trump gera aumento de preços quase imediato no país

Do portal Metrópoles

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs, nessa terça-feira (4), tarifas abrangentes sobre produtos do Canadá, México e da China, os três maiores parceiros comerciais do país. Em nome do seu slogan Make America Great Again (faça a América grande novamente, ou Maga), o presidente disse que as tarifas foram criadas para dar maior oportunidade ao mercado interno. No entanto, os consumidores devem sentir no bolso, quase que imediatamente, o aumento dos preços.

Os estadunidenses já vêm lidando com a inflação de produtos há anos, mas precisarão, segundo economistas, se preparar para uma alta notória no valor de carros, alimentos, gasolina e outros itens essenciais nos próximos dias.

O aumento nos preços acontece após um período de otimismo pós-eleição. As pesquisas que avaliam o sentimento do consumidor já começam a mostrar que a população dos Estados Unidos sente-se pior em relação a suas finanças e à inflação do que há alguns meses.

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Apesar de as medidas já terem sido anunciadas, o secretário de Comércio Howard Lutnick sugeriu, ainda na terça-feira, que a administração revertesse algumas delas contra o Canadá e o México.

“Acho que [Trump] vai trabalhar em algo com eles”, disse Lutnick.

Diante das incertezas, as empresas estão contratando menos pessoas, os pedidos de fabricação diminuíram. Houve também redução crescente no número de compras de casa.

Segundo estimativas do Instituto Peterson de Economia Internacional, no total, espera-se que as novas tarifas custem à família típica dos EUA mais de US$ 1.200 (aproximadamente R$ 7.017) por ano.

Aumento imediato dos preços

Segundo a InMarket, que rastreia dados de gastos do consumidor, os norte-americanos já estão mudando seus hábitos de compras, trocando para marcas mais baratas e comprando em mais lojas, para que possam escolher as melhores ofertas. Os compradores de renda mais alta estão começando a optar por opções de menor preço para itens como água engarrafada, vegetais congelados, aves, ovos e queijos.

Apesar de as tarifas sobre produtos chineses durante o primeiro mandato de Trump não terem alterado severamente o comportamento do consumidor ou a economia dos EUA, os economistas afirmam que, desta vez, as consequências serão mais relevantes.

Segundo os especialistas, as taxas de 25% sobre produtos do Canadá e do México, e outros 10% sobre importações chinesas, têm um impacto maior, pois miram aliados de longa data e estimulam promessas de retaliação.

Os economistas apontam que os consumidores também devem ser bem menos indulgentes do que foram em 2018 ou 2019, pois já estão há anos suportando preços altos.

O CEO da Target, Brian Cornell, destaca que os consumidores notarão, em questão de dias, os preços mais altos em morangos, bananas, abacates e outros produtos naturais que vêm do México.

“Essas são cadeias de suprimentos realmente curtas e dependemos do México durante o inverno para frutas e vegetais”, disse Brian Cornell à CNBC.

Os preços dos alimentos, que subiram 28% desde 2020, saltaram 0,5% entre dezembro e janeiro, o maior aumento mensal em mais de dois anos .

O preço do gás, por exemplo, deve aumentar de 20 centavos a 40 centavos por galão nos próximos dias em toda a Nova Inglaterra (Maine, Vermont, Nova Hampshire, Massachusetts, Connecticut e Rhode Island), que depende de refinarias canadenses para gasolina, diesel e óleo de aquecimento, de acordo com Patrick De Haan, chefe de análise de petróleo da GasBuddy.

“Pode levar mais algumas semanas, no entanto, antes que os custos mais altos cheguem ao Centro-Oeste. Refinarias em Michigan, Wisconsin, Indiana e Ohio obtêm a maior parte de seu petróleo bruto do Canadá”, disse De Haan ao New York Times.

Alguns dos maiores varejistas dos EUA alertaram nesta semana que aumentos de preços em eletrodomésticos, vestuário e outros bens também são prováveis, pois a obra-prima vem majoritariamente da China.

Aumento no valor dos automóveis

As novas tarifas impostas por Trump aumentarão os preços dos automóveis novos, pois os fabricantes enviam dezenas de bilhões de dólares em automóveis acabados, motores, transmissões e outros componentes a cada semana através das fronteiras dos EUA com o Canadá e o México.

Atualmente, carros e caminhões novos já estão sendo vendidos por preços quase recordes, que, segundo especialistas, tendem a aumentar com as novas tarifas.

A General Motors, maior fabricante de automóveis dos EUA, sentirá o impacto das tarifas mais intensamente, pois possui fábricas no Canadá e no México que correspondem a quase 40% de todos os veículos que a empresa fez no ano passado na América do Norte.

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