EaD cresce no Brasil sob críticas de conselhos profissionais e notas baixas de avaliação

Reflexo da pandemia de Covid-19, o número de cursos oferecidos na modalidade à distância (EaD) cresce ano após ano, mas com a qualidade é questionada por conselhos profissionais. Presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) diz ser “terminantemente contra o EaD para a formação de profissionais de enfermagem”. “Essa modalidade tem provocado uma verdadeira tragédia no campo da saúde, perpetrando a formação de profissionais de baixíssima qualidade para atender a população brasileira”, justifica Manoel Neri, presidente do Confen.

Entre 2011 e 2021, o número de ingressantes em cursos superiores de graduação, na modalidade de educação a distância (EaD), aumentou 474%. No mesmo período, a quantidade de ingressantes em cursos presenciais diminuiu 23,4%. Se, em 2011, os ingressos por meio de EaD correspondiam a 18,4% do total, em 2021, esse percentual chegou a 62,8%.

Dados levantados pelo Jornal Folha de SP. mostram que dos 47 mil polos de EaD que existem no País, 46% são terceirizados. As concessionárias pagam cerca de 30% do valor arrecadado com mensalidade para a detentora do serviço, aponta o Ministério da Educação (MEC).

Sem inspeção

Com a autorização da terceirização, o MEC também deixou de realizar inspeções presenciais nessa unidade. “O MEC já proibiu a abertura de novos cursos nessa modalidade e anunciou que vai criar um novo marco regulatório para o setor, mas foram anos de descontrole, que permitiram a proliferação de cursos sem a menor qualidade. No campo da Enfermagem, é improvável que um aluno formado dessa forma consiga exercer a profissão e prestar assistência à população com segurança técnica”, opina Manoel Neri.

O País teve, em 2022, mais de 3,1 milhões de alunos na modalidade à distância, enquanto 1,6 milhões ingressaram no presencial. As profissões mais afetadas são a Pedagogia, Administração, Contabilidade, Sistemas de Informação, Gestão de pessoas e Enfermagem. “O que ocorreu foi uma massificação, e não uma democratização do ensino superior”, alerta Julio Bertolin, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Passo Fundo.

Já quando o assunto é a relação entre matrícula e modalidade de ensino, a expansão da EaD ficou, mais uma vez, evidenciada. Em 2021, foram mais de 3,7 milhões de matriculados em cursos a distância. O número representa 41,4% do total. Na série histórica destacada pela pesquisa (2011 a 2021), o percentual de matriculados em EaD aumentou 274,3%, enquanto, nos presenciais, houve queda de 8,3%.

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