China desafia Trump sobre Gaza e amplia influência no Oriente Médio

A China está ampliando sua atuação no Oriente Médio ao se opor à proposta de Donald Trump de tomar controle da Faixa de Gaza e reassentar sua população. O governo chinês reafirmou seu apoio à criação de um Estado palestino e criticou a abordagem norte-americana, que tem sido alvo de forte rejeição entre países árabes e na ONU.

“Gaza pertence aos palestinos e é uma parte inseparável do território palestino”, declarou o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Chen Xiaodong, em reunião com embaixadores de países árabes em Pequim no dia 8 de fevereiro. O chanceler Wang Yi também reforçou essa posição ao afirmar que “Gaza é território palestino e não deve ser vítima da política internacional”.

O posicionamento de Pequim ocorre em um momento em que os Estados Unidos reforçam seu apoio a Israel. A recente visita do secretário de Estado Marco Rubio a Jerusalém e o envio de 1.800 bombas norte-americanas ao Exército israelense aumentaram as tensões na região e geraram preocupação sobre o futuro do cessar-fogo entre Israel e Hamas.

China desafia os EUA e fortalece laços no mundo árabe

Enquanto Trump e Netanyahu mantêm uma postura agressiva, a China se apresenta como alternativa diplomática no Oriente Médio. Pequim tem intensificado laços com países árabes, defendendo uma solução baseada nas resoluções da ONU e no reconhecimento de um Estado palestino dentro das fronteiras de 1967.

Em resposta ao agravamento da crise humanitária em Gaza, a China enviou 60 mil pacotes de alimentos, transportados via Jordânia. Segundo Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, “a crise humanitária em Gaza precisa de atenção contínua e maior apoio internacional”.

Enquanto isso, Washington anunciou a suspensão total da sua ajuda externa através do bloqueio do USAID.

A posição de Pequim também reflete preocupações econômicas. O conflito tem impactado rotas comerciais no Mar Vermelho, onde rebeldes houthis atacaram embarcações, afetando as cadeias de suprimentos da China para a Europa. Pequim busca um desfecho diplomático que estabilize a região e proteja seus interesses comerciais.

Pragmatismo: Pequim mantém relação com Israel, apesar de divergências

Apesar da tensão gerada pela posição chinesa sobre Gaza, Pequim busca manter laços com Israel. O ministro das relações internacionais, Wang Yi, se reuniu na última semana com o chanceler israelense Gideon Sa’ar na Conferência de Segurança de Munique, no primeiro encontro de alto nível entre os dois países desde o início da guerra.

“China sempre vê o desenvolvimento das relações com Israel a partir de uma perspectiva de longo prazo”, disse Wang, destacando a parceria estratégica entre os dois países.

Israel é um dos poucos países desenvolvidos que participam da Iniciativa do Cinturão e Rota, projeto chinês de infraestrutura global. Pequim tem interesse em manter investimentos em tecnologia e infraestrutura israelenses, apesar das divergências sobre Gaza.

Por outro lado, Sa’ar pediu que Pequim adote uma posição mais “equilibrada” na região e defendeu mais pressão econômica sobre o Irã.

China reavalia estratégia na Síria

A influência chinesa no Oriente Médio também se expande para a Síria, onde o governo de Bashar al-Assad foi recentemente derrubado. O novo líder, Ahmed al-Sharaa, se encontrou com o embaixador chinês em Damasco, Shi Hongwei, no primeiro contato bilateral desde a mudança de regime.

Pequim tem preocupações com a presença de combatentes uigures ligados ao Turkistan Islamic Party, grupo considerado terrorista pelo governo chinês. A China busca garantias de que esses militantes não representarão ameaça à sua segurança interna e avalia seu envolvimento na reconstrução da Síria.

Um novo equilíbrio de poder?

A crescente presença diplomática da China no Oriente Médio indica uma mudança na dinâmica de poder na região. Enquanto os EUA apostam em apoio militar a Israel, Pequim avança com diplomacia e ajuda humanitária.

O confronto de visões entre Trump e Xi Jinping pode redefinir alianças estratégicas, colocando a China como um ator-chave na mediação de conflitos no Oriente Médio. O desfecho da crise em Gaza e a reconstrução da Síria serão decisivos para consolidar esse novo papel chinês na região.

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