Maioria atribui culpa a Bolsonaro em denúncia de golpe, aponta pesquisa

A pesquisa CNT/MDA, realizada entre 19 e 23 de fevereiro com 2.002 entrevistas presenciais, mostra que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro (PL) e aliados por tentativa de golpe após as eleições de 2022 traz uma opinião forte do eleitorado contra o ex-presidente. Enquanto 55,8% dos entrevistados atribuem ao ex-presidente responsabilidade total (26,9%) ou parcial (28,9%) nas acusações, 27,6% o consideram inocente. Outros 16,6% não souberam ou não responderam.

A acusação apresentada pela PGR envolve, além de Bolsonaro, 33 pessoas, incluindo ex-ministros como Braga Netto e Augusto Heleno. Os crimes imputados são organização criminosa armada, abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, e o estudo foi encomendado pela Confederação Nacional de Transporte (CNT), que há duas décadas monitora opiniões sobre política e economia. A pesquisa CNT/MDA tradicionalmente aborda temas como avaliação de governo e percepção sobre a economia. Nesta edição, o levantamento incluiu perguntas específicas sobre a denúncia da PGR, refletindo a relevância do caso no atual cenário político nacional.

Direita vê motivação política; esquerda enxerga fundamento factual
O levantamento mostra que a denúncia da PGR dividiu os eleitores de acordo com sua orientação política. A divisão ideológica é evidente:

  • Eleitores de direita: 54% classificam a denúncia como “motivação política”, 25% veem mistura de fatos e política, e apenas 12% acreditam na legitimidade das acusações.
  • Eleitores de esquerda: 49% atribuem as acusações a fatos concretos, 26% combinam política e fatos, e 18% veem apenas motivação política.
  • Centro e centro-direita/esquerda: 41% enxergam ambos os fatores (fatos e política), 30% priorizam motivação política, e 20% consideram as acusações legítimas.

Denúncia histórica no STF
A PGR denunciou Bolsonaro e 33 aliados em 18 de fevereiro por crimes como organização criminosa armada, golpe de Estado e tentativa de “abolição violenta do Estado democrático”. A acusação inédita no país baseia-se em investigações sobre ações do ex-presidente e auxiliares, como os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno, para supostamente criar um clima de instabilidade pós-eleição e manter-se no poder.

O caso está sob análise da Primeira Turma do STF, composta por cinco ministros, que decidirão se aceitam ou não a denúncia. Se aprovada, Bolsonaro enfrentará o primeiro julgamento de um ex-chefe de Estado por crimes contra a democracia.

Implicações políticas e judiciais
A pesquisa reflete o cenário de polarização que persiste no Brasil: enquanto parte significativa da população apoia a narrativa de perseguição política a Bolsonaro, outra parcela endossa a tese de que houve uma tentativa organizada de subverter a ordem democrática.

Analistas apontam que o desfecho do caso no STF poderá acirrar ainda mais as tensões, principalmente se a denúncia for aceita. Para além do tribunal, os números revelam que a imagem de Bolsonaro segue como um divisor de águas: quase dois anos após sua derrota eleitoral, ele permanece como figura central no debate sobre os rumos da democracia brasileira.

Dados da pesquisa: CNT/MDA, margem de erro de 2,2 p.p., nível de confiança de 95%.

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