Apoiadora de Bolsonaro, neta de ministro nazista perde para a esquerda na Alemanha

A eleição alemã deste domingo (23) trouxe um resultado emblemático: Beatrix von Storch, uma das principais figuras da extrema direita do país, perdeu sua cadeira no parlamento para Ines Schwerdtner, líder do partido A Esquerda (Die Linke). Beatrix, de 53 anos, neta do ex-ministro das Finanças de Adolf Hitler, Lutz Graf Schwerin von Krosigk, foi derrotada no distrito eleitoral de Berlin-Lichtenberg, onde era representante do Alternativa para a Alemanha (AfD).

O pleito, marcado pelo maior crescimento da extrema direita desde o governo nazista, teve como vencedor o partido conservador União Democrática Cristã (CDU). Contudo, o Die Linke surpreendeu ao conquistar 8,8% dos votos, garantindo uma representatividade significativamente maior no parlamento.

Beatrix von Storch: uma figura polêmica da extrema direita

Beatrix von Storch se tornou uma das principais vozes do AfD, partido nacionalista-conservador que se consolidou como a maior força de oposição na Alemanha, com 86 cadeiras. Conhecida por suas declarações inflamadas contra imigrantes e movimentos progressistas, ela ganhou notoriedade internacional ao se encontrar com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro em 2021. Na ocasião, defendeu a conexão global entre conservadores para enfrentar a esquerda.

Entre suas polêmicas, Beatrix já defendeu o uso de armas contra imigrantes na fronteira e criticou a presença da língua árabe em comunicações oficiais da polícia alemã. Suas posições lhe renderam investigações por possíveis violações da lei contra crimes de ódio.

Apesar de seu alinhamento com figuras como Donald Trump e Steve Bannon, e de seu esforço para fortalecer a extrema direita global, Beatrix não conseguiu manter seu mandato no Bundestag, simbolizando um revés para a ascensão de sua ideologia.

Ines Schwerdtner: a ascensão de uma nova esquerda

A vitória de Ines Schwerdtner representa uma mudança na paisagem política do distrito de Lichtenberg. Jornalista e ex-editora da edição alemã da revista “Jacobin”, Schwerdtner, de 35 anos, conseguiu renovar o eleitorado do Die Linke, garantindo uma vitória expressiva com 34% dos votos.

A campanha socialista se destacou por defender pautas como moradia acessível, controle dos aluguéis e redução de custos básicos, como alimentação e transporte público. Além disso, o partido teve um grande apelo entre os eleitores de primeira viagem, conquistando 27% desse público.

O crescimento do Die Linke também foi impulsionado por um discurso viral da candidata Heidi Reichinnek, condenando a decisão dos conservadores de votarem ao lado do AfD. Esse movimento fortaleceu a percepção do partido como a principal oposição antifascista.

O futuro da política alemã

O resultado das eleições reflete uma Alemanha polarizada, onde o crescimento da extrema direita se contrapõe à resiliência de uma esquerda renovada. O AfD ainda é uma força significativa, especialmente entre a classe trabalhadora, onde obteve 38% dos votos. No entanto, a rejeição a essa linha ideológica fortaleceu movimentos progressistas, como demonstrado na vitória de Schwerdtner.

Com um governo liderado por conservadores e uma oposição dividida entre a extrema direita e os socialistas, a Alemanha se prepara para um período de intensos debates políticos. A derrota de Beatrix von Storch pode ser um símbolo de que, apesar do avanço da extrema direita, ainda há espaço para resistência e reconstrução de uma política baseada na inclusão e na justiça social.

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