Médico condenado por matar a ex é denunciado por adolescente por abuso sexual durante atendimento para dor no estômago


Alfredo Carlos disse à jovem que ela tinha o útero invertido e que essa era a causa das dores. Ele pediu que ela tirasse a roupa e disse que colocaria o órgão no lugar. Médico é suspeito de abusar sexualmente de adolescente que foi à consulta com dores de estômago, em Goiânia, Goiás
O médico Alfredo Carlos Dias Mattos Junior, condenado por matar a ex-mulher, foi denunciado por uma adolescente de 17 anos por abuso sexual. De acordo com denúncia oferecida pelo Ministério Público de Goiás obtida com exclusividade pela TV Anhanguera, o homem praticou o crime dentro do consultório, no Hospital Ruy Azeredo, em Goiânia. A adolescente foi buscar tratamento para uma dor no estômago, diz o texto.
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Alfredo Carlos é cirurgião gástrico e atendeu a adolescente acompanhada pela mãe em março de 2023. A defesa do médico informou que soube do caso por meio da veiculação da reportagem e que poderá se manifestar após ter mais detalhes do processo.
O Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) disse que ainda não foi notificado sobre o caso. O Hospital Ruy Azeredo informou que não foi intimado pela Justiça e que desconhece qualquer processo judicial relacionado ao médico. A unidade de saúde reforçou o compromisso em contribuir com o poder judiciário e não respondeu à reportagem se o médico continua atuando no hospital.
A denúncia diz que o médico solicitou exames, entre eles uma endoscopia e uma ultrassom endovaginal à jovem. Com os resultados, levados pela jovem e pela mãe a Alfredo no mês seguinte, o médico afirmou que ela tinha “anteversão do útero”, conhecida popularmente como “útero invertido”, e que essa era a causa das dores de estômago.
O documento relatou que o médico pediu que a adolescente retirasse a blusa, abaixasse a calça e se deitasse na maca para corrigir a posição do útero ali mesmo no consultório.
Médico Alfredo Carlos Dias Mattos Junior, condenado por matar a ex-mulher, é denunciado por abuso sexual, em Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
O texto diz que Alfredo iniciou a prática de atos libidinosos acariciando as mamas da adolescente, declarando que estava ensinando a fazer o autoexame.
“Em seguida, o denunciado colocou uma luva e introduziu os dedos na vagina da ofendida, manipulando o órgão genital por cerca de um minuto e meio, sob o pretexto de que estaria ‘colocando o útero no lugar’”, afirmou o texto.
Durante os abusos, a vítima sentiu dor e a mãe dela pediu que o médico parasse, informou o texto do MP. Foi então que Alfredo disse que já tinha colocado o útero no lugar, relatou a denúncia.
A adolescente e a mãe procuraram um ginecologista, que informou que o procedimento não tinha respaldo técnico, disse o MP.
Ouvido pela TV Anhanguera, o ginecologista e diretor da Maternidade Nascer Cidadão Rogério Cândido reafirmou que o procedimento não existe na ginecologia.
“O argumento para fazer uma mudança na posição do útero na região da vagina é descabido. Não existe esse procedimento no meio médico”, declarou Rogério.
Na denúncia, os promotores relatam ainda que outras pacientes já registraram ocorrência contra Alfredo Carlos por práticas semelhantes, “o que demonstra a habitualidade e a gravidade de sua conduta”.
Médico Alfredo Carlos Dias Mattos Junior é denunciado por abuso sexual de adolescente, em Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
A Justiça negou o pedido de prisão contra o médico solicitado pelo Ministério Público porque considerou que os argumentos usados pelos promotores são genéricos e se basearam nos relatos feitos pela suposta vítima e pela mãe dela.
No entanto, o juiz Marlon Rodrigo Alberto dos Santos determinou que Alfredo Carlos está proibido de exercer a medicina, além de não estar autorizado a sair de Goiânia por mais de oito dias sem autorização judicial. O médico também deve permanecer em casa entre as 22h e 6h. A proibição do exercício da medicina fica a cargo Cremego, diz a decisão judicial.
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Assassinato
O médico Alfredo Carlos Dias Mattos Junior foi condenado pela morte da ex-mulher Magda Maria Braga de Mattos ocorrido em Nova Lima (MG). O caso aconteceu em um hospital, no final da década de 1990. Segundo as investigações, Magda Maria foi internada para fazer uma cirurgia e tratar dores abdominais.
Por não aceitar que ela estivesse se relacionando com outro homem, Alfredo foi até o leito, dopou a mãe da vítima com um suco e aplicou álcool no soro da ex-mulher, informou a promotoria. Ao reagir com os medicamentos que Magda tomava, a substância provocou a morte dela.
O médico foi condenado pelo crime em 2011 e recebeu o direito de recorrer da decisão em liberdade. Ele se mudou para Goiânia e, em 2015, Alfredo Carlos foi preso em Rio Verde, no sudoeste de Goiás, enquanto realizava uma palestra.
Médico Alfredo Carlos Dias Mattos Junior foi condenado por matar a ex-mulher e preso em 2015, em Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
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