Lula cai do palco e descobre que a democracia não gosta de governo ruim

Do blog do Luis Tôrres

O governo Lula III baseou toda sua sustentação na defesa da democracia. E veio se segurando nela até então. Deu-lhe verniz. E proximidade com o Supremo Tribunal Federal. Mas o piso do palco desabou. Porque a estrutura não se sustenta somente com isso. O governo precisava entender que a defesa da democracia é o início, mas não um fim único e exclusivo de uma gestão. A finalidade é resultado positivo de governo.

Aliás, defende-se a democracia para que a maioria, de forma livre, escolha manter os bons governos com base em suas aprovações. A democracia, mãe da liberdade de escolha, no entanto, não sustenta governos ruins. E Lula não fez o dever de casa para que, numa democracia, ele seja a preferência da maioria. A democracia, neste sentido, bota para fora no momento certo, gestões que não dão resultados positivos. Especialmente na economia.

Uma inflação que esmaga o poder de compra do brasileiro, juros que não baixam por causa disso e um bate cabeça sem medidas para conter o desequilíbrio fiscal que o Brasil se encontra, gerando desconfiança de investidores e populares, são reflexos de um desestímulo quanto à expectativa da atual gestão.

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O governo do PT chega, portanto, neste terceiro ano com índices de aprovação que são a antessala da substituição “democrática”, de acordo os números recentes da pesquisa Datafolha. É possível que nem na época mais dura das Lava Jato, que resultou na prisão do atual presidente à época, a aprovação de Lula estava tão em baixa na avaliação popular.

E não se trata de debates ideológicos, de vídeos de Nicolas Ferreira e nem da capenga comunicação do governo ao longo dos dois primeiros anos. É que sem dinheiro – ou com dinheiro sem valor – não tem povo que fique feliz com seu presidente.

O pior e mais perigoso de tudo isso é que para o cenário que Lula está levando o Brasil é possível que não apenas a economia seja prejudicada e, com isso, a vida da maioria do brasileiro. Num país de arroubos antidemocráticos, é a própria democracia.

Ou seja, aquilo que era o maior e único bem que Lula se vangloriava preservar, ele mesmo coloca em risco ao manter um governo ruim e desaprovado. Porque se o nível de enfraquecimento baixar para níveis ainda mais insustentáveis, se houver um recrudescimento ainda maior na economia, aí os fantasmas de 2016 começarão a sair dos armários e voltarão a assombrar o atual governo antes mesmo das eleições de 2026. Ou alguém ainda tem alguma dúvida que o nebuloso cenário econômico da época foi uma das principais facilidades para que a tese de impeachment de Dilma Rousseff se alastrasse?

Não é (ainda) o que mostram os números da Datafolha no caso de Lula, visto que a aprovação de apenas 24% é a menor da história dos seus governos, mas a desaprovação ainda briga com os eleitores que estão no campo da avaliação “regular”. O problema é se esses 32% que ainda avaliam como regular penderam para reprovação.

Aí não tem Hugo Motta, Davi Alcolumbre ou Supremo Tribunal Federal que confronte a insanidade que ainda impera no Brasil para segurar um cenário de desastre completo.

Em outras palavras, se Lula quer realmente ajudar a preservar a democracia neste país dos extremos é bom começar logo a reagir para recuperar a imagem apresentando resultados com reflexos diretos à população.

Pela democracia, tem até outubro de 2026 pra isso. Fora dela, o prazo é imprevisível…

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