Liga Árabe considera ‘inaceitável’ deslocamento de palestinos proposto por Trump

A Liga Árabe rejeitou, nesta quarta-feira (12), a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de deslocar a população palestina da Faixa de Gaza para outros países do Oriente Médio. O plano, classificado como “inaceitável” pelo bloco, tem sido alvo de dura oposição de líderes da região e de países aliados.

O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, alertou para o impacto negativo da proposta durante a Cúpula Mundial de Governos em Dubai. Segundo ele, a ideia de Trump “esvaziar a Palestina de sua população histórica” compromete a estabilidade da região e abre caminho para um novo ciclo de violência no Oriente Médio. “Hoje, o foco está em Gaza, mas amanhã estará na Cisjordânia. Esta é uma tentativa de desmontar o direito histórico dos palestinos ao seu território”, declarou.

A proposta de Trump prevê que os palestinos sejam realocados para países como Egito e Jordânia, o que foi imediatamente rechaçado pelos governos desses países. O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, manifestou preocupação com a segurança nacional e enfatizou que não aceitará a entrada massiva de refugiados palestinos. A Jordânia, que já abriga uma grande população palestina, também rejeitou a possibilidade, classificando a proposta como uma ameaça à sua soberania e estabilidade.

O plano de Trump também gerou reações negativas de outros países e entidades internacionais. A China, por meio de seu ministério das Relações Exteriores, declarou que “Gaza pertence aos palestinos e é parte integrante do território palestino”, condenando qualquer deslocamento forçado da população local.

O presidente francês, Emmanuel Macron, classificou a proposta como uma “operação imobiliária” e criticou a abordagem unilateral do governo norte-americano.

O Egito anunciou que sediará uma cúpula de emergência da Liga Árabe em 27 de fevereiro para discutir os desdobramentos da proposta e buscar uma resposta coordenada para os desafios impostos ao povo palestino. A reunião deve contar com a presença de líderes regionais e representantes da ONU.

Trump apresentou sua proposta na semana passada, durante um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca. O republicano sugeriu que os Estados Unidos assumissem o controle da Faixa de Gaza e transformassem o território em uma “Riviera do Oriente Médio”. Desde então, o plano tem sido amplamente condenado por governos de todo o mundo.

O contexto político da proposta ocorre em meio às tensões crescentes entre Israel e o Hamas, enquanto um frágil cessar-fogo tenta ser mantido na região. O governo norte-americano tem pressionado o grupo palestino a entregar mais reféns israelenses como condição para a manutenção da trégua. Ao mesmo tempo, Israel ameaça retomar o massacre caso os termos do acordo não sejam cumpridos.

A proposta de deslocamento também gera preocupação entre os palestinos. Muitos habitantes de Gaza têm se manifestado contra a ideia de reassentamento, reforçando seu compromisso em permanecer em sua terra natal. “Prefiro comer escombros a ser forçado a deixar Gaza”, disse um morador local.

A posição firme da Liga Árabe e de outros líderes internacionais indica que a proposta de Trump dificilmente encontrará apoio na comunidade internacional. Enquanto isso, o futuro da Faixa de Gaza segue incerto, com a tensão entre os atores do conflito aumentando e a perspectiva de uma solução pacífica cada vez mais distante.

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