CEO da Ford alerta sobre efeito ‘devastador’ das tarifas de Trump

O CEO da Ford, Jim Farley, planeja uma viagem a Washington nesta quarta-feira, 12, para alertar membros do Congresso dos Estados Unidos que as tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México podem ter impacto “devastador” para as montadoras americanas e abrir “um rombo” na indústria automobilística do país.

O executivo discutiu os efeitos das tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump aos países vizinhos em uma conferência do setor automotivo promovida pela Wolfe Research, em Nova York, na última terça-feira. “No longo prazo, uma tarifa de 25% na fronteira com México e Canadá abrirá um rombo na indústria dos EUA como nunca vimos”, disse.

Para ele, essa medida de Trump daria uma vantagem injusta a concorrentes asiáticos e europeus, que não precisariam enfrentar tarifas semelhantes sobre carros importados nas suas regiões de origem.

“O presidente Trump falou muito sobre fortalecer a indústria automobilística dos EUA”, disse Farley, acrescentando que, até agora, a única coisa que o setor notou é “muito custo” e “muito caos”.

Farley pontuou ainda que a nova onda de tarifas anunciadas ou prometidas por Trump, como a tarifa de 25% sobre a importação de aço e alumínio, gera incerteza. “Estamos nos esforçando ao máximo para administrar a empresa de maneira profissional”, afirmou o CEO.

Uma reportagem da Bloomberg reuniu estimativas dos possíveis efeitos das tarifas de Trump sobre Canadá e México. Segundo a consultoria AlixPartners, elas podem trazer US$ 60 bilhões em custos adicionais para a indústria automotiva dos Estados Unidos. Grande parte desse custo mais elevado seria repassado aos consumidores, o que pode elevar o preço dos veículos novos em cerca de US$ 3.000, de acordo com estimativas de analistas da Wolfe.

Previstas para entrar em vigor no último dia 4 de fevereiro, as tarifas de 25% foram adiadas por um mês após acordos de Trump com os governos canadense e mexicano.

Um estudo da Brookings Institution, publicado no dia 3 de fevereiro, aponta que as exportações de veículos americanos diminuiriam 25% para o Canadá e 23% para o México com as tarifas.

Uma redução nas exportações entre os países da América do Norte, que sustentam mais de 17 milhões de empregos, poderia acarretar em uma perda de 177.000 postos de trabalho nos EUA, afirma a instituição.

Na sua ida a Washington nesta semana, o CEO da Ford também irá alertar os parlamentares sobre a revogação da principal legislação ambiental do ex-presidente Joe Biden, a Lei de Redução da Inflação (IRA, na sigla em inglês), que concede subsídios para a construção de fábricas de veículos elétricos e baterias nos EUA.

Farley afirma que a Ford já investiu bilhões de dólares para construir fábricas de veículos elétricos e baterias nos estados de Tennessee, Ohio, Michigan e Kentucky. Com o fim total ou parcial da IRA, muitos dos novos empregos criados “estarão em risco”.

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