Influenciadores impulsionam ‘avalanche’ de turistas argentinos no Brasil para tour de compras

A presença massiva de argentinos em Florianópolis surpreendeu os brasileiros na última semana. Várias lojas da capital catarinense, incluindo as das redes Decathlon e Havan, ficaram lotadas e com as prateleiras praticamente vazias.

Com o peso argentino valorizado em relação ao real, as cidades brasileiras se tornaram destinos mais acessíveis para os “hermanos”. De acordo com dados da Fecomércio, os argentinos representaram 22% dos visitantes no estado de Santa Catarina só nas primeiras semanas da alta temporada.

Em 2024, 1,9 milhão de argentinos visitaram o Brasil. A tendência é que esse grupo cresça em pelo menos 50% para todo o país no primeiro trimestre de 2025, de acordo com o Ministério do Turismo.

Por outro lado, o turismo de compras no Brasil parece estar sendo impulsionado também por diversos influenciadores argentinos, que esclarecem aos seguidores as vantagens de comprar por aqui.

Nas redes sociais, esses produtores de conteúdo têm compartilhado diversas postagens sobre os preços de produtos no Brasil, considerados mais baratos do que na Argentina. Os destaques ficam para alimentos e itens de higiene.

Em um vídeo no Instagram, o influenciador Carlos Velazco mostra a diferença dos valores de alguns alimentos e cosméticos vendidos em um mercado no Rio de Janeiro e em Rosario, cidade próxima de Buenos Aires.

Um sachê de molho de tomate, por exemplo, custa R$ 3,95 por aqui, enquanto o produto custa 818 pesos no país vizinho (algo em torno de R$ 4,47). O produtor de conteúdo também mostra que um shampoo de 200 ml é vendido por 4450 pesos argentinos (R$ 24,31), enquanto no Brasil o mesmo produto custa R$ 15,98.

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Já o influenciador Pedro Marin, do perfil “Finanzas e Inversiones”, compara em um vídeo o preço de uma lata de cerveja da marca Patagonia vendida no Brasil por 1500 pesos (R$ 8,25, na cotação atual), enquanto na Argentina a bebida sai por 3 mil pesos (R$ 16,39)

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Por outro lado, a influenciadora digital Salene Alberti demonstrou surpresa com os preços de alimentos no Brasil durante visita a um supermercado em Foz do Iguaçu, no Paraná. “Fiquei realmente chocada com os preços e TODAS AS COISAS QUE NÃO TEM NA ARGENTINA”, disse em uma publicação no Instagram.

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Em outra publicação, a turista fica impressionada com o custo de um lanche do McDonald’s no Brasil. De acordo com a influenciadora argentina, um combo com quatro hambúrgueres, três bebidas, duas batatas grandes, uma batata média e duas tortas custou em torno de 32 mil pesos (equivalente R$ 176).

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Melhoria na economia da Argentina?

A redução drástica da inflação na Argentina – que passou de 25,5% em dezembro de 2023 para 2,7% em dezembro de 2024 – ocorreu sobre preços já bastante altos.

Por outro, a Argentina se tornou mais cara para os turistas quando os gastos são em dólares, pois o governo manteve o controle sobre a cotação oficial do peso, o que resultou numa desvalorização mais lenta do que a inflação. Como consequência, a diferença entre o dólar paralelo e o oficial diminuiu a ponto de já não tornar os produtos significativamente mais baratos para os brasileiros que chegam com moeda estrangeira.

Além disso, o peso argentino se valorizou em relação ao dólar, enquanto o real perdeu força, criando um cenário que fez do Brasil um destino ainda mais atraente para os argentinos.

Desde que assumiu o governo, no fim de 2023, o presidente Javier Milei adotou medidas para conter o déficit fiscal e controlar a hiperinflação, que chegou a ultrapassar 200% anuais na Argentina em 2023.

O ajuste fiscal incluiu cortes em subsídios estatais, desvalorização da cotação oficial do peso argentino e uma desregulamentação do mercado. Como consequência, a população enfrentou um aumento considerável nos preços dos serviços e retração no consumo doméstico.

Agora, a segunda maior economia da América do Sul está mostrando sinais de melhora, impulsionada por setores como finanças e mineração, especialmente com a extração de petróleo em Vaca Muerta.

Entre outros sinais da retomada, há uma melhora no nível de emprego. Após meses em recessão, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que o PIB do país crescerá 5% em 2025.

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