Tarifas de Trump sobre alumínio podem causar saturação e preços desleais no Brasil, diz associação

A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) afirmou nesta terça-feira, 11, que vê com preocupação as tarifas de 25% implementadas pelo presidente americano Donald Trump e que a medida pode gerar “saturação do mercado interno” e “preços e concorrência desleais”.

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“Além dos impactos na balança comercial, preocupa ainda mais os efeitos indiretos associados ao aumento da exposição do Brasil aos desvios de comércio e à concorrência desleal. Produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano buscarão novos destinos, incluindo o Brasil, podendo gerar uma saturação do mercado interno de produtos a preços desleais”, disse a associação em nota.

A entidade afirmou que ainda não está claro se essa nova tarifa substituirá a sobretaxa existente de 10% da Seção 232 ou se será adicionada a ela, resultando em uma tarifa total de 35%.

“Os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros a esse mercado. Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa”, afirmou.

A ABAL disse ainda que, embora a participação do Brasil nas importações americanas de produtos de alumínio seja relativamente pequena, menos de 1%, os Estados Unidos são um parceiro comercial importante e correspondem a 16,8% das exportações brasileiras do metal, movimentando US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024.

Em termos de volume, os Estados Unidos foram o destino de 13,5% do total (72,4 mil toneladas) das exportações brasileiras de produtos de alumínio. Desse total, 54,2 mil toneladas estavam sujeitas à Seção 232, e chapas e folhas de alumínio corresponderam a 76% desse volume.

A entidade afirmou que os impactos vão continuar sendo avaliados, mas disse que a medida pode gerar um realinhamento nas cadeias globais de suprimento.

“A imposição das novas tarifas nos EUA também pode resultar em uma tendência de elevação dos preços regionais, especialmente nas regiões que dependem de importações, o que pode provocar um realinhamento nas cadeias globais de suprimento e modificar fluxos comerciais tradicionais”, afirmou a associação.

Como solução, a ABAL propõe a ampliação das discussões sobre o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial brasileiro e a “recalibração da política tarifária nacional” para corrigir o que chamou de “distorções”. Hoje, o Brasil vê uma inundação de metais chineses, um produto mais barato do que o produzido pelas empresas brasileiras.

“Esse cenário reforça a necessidade de ampliarmos as discussões sobre o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e a recalibração da política tarifária nacional, de forma a corrigir distorções no mercado para proteger a indústria nacional contra a concorrência desleal e os impactos adversos provenientes dessa nova reconfiguração internacional”, afirma.

Segundo a Casa Branca, a medida passa a valer em 12 de março. Inicialmente, não haverá exceções. Na véspera, a associação se reuniu com Tatiana Prazeres, secretária de Comércio Exterior do MDIC. A reunião já estava marcada antes da fala de Trump sobre a taxação do setor.

Como mostrou a EXAME, técnicos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) já calculam eventuais impactos para a economia nacional e as possíveis medidas de reciprocidade à alta norte-americana.

Leia o comunicado na íntegra

A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) manifesta preocupação com os impactos da nova medida tarifária anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que pretende impor um acréscimo de 25% sobre as importações de alumínio. Apesar do anúncio público da medida feito na segunda-feira (10/02) à noite, até o momento, o Decreto Executivo com os detalhes das medidas a serem aplicadas sobre o alumínio ainda não havia sido publicado no site do governo americano.

Portanto, ainda não está claro se essa nova tarifa substituirá a sobretaxa existente de 10% da Seção 232 ou se será adicionada a ela, resultando em uma tarifa total de 35%. E, conforme anunciado pelo Presidente Donald Trump, desta vez não haverá exceções ou isenções para nenhum país.

Na medida anterior (Seção 232, imposta em 2018), os Estados Unidos aplicaram tarifas de 25% sobre importações de aço e 10% sobre importações de alguns produtos de alumínio. No entanto, no caso do alumínio, alguns países receberam isenções totais (Canadá, México e Austrália) ou foram incluídos em acordos de cotas (Argentina, União Europeia e Reino Unido).

Os efeitos imediatos para o Brasil serão sentidos primeiramente nas exportações e na dificuldade de acesso dos produtos brasileiros a esse mercado. Apesar de os produtos de alumínio brasileiros terem plena condição de competir em mercados altamente exigentes como o americano, seja pelo aspecto da qualidade ou da sustentabilidade, nossos produtos se tornarão significativamente menos atrativos comercialmente devido à nova sobretaxa.

Embora a participação do Brasil nas importações americanas de produtos de alumínio seja relativamente pequena, menos 1%, os Estados Unidos são um parceiro comercial importante e correspondem a 16,8% das exportações brasileiras do metal, movimentando US$ 267 milhões do total de US$ 1,5 bilhão exportado pelo setor em 2024. Em termos de volume, os Estados Unidos foram o destino de 13,5% do total (72,4 mil toneladas) das exportações brasileiras de produtos de alumínio. Desse total, 54,2 mil toneladas das exportações estavam sujeitas à Seção 232, e chapas e folhas de alumínio corresponderam a 76% desse volume.

Além dos impactos na balança comercial, preocupa ainda mais os efeitos indiretos associados ao aumento da exposição do Brasil aos desvios de comércio e à concorrência desleal. Produtos de outras origens que perderem acesso ao mercado americano buscarão novos destinos, incluindo o Brasil, podendo gerar uma saturação do mercado interno de produtos a preços desleais.

A imposição das novas tarifas nos EUA também pode resultar em uma tendência de elevação dos preços regionais, especialmente nas regiões que dependem de importações, o que pode provocar um realinhamento nas cadeias globais de suprimento e modificar fluxos comerciais tradicionais.

Esse cenário reforça a necessidade de ampliarmos as discussões sobre o fortalecimento dos instrumentos de defesa comercial e a recalibração da política tarifária nacional, de forma a corrigir distorções no mercado para proteger a indústria nacional contra a concorrência desleal e os impactos adversos provenientes dessa nova reconfiguração internacional.

Posicionamento – Novas tarifas dos EUA sobre o alumínio brasileiro

Cenários desafiadores como este requerem sensibilidade e diálogo na construção de soluções que não são simples, mas que levem em consideração a necessidade de evitar disrupturas no suprimento de produtos e materiais estratégicos para a economia brasileira.

A ABAL está em diálogo com o governo brasileiro para compreender as implicações dessa medida e buscar soluções que mitiguem seus impactos sobre a economia nacional no curto e médio prazo, garantindo um ambiente mais competitivo para a indústria do alumínio brasileiro.

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