EXCLUSIVO: Baldan prevê R$ 500 milhões em investimentos e nova fábrica até 2030

Cascavel (PR) – Há três anos a chave virou para a Baldan. Criada em 1928 por imigrantes italianos, a companhia, com sede em Matão (SP), passou 94 anos produzindo basicamente máquinas, equipamentos e peças para o preparo de solo.

São produtos com pouca tecnologia embarcada, mas que garantem até hoje a resiliência financeira para a companhia com três unidades no interior paulista – duas em Matão e uma em Taquaritinga – e com negócios em até 80 países, alguns há mais de 40 anos.

Equipamentos mais robustos para o plantio já faziam parte do negócio. Mas o início da fabricação e da vendas de grandes pulverizadores mudou o patamar da empresa, em 2022. Na linha de produção dedicada para os equipamentos de alta tecnologia e valor agregado foram R$ 200 milhões em investimentos.

Em paralelo, a empresa familiar e com a quarta geração no conselho, profissionalizou sua gestão. A nova cartada da Baldan, antecipada ao AgFeed pelo CEO, Fernando Capra, é chegar ao centenário, com um novo ciclo de crescimento.

Serão R$ 500 milhões de investimento nos próximos cinco anos, a maior parte no meio para o final desse ciclo. O período do início dos aportes mais robustos, portanto, está previsto para perto do centenário da companhia, em 2028.

Uma parte considerável vai para a construção de uma nova fábrica da companhia. “Temos uma certa concentração na segunda metade do ciclo, porque aí é a expansão fabril”, revelou Capra, em conversa no estande da companhia no Show Rural Coopavel.

Segundo ele, não há definição do lugar e nem de quais serão os produtos fabricados na quarta unidade da Baldan. Tudo vai depender de qual mercado vai crescer até criar-se um gargalo produtivo e de qual região demandará mais.

Pela expansão dos centros de distribuição da companhia, dá para imaginar que o raio geográfico para a nova unidade é o mesmo do avanço do agronegócio brasileiro.

Os centros de distribuição estão localizados em Matão, Goiânia (GO) e Maringá (PR), este último inaugurado na semana passada. “Nosso objetivo é entregar a peça de 24 horas a 48 horas, caso seja necessário. Essas são bases de apoio para o nosso pós-venda”, afirmou Capra.

Até 2028, no entanto, o caminho vai ser de recuperação. Em 2024, a companhia sofreu, como todos os outros fabricantes de máquinas agrícolas, os reflexos do excesso de produção, queda nos preços, quebra na safra e redução na demanda.

Mas a Baldan penou menos. Enquanto o setor de máquinas e equipamentos recuou 20% e o de plantio caiu 30%, a queda na receita da empresa foi de “apenas” 5%, para cerca de R$ 760 milhões. Isso ocorreu graças à resiliência conquistada com os produtos mais robustos que a companhia fabrica há quase um século.

“A gente perdeu a participação em produtos de maior valor agregado, plantio e pulverização foram os que mais sofreram no mercado, mas conseguimos compensar em outras áreas e o coração da empresa que segurou o negócio”, resumiu o CEO da Baldan.

Segundo ele, mesmo “apertado financeiramente”, o produtor recorre ao preparo para o plantio. “A gente conseguiu neutralizar essa queda na receita em função dessa resiliência e da capilaridade de mercado que temos”.

Quando o planejamento para 2025 foi feito, ainda no terceiro trimestre do ano passado, o cenário ainda era nebuloso, segundo Capra. Mas, desde o final do ano passado houve uma melhora no ânimo dos produtores, de acordo com executivo.

A safra de verão, mesmo com problemas pontuais, deve ser grande e a expectativa da Baldan é crescer 10% este ano, pouco acima dos 8% projetados pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).

“Mas ainda será um ano difícil”, ponderou o CEO da Baldan. O problema agora é o impacto no financiamento da alta na taxa básica de juros, que caminha para entre 14% e 15% ao ano.

“Quando você fala nos produtos de alto valor agregado, entre R$ 800 mil e R$ 1,2 milhão, o financiamento é crucial. A gente está vendo para onde a Selic está indo e não há muito horizonte”.

Ao mesmo tempo, o governo não sinaliza uma equalização dos juros no Plano Safra favorável e novos investimentos, o que abre espaços para o mercado privado de investimentos e suporte aos produtores, na opinião de Capra.

“E aí é onde entra o mercado privado de financiamento, desde atuações em consórcios, até barter, passando por financiamentos diretos. E a gente já começa a olhar para essas alternativas”, explicou.

Fernando Capra, CEO da Baldan

Todas as gerações

A quase centenária Baldan também investe em parcerias com jovens empresas de tecnologia e startups. “Não adianta você criar um equipamento altamente tecnológico, que envolve um custo de manutenção. Então a gente adota esse modelo de parcerias com as startups e as empresas de tecnologia”, disse.

Uma dessas empresas é a alemã Nexat, conhecida por ter desenvolvido uma máquina de grandes dimensões, capaz de combinar, em um único sistema, todas as etapas  de trabalho em uma cultura, do preparo do solo à colheita, exigindo apenas a substituição de acessórios modulares – para cada processo, o equipamento encaixa o complemento, e a parceria com a Baldan utiliza os sistemas de plantio da brasileira.

Conforme mostrou o AgFeed em julho passado, a “máquina-monstro” da Nexat está em teste em propriedades do grupo Agro Basso na região de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, para o processo de adaptação à agricultura brasileira e validação da máquina.

“Evidentemente eles sabem que o Brasil é um mercado importante e viram na Baldan o parceiro ideal para fornecer esse sistema de plantio”, afirmou Capra.

Dos 97 anos da empresa, o CEO da Baldan não viveu nem um inteiro, já que foi apresentado como executivo da companhia em maio do ano passado, durante a Agrishow, em Ribeirão Preto.

Oriundo da Citrovita, do Grupo Votorantim, Capra sabe muito bem o que é trabalhar em um grupo familiar, tradicional e que busca tecnologia para se manter no mercado.

“A gente hoje tem uma gestão feita por executivos de mercado, com um conselho de administração muito presente e muito inspirador. A nossa missão é transformar, levar a Baldam para essa segunda etapa e para os próximos 100 anos”, concluiu.

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