20 anos após morte de Dorothy Stang, PDSs da Amazônia perderam mais de 20% de floresta

A defesa dos sem-terra e a luta pelo estabelecimento de assentamentos conhecidos como projetos de desenvolvimento sustentável (PDSs) custaram a vida da missionária norte-americana Dorothy Stang, assassinada a mando de grileiros em 12 de fevereiro de 2005, dentro do PDS Esperança, em Anapu (PA). Vinte anos depois do “martírio” de Dorothy – como suas companheiras costumam se referir ao caso –, os PDSs se multiplicaram na Amazônia Legal, mas estão longe de alcançar o que a missionária ligada à Comissão Pastoral da Terra (CPT) e os outros defensores da modalidade almejavam.

Um levantamento inédito da Agência Pública revela que os PDSs da região, planejados para promover um tipo de reforma agrária com proteção da floresta, sofreram, juntos, um desmatamento de pelo menos 496 mil hectares (ha) entre 2005 e 2023, o equivalente a mais de três vezes a cidade de São Paulo. Nesse mesmo período, a área ocupada pela agropecuária saltou de 4,38% para 22,27% – acima inclusive do limite que o Código Florestal permite em qualquer tipo de ocupação no bioma amazônico, que é de 20%. 

A análise foi feita a partir da base de uso e cobertura vegetal da plataforma MapBiomas, que contém dados de 94 PDSs presentes na Amazônia Legal. Em 25 desses assentamentos ambientalmente diferenciados, que deveriam ser muito mais protegidos do que as modalidades comuns, a área destinada à agropecuária já estava acima de 50% em 2023. Esse patamar é equivalente ao dos projetos de assentamento (PAs), historicamente mais desmatados.

Alguns se destacam pelo tamanho da transformação. Os PDSs Liberdade I (97,5 mil ha), Terra Nossa (53,4 mil ha), Ademir Fredericce (31,4 mil ha) e Itatá (20,9 mil ha) puxam a fila de assentamentos do tipo com maior aumento de área total destinada para a agropecuária no período. Os quatro estão na região da superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Santarém, que também abrange a região de Anapu.

PDS Liberdade I antes (2005) e depois (2023)

O avanço da destruição de áreas florestais dentro de assentamentos na Amazônia, tanto entre as modalidades comuns, como os PAs, quanto nos diferenciados, como os PDSs, foi detalhado em estudo lançado no ano passado por pesquisadores do Climate Policy Initiative (CPI), vinculado à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). 

A pesquisa revelou que os assentamentos, que representam 8% da Amazônia, responderam por 24% do desmatamento no bioma em 2023, e seu crescimento seguiu um padrão semelhante ao de outras áreas amazônicas. Além disso, boa parte da destruição foi feita em larga escala, algo que demanda muitos recursos financeiros – um indicativo de que não são os agricultores familiares assentados que estão botando a floresta abaixo. 

Por que isso importa?

  • Projeto idealizado pela missionária norte-americana Dorothy Stang e que lhe custou a vida visava fazer a reforma agrária aliada com a preservação da floresta; desenvolvimento sustentável na Amazônia é um desafio ainda não superado na Amazônia.
  • Ideia surgiu após descoberta de uma série de irregularidades fundiárias na região de Anapu (PA), problema que continua até hoje.

Na visão do analista sênior do CPI/PUC-Rio João Mourão, um dos autores do trabalho, medidas que vêm sendo adotadas fora dos assentamentos, como a intensificação da fiscalização, combinada com incentivos ao desenvolvimento sustentável, são um caminho para frear o avanço da destruição da floresta.

“Não vai ter uma solução para o desmatamento na Amazônia como um todo que não passe por conservar a floresta dentro da área assentada”, aponta Mourão. “Esse desmatamento não gera riqueza ou desenvolvimento para a população e está muito associado a grilagem, a uma economia ilegal que está cada vez mais ligada à violência na região”, diz.

Enfraquecimento do Incra ajuda a explicar desmatamento nos PDSs 

Criados em 1999, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e regulamentados no ano seguinte, os PDSs surgiram como uma solução mais sustentável em um momento em que, com o objetivo de conter o desmatamento, o estabelecimento de assentamentos comuns em áreas de floresta intocada estava proibido. 

O novo modelo, que teve a irmã Dorothy como uma das impulsionadoras, tinha como intenção criar um tipo de assentamento que ajudasse a evitar a destruição da Amazônia, unindo a reforma agrária com a conservação e o manejo sustentável da floresta. 

A proposta dos PDSs se assemelha à das reservas extrativistas (Resex) defendidas pelo seringueiro Chico Mendes – igualmente assassinado na luta pela terra e pelo meio ambiente. A diferença é de alvo: a modalidade da reforma agrária beneficia famílias que não necessariamente são de comunidades tradicionais. Assim como nas reservas, em vez de títulos individuais de terra, os assentados nos PDSs recebem uma titulação coletiva, chamada de Contrato de Concessão do Direito Real de Uso (CCDRU).

Além disso, enquanto nos assentamentos comuns na Amazônia os assentados geralmente recebem 100 hectares de terra e devem manter uma reserva legal individual de 80%, os lotes nos PDSs costumam ter 20 hectares, e a reserva legal é coletiva. Seu uso, que permite manejo florestal e atividades extrativistas, por exemplo, deve ser determinado em conjunto pelos moradores. Pelo menos na teoria.

“Os PDSs funcionam? Eu não sei”, afirma o geógrafo Maurício Torres, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA). “Eu trabalho com isso e não conheço nenhum PDS implementado. Eles foram delimitados, foram portariados, algumas famílias estão lá, mas eles nunca foram de fato implementados. As políticas públicas que caracterizam sua implementação não chegaram ao fim em nenhum deles”, diz.

Ele cita como exemplo a falta de assistência técnica, demarcação do lote, criação e manutenção de sistema viário, acesso a crédito e garantia da integridade territorial dos assentamentos.

Para as fontes ouvidas pela Pública, uma questão sobressai entre os motivos que fizeram com que o PDSs não alcançassem seus objetivos: a falta de estrutura do Incra. O órgão passou por um processo de esvaziamento ainda no final do governo Dilma (PT), que se aprofundou nos governos de Michel Temer (MDB) e, em especial, de Jair Bolsonaro (PL). No atual governo Lula (PT), as ações do órgão iniciaram uma retomada, ainda considerada insuficiente.

“Com o enfraquecimento do Incra e da fiscalização ao longo dos anos, essas áreas coletivas foram invadidas por madeireiros, por grileiros, médios fazendeiros, o que inviabiliza a continuidade do PDS na forma como ele foi idealizado. Por mais que o Incra tenha pessoas muito comprometidas, não tem orçamento, não tem recursos humanos”, aponta José Batista Afonso, advogado da CPT na diocese de Marabá (PA).

“O assentamento não é só a entrega da terra. Ele demanda uma série de ações complementares, e a ausência dessas ações vai desestimulando a família que se instala e acaba percebendo que aquela perspectiva que ela tinha não vai se concretizar. Com isso, ocorre uma rotatividade muito grande de famílias assentadas, o que deixa muito difícil o controle social e o cumprimento das regras [dos PDSs]”, explica Roberto Porro, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele atuou no PDS Virola-Jatobá, em Anapu, e denunciou invasões no assentamento em entrevista à Pública em 2017.

Assentamentos “fantasmas” foram criados após assassinato

Até a morte de irmã Dorothy, 11 assentamentos na modalidade PDS haviam sido criados nos estados da Amazônia Legal. Entre eles, estavam os PDSs Anapu I, mais conhecido como Esperança, e o Virola-Jatobá, na época constituído por dois lotes, Anapu III e IV, e posteriormente ampliado. 

Nos últimos 20 anos, o número aumentou quase dez vezes, com 104 PDSs na Amazônia Legal e 135 no país como um todo, segundo dados do Incra.

O boom de novos PDSs na região amazônica ocorreu entre junho de 2005 e o final de 2007, na esteira do assassinato da religiosa. Em 2006, só na superintendência do Incra em Santarém, também criada em resposta ao crime, foram 40 novos assentamentos do tipo. Mas, segundo fontes ouvidas pela Pública, boa parte desses PDSs tinha como objetivo beneficiar madeireiros, que precisavam de áreas regularizadas para extração de madeira, e não os trabalhadores sem terra.

“O que a superintendência do Incra propunha naquele momento era que as famílias assentadas nos PDS fizessem parceria com os madeireiros e cedessem as reservas legais dos assentamentos”, explica um servidor do Incra, que pediu para não ser identificado na reportagem. 

“As madeireiras seriam uma espécie de faz-tudo nos assentamentos, criando barracão para atendimento, abrindo estradas… Iam fazer tudo o que o Incra deveria fazer. É um negócio que foi feito para dar errado e, de fato, deu. De certa forma, isso foi desmoralizando a própria modalidade”, aponta o servidor.

Uma parcela dos PDSs criados à época acabou cancelada, depois de uma ação do Ministério Público Federal (MPF) ter questionado irregularidades no processo de criação dos assentamentos. 

Os problemas também foram alvo de denúncias de ONGs e da imprensa, que chegaram a revelar que alguns dos assentamentos eram “fantasmas” e não tinham moradores de fato. Além de beneficiar madeireiros, como apontado no relatório “Assentamentos de Papel, Madeira de Lei”, lançado pelo Greenpeace em 2007, o esquema também teria ajudado a inflar os números da reforma agrária no final do primeiro governo Lula. 

“A metodologia [de criação dos PDSs] previa uma série de coisas, desde a seleção da família até o final do procedimento, que seria a concessão do CCDRU. Só que nada disso é seguido. A seleção sempre foi feita como se faz com o PA [assentamento comum]. O controle que tinha que ter dessas áreas para não ter invasão de madeireira e grilagem, não se consegue fazer”, aponta o servidor da autarquia fundiária.

Ele destaca que pessoas com visões políticas contrárias aos PDSs – e até mesmo contrárias à própria reforma agrária – estiveram à frente de superintendências do Incra na região ao longo dos anos, dificultando ainda mais o estabelecimento dos projetos.

Nos últimos anos, se acelerou o processo de descaracterização dos PDS na Amazônia Legal. Desde 2020, pelo menos 12 assentamentos do tipo PDS tiveram a mudança de modalidade aprovada pelo Incra, segundo levantamento da Pública feito no Diário Oficial da União. Todos passaram a ser projetos de assentamento (PA) comuns. Foram dez casos no Acre, um no Amazonas e um no Pará. 

Parte desses assentamentos foi incluída no levantamento feito pela reportagem por ainda constarem na base do MapBiomas e porque a maior parte da devastação florestal ocorreu enquanto ainda eram caracterizados como PDSs.

PDSs que Dorothy idealizou resistem a duras penas

Na terra onde Dorothy Stang foi assassinada – ainda hoje um dos lugares mais violentos da Amazônia –, os dois projetos de desenvolvimento sustentável que a missionária ajudou a erguer seguem de pé. Mas a floresta dentro deles nem tanto.

“Desde o começo, quando a Dorothy ainda nem tinha esfriado no caixão, já tinha lideranças brigando com a ideia de só ter 20 hectares, querendo 100”, conta a irmã Jane Dwyer, uma das religiosas da CPT que deram continuidade ao trabalho de Dorothy. Nos primeiros anos, ela relata, o Incra estava presente nos assentamentos e os assentados conseguiram escolas e postos de saúde. Depois, a presença da autarquia foi minguando e os projetos foram se enfraquecendo

No PDS Anapu I, mais conhecido como Esperança, a área ocupada por agropecuária era de 971 hectares em 2005 (4,76% da área total), quando a missionária foi morta, e saltou para 6,28 mil hectares (30,78% da área total) em 2023. A área desmatada aumentou mais de 547%.

PDS Esperança/Anapu I antes (2005) e depois (2023)

Localizado na parte sul da Transamazônica, o solo mais fértil do Esperança fez com que a maior parte dos assentados focasse em suas próprias plantações, e nunca houve a realização de projetos para manejo florestal ou extrativismo da reserva legal coletiva, como prevê a modalidade de PDS. Só que o solo fértil também despertou a cobiça de invasores, que se multiplicaram no local ao longo dos anos.

No assentamento, a disputa entre o grupo mais fiel ao projeto de Dorothy Stang, que continua enfrentando ameaças de invasores, e o de assentados contrários ao modelo existe desde antes de sua morte. Em 2011, a parcela minoritária vinculada aos ideais da missionária chegou a acampar na rodovia Transamazônica exigindo que fosse instalada uma guarita para proteger o território, pleito que acabou atendido. 

No final de 2015, um funcionário de uma empresa de segurança contratada pelo Incra, que trabalhava na guarita, foi assassinado, em crime que teria relação com o conflito por terra na região. No ano seguinte, a mudança de governo e do comando do Incra a partir de 2016 fez com que o monitoramento fosse descontinuado, abrindo novamente as portas para invasores.

“Quando o Incra sai, as próprias famílias que estavam fortalecidas, que estavam à frente do processo [de defesa do PDS], ficaram enfraquecidas”, aponta o servidor da autarquia que preferiu permanecer anônimo. Com a ausência do Incra, a venda ilegal de lotes e o estabelecimento de chácaras em áreas de reserva legal no PDS Esperança se aprofundaram, deixando o assentamento cada vez mais distante de cumprir seu objetivo inicial.

Do outro lado da Transamazônica, também em Anapu, o PDS Virola-Jatobá viveu uma trajetória bastante diferente.

No assentamento, o solo menos fértil estimulou os assentados a buscar outros meios de sobreviver. Em 2008, em parceria com uma empresa privada, eles iniciaram a exploração sustentável da reserva legal coletiva, com manejo de madeira, uma das possibilidades que o projeto original do PDS previa. A parceria durou até 2013, quando uma normativa do Incra proibiu a atuação de empresas nos assentamentos.

“O Virola-Jatobá chegou muito perto de ter um modelo exitoso de PDS, em que o uso comum da reserva legal por meio de um manejo florestal trouxesse benefícios para as famílias em termos até mesmo monetários, além do benefício ambiental de conservação”, diz Roberto Porro, da Embrapa, que atuou no PDS.

A partir do ano seguinte, a associação que representa os assentados estabeleceu parceria com a Embrapa e com universidades, visando dar continuidade ao manejo sustentável. Só que o projeto esbarrou em burocracias governamentais e em disputas internas, que existiam desde o início, mas que se aprofundaram com a alta rotatividade de assentados e a chegada de pessoas com menos ligação com o projeto. 

Em 2015, a guarita que os próprios assentados mantinham para proteger o território foi desativada, abrindo caminho para uma proliferação de invasões. Se em 2005, apenas 350 hectares do assentamento eram ocupados pela agropecuária, menos de 1% da área do PDS, em 2023 o número saltou para quase 5,8 mil hectares, cerca de 14%. O aumento foi de mais de 1.550% ao longo do período.

PDS Virola Jatobá antes (2005) e depois (2023)

Um dos primeiros moradores do assentamento e liderança da associação do Virola-Jatobá, Elvenício dos Santos conviveu com Dorothy Stang e conhece como poucos a história do assentamento. 

Por defender a filosofia dos PDSs, o agricultor já sofreu uma série de ameaças, especialmente de pessoas que acreditam que ele está por trás das tímidas intervenções do Incra no assentamento, que voltaram a ocorrer no atual governo. Em agosto do ano passado, quando o tom das intimidações escalou, ele e sua família chegaram a passar um tempo fora do Virola-Jatobá. 

Em entrevista à Pública, ele cobrou fiscalização contínua e lamentou a interrupção do manejo da reserva legal, ainda hoje não restabelecido.

“A gente correu muito atrás, mas não conseguiu. Trabalhar com madeira é difícil, o governo impõe muitos obstáculos que não era para ter. E aí, hoje, a reserva é invadida por pequenos e por grandes também. Tem gente que derrubou quase 500 hectares de uma vez, outros derrubaram quase 1.000. Tem uma briga grande por trás”, relata.

A despeito das dificuldades, os defensores do modelo sustentável defendido por Dorothy Stang com a própria vida seguem acreditando e lutando para que os PDS continuem de pé.

“É o espírito de Dorothy que anima este povo, que faz eles continuarem a acreditar. Aqui [nos PDSs em Anapu], sim, o nível de consciência é um pouco mais alto em termos de defesa da terra, da floresta e da crise climática. Mas a ameaça continua, porque há uma resistência grande a acreditar nisso, porque o que é importante hoje é o mercado, não a vida. Mas o pessoal caminha”, diz a irmã Jane.

Nó fundiário de Anapu foi estopim do assassinato de Dorothy

A cidade de Anapu surgiu na esteira da construção da rodovia Transamazônica, conduzida pela ditadura militar a partir dos anos 1970, como relata o livro O silêncio da motosserra, de Claudio Angelo e Tasso Azevedo. A colonização no local se deu de duas maneiras: para os colonos pobres, o regime ditatorial concedeu lotes de 100 hectares ao longo dos 10 quilômetros iniciais de cada lado da rodovia; para os fazendeiros ricos, vendeu a preços irrisórios áreas de 3 mil hectares ao fundo das áreas dos colonos, por meio dos Contratos de Alienação de Terras Públicas (CATPs). 

A ideia era que os migrantes pobres de outras regiões do país, em especial do Nordeste, instalados na beira da nova estrada, servissem de mão de obra para grandes empreendimentos agropecuários comandados pelos sulistas e sudestinos.

Os CATPs tinham cláusulas de devolução, que previam a retomada das áreas pelo governo caso os compradores não fizessem uso efetivo da terra, desmatando pelo menos metade da área e estabelecendo negócios agropecuários. Muitos não cumpriram os contratos, mesmo tendo obtido empréstimos bancários usando as terras, e vários revenderam os terrenos sem autorização.

Entre o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000, programas governamentais e os rumores sobre a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte – que só viria a se consumar anos depois – atraíram para a região um novo contingente de sem-terra. 

A solução proposta por Dorothy Stang, após fazer um levantamento fundiário da região, era acomodar essa massa de trabalhadores com a retomada pelo Incra das terras públicas improdutivas que estavam na mão de fazendeiros, conforme previsto nos CATPs, e com o estabelecimento de projetos de desenvolvimento sustentável. 

Os dois PDSs de Anapu foram instalados em 2004, mas alguns lotes seguiram em disputa, sendo reivindicados por grileiros e pelos sem-terra e seus aliados, incluindo irmã Dorothy, que queriam a ampliação da área dos PDSs. 

Paralelamente a isso, o depoimento da missionária a uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado serviu para irritar ainda mais seus detratores. Na ocasião, ela revelou o uso de áreas da cidade paraense em um esquema de corrupção bilionário que veio à tona no final do governo FHC.

A defesa dos PDSs e sua voz ativa contra os desmandos na região foram as principais motivações para o assassinato da missionária. Segundo a polícia, o crime foi encomendado pelos grileiros Vitalmiro Bastos de Moura (Bida) e Regivaldo Galvão (Taradão) e executado pelo pistoleiro Rayfran das Neves Sales (Fogoió), que estava acompanhado de Clodoaldo Carlos Batista. Amair Feijoli da Cunha (Tato) foi o intermediador da trama homicida. Dorothy morreu com seis tiros, dentro do PDS Esperança, um dos que ajudou a erguer.

Desde que a religiosa foi morta, a CPT contabilizou pelo menos outros 21 assassinatos ligados à luta pela terra no município. Na maior parte dos casos, reinou a impunidade.

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