Justiça homologa a recuperação judicial do Grupo João Santos

A Justiça de Pernambuco homologou o plano de recuperação judicial do Grupo João Santos.A proposta, homologada na sexta-feira, em decisão do juiz Marcus Vinícius Barbosa de Alencar Luz, já havia sido aprovada pelos credores, indicando o dobro dos valores trabalhistas a serem pagos e abrindo caminho para uma nova fase de investimento e crescimento.

Trabalhador do grupo João Santos na fábrica da Nassau em Cachoeiro: Grupo teve faturamento de R$ 1 bilhão

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Kadidja Fernandes/ AT — 08/11/2024

O advogado Gustavo Matos, sócio da Matos Advogados, escritório que conduz o processo, explicou que, com a homologação do plano de recuperação judicial, o Grupo vai poder colocá-lo em prática.“A Justiça com isto concede a Recuperação Judicial do Grupo João Santos. Com a concessão, a gente vai implantar agora a execução do plano, começar a fazer os pagamentos aos credores. Cada classe de credor tem uma espécie própria para receber seus créditos”, disse.Conforme já havia explicado o economista João Rogério Alves Filho, da PPK Consultoria, responsável pela estruturação econômico-financeira do plano, a proposta, aprovada por 50,9% dos credores presentes em assembleia, foi sintetizada em ata e apresentada em juízo com requerimento da empresa para a concessão da recuperação judicial. A proposta homologada foi resultado do aprofundamento do diálogo entre credores e a nova gestão, que assumiu em agosto de 2022. O plano de recuperação teve início no final de dezembro de 2022, quando a nova gestão realizou minucioso levantamento do patrimônio, dos credores, do passivo e dos ativos do Grupo.De lá para cá, já foi retomada a atuação de duas fábricas, estando atualmente quatro delas em funcionamento, o que resultou num faturamento anual de R$ 1 bilhão. Antes de os credores aprovarem o plano, o Grupo já havia firmado o maior acordo de transação tributária do País com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, que assegura a quitação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para mais de 22 mil trabalhadores.Segundo o copresidente do Grupo Guilherme Rocha, a homologação representa uma nova era para o Grupo João Santos. Para Nivaldo Brayner, também copresidente do Grupo, o ânimo está fortalecido, assim como a confiança para enfrentar os desafios ainda existentes.

Plano de reabrir uma fábrica neste ano e outra em 2026

Fábrica do Cimento Nassau, em Cachoeiro de Itapemirim/ES

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Kadidja Fernandes/ AT — 08/11/2024

Dentro do planejamento do Grupo João Santos está a reabertura de duas fábricas, sendo uma neste ano e outra em 2026, totalizando seis em pleno funcionamento a partir do ano que vem. Foi o que relatou o economista João Rogério Alves Filho, da PPK Consultoria, responsável pela estruturação econômico-financeira do plano de recuperação judicial.“Desde o início do plano de Recuperação Judicial, o Grupo já retomou a atuação de duas fábricas, estando com quatro unidades em pleno funcionamento, o que já resultou num faturamento de R$ 1 bilhão”, relata.O advogado Gustavo Matos, sócio da Matos Advogados, escritório que conduz o processo, também detalhou que, na área trabalhista, os valores serão desembolsados em 12 meses para pagar a cerca de 26 mil trabalhadores. O acordo havia sido aprovado por 50,9% dos credores presentes na assembleia que havia sido realizada.ENTENDASob nova administração desde 2022Mudança de gestãoO Grupo João Santos passou por uma mudança de gestão a partir de agosto de 2022 e teve seu processo de recuperação judicial iniciado no final de dezembro daquele ano, quando começou um trabalho minucioso de levantamento do patrimônio, dos credores, do passivo e dos ativos.Em pouco mais de um ano, o Grupo retomou a operação de duas fábricas, somando quatro em atividade em 2023, o que resultou num faturamento de R$ 1 bilhão.O planejamento do Grupo João Santos é de reabrir mais uma fábrica neste ano e outra no ano que vem, totalizando seis fábricas em pleno funcionamento a partir de 2026.Acordo com a procuradoriaEm agosto de 2023, o Grupo João Santos fechou acordo com a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional para a regularização de dívidas de cerca de R$ 11 bilhões. Com descontos sobre juros, multas e encargos, a dívida ativa com a União foi reduzida para cerca de R$ 4 bilhões, sendo que R$ 2,5 bilhões já foram pagos com prejuízos fiscais.Outros R$ 230 milhões foram pagos em dinheiro, valor que foi utilizado para o pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).Plano aceitoO Plano de Recuperação judicial foi aprovado com aval de 50,9% dos credores que estavam presentes na assembleia geral. Durante a reunião, os representantes do Grupo apresentaram uma nova proposta, que dobrou o valor a ser pago aos credores trabalhistas.O grupoAs atividades do grupo no segmento sucroalcooleiro foram iniciadas em 1934, na cidade de Goiana, em Pernambuco, ampliando os segmentos de atuação a partir de 1951, com a fundação da fábrica de Cimento Nassau, marca reconhecida nacionalmente.Anos depois, mais fábricas foram incorporadas nos estados do Pará, Rio Grande do Norte, Piauí, Ceará, Espírito Santo e da Bahia. Depois ampliou a atuação para segmentos de celulose, agronegócios, comunicação, com a Rede Tribuna, e serviços como táxi aéreo e logística.

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