Hamas liberta três reféns israelenses em meio a cessar-fogo; Israel também libera palestinos

O grupo militante palestino Hamas devolveu três reféns israelenses neste sábado, 8, cuja aparência esquelética causou choque e revolta em Israel. Enquanto isso, Israel também iniciou a libertação de dezenas de prisioneiros palestinos, marcando a última etapa de um cessar-fogo que busca encerrar a guerra de 15 meses na Faixa de Gaza.

A devolução dos reféns e a reação israelense

Os israelenses Ohad Ben Ami e Eli Sharabi, sequestrados no ataque ao Kibutz Be’eri em 7 de outubro de 2023, e Or Levy, capturado no festival de música Nova, foram entregues pelo Hamas sob forte aparata militar. Os três foram conduzidos a um palco montado pelos militantes, onde aparentavam estar visivelmente debilitados, magros e pálidos.

“Ele parecia um esqueleto, foi horrível de ver”, declarou Michal Cohen, sogra de Ohad Ben Ami, ao canal Channel 13 News.

Durante a entrega, os reféns foram submetidos a perguntas de um militante mascarado, cercado por combatentes armados. O Hamas, que já havia desfilado combatentes em liberações anteriores, manteve sua postura de força, posicionando dezenas de seus integrantes na região central de Gaza para entregar os reféns ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). Posteriormente, os três foram levados a Israel, onde se reuniram com familiares e foram encaminhados a hospitais.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou a cena como “chocante” e afirmou que a situação será abordada com severidade. O presidente de Israel, Isaac Herzog, descreveu a cerimônia de libertação como “cínica e cruel”. Já o Fórum de Famílias de Reféns comparou a imagem dos três israelenses às fotos de sobreviventes do Holocausto, reforçando o apelo para a libertação de todos os reféns ainda em poder do Hamas.

Troca de prisioneiros e a reção palestina

Em contrapartida à libertação dos reféns, Israel libertou 183 prisioneiros palestinos, entre eles pessoas condenadas por ataques que resultaram em dezenas de mortes, assim como 111 detidos em Gaza durante o conflito.

Na Cisjordânia e em Gaza, multidões celebraram a libertação dos detidos, alguns dos quais retiraram as pulseiras da prisão em sinal de alívio. Entre eles estava Eyad Abu Shkaidem, condenado a 18 penas de prisão perpétua por planejar ataques suicidas em vingança às mortes de líderes do Hamas por Israel. “Hoje renasci”, disse ele ao chegar a Ramallah, enquanto era saudado por uma multidão.

O serviço médico do Crescente Vermelho Palestino informou que seis dos 42 libertados na Cisjordânia estavam em estado de saúde debilitado e necessitaram de atendimento hospitalar. Alguns relataram maus-tratos nas prisões israelenses. “A ocupação nos humilhou por mais de um ano”, declarou Shkaidem.

Contextualização histórica do conflito

A guerra entre Israel e o Hamas teve início em 7 de outubro de 2023, quando o grupo palestino lançou um ataque sem precedentes contra Israel, resultando na morte de mais de 1.200 israelenses e no sequestro de mais de 240 pessoas. Em resposta, Israel declarou guerra e iniciou uma ofensiva massiva na Faixa de Gaza, resultando na morte de mais de 40 mil palestinos, segundo autoridades locais.

O conflito atual é mais um capítulo de uma disputa histórica entre israelenses e palestinos que remonta ao fim do mandato britânico e à criação do Estado de Israel em 1948. Desde então, diversos conflitos armados ocorreram, incluindo as guerras de 1948, 1967 e 1973, bem como intifadas e operações militares israelenses contra o Hamas em Gaza.

Desde 2007, quando o Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza, a região tem sido palco de tensões constantes. Israel e Egito impuseram um bloqueio à área, alegando preocupações com a segurança nacional, o que gerou uma crise humanitária severa para os 2,3 milhões de habitantes de Gaza.

Análise dos impactos políticos e humanitários

A libertação de reféns e prisioneiros ocorre em um momento crítico das negociações para a consolidação do cessar-fogo. O governo israelense enfrenta pressão interna por soluções que garantam a segurança dos reféns remanescentes sem comprometer a estratégia militar contra o Hamas. Para Netanyahu, a cena dos reféns libertados fragilizados pode reforçar sua narrativa de endurecimento contra o grupo palestino.

Por outro lado, a libertação de prisioneiros fortalece o Hamas aos olhos da população palestina, que vê a devolução de seus detidos como uma vitória sobre Israel. Isso pode dificultar futuras negociações diplomáticas e minar os esforços internacionais para a estabilização da região.

Do ponto de vista humanitário, a guerra de 15 meses devastou Gaza, com milhares de civis mortos, hospitais sobrecarregados e uma crise alimentar sem precedentes. O cessar-fogo representa uma esperança para a população, mas a reconstrução da região e a reabilitação dos reféns libertados serão desafios imensos nos próximos meses.

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