Milei altera regras eleitorais para favorecer sua base nas eleições legislativas

O presidente argentino Javier Milei conseguiu uma vitória importante na Câmara dos Deputados com a aprovação da suspensão das eleições Primárias, Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (PASO) em 2025. O governo argumenta que a medida visa reduzir gastos e simplificar o processo eleitoral, mas críticos apontam que a mudança serve diretamente aos interesses eleitorais do ultraliberal, que busca consolidar sua base e evitar disputas internas antes das eleições legislativas de outubro.

O projeto foi aprovado por 162 votos a favor, 55 contra e 28 abstenções, após um debate acalorado. A proposta inicial previa a revogação definitiva das PASO, mas, diante da resistência no Congresso, o governo optou por uma suspensão temporária, garantindo que o novo sistema favoreça sua estratégia eleitoral sem eliminar de vez o mecanismo.

Governo busca controle total sobre candidaturas

As PASO foram criadas em 2009 para permitir que os eleitores escolhessem, dentro de cada partido, quais candidatos disputariam as eleições gerais. Com sua suspensão, o processo de definição de candidaturas volta a ser controlado diretamente pelos líderes partidários.

O deputado Esteban Paulón, do Encontro Federal, criticou a decisão: “O governo precisa mudar o calendário eleitoral para atender seus próprios interesses. Milei quer evitar disputas internas e chegar a outubro com a economia menos deteriorada para maximizar suas chances nas eleições legislativas.”

A medida beneficia diretamente Milei e sua coalizão, La Libertad Avanza (LLA), que enfrenta dificuldades para estruturar um partido sólido e unificado. Sem as PASO, a sigla poderá definir candidaturas de maneira centralizada, evitando divisões internas e consolidando alianças estratégicas sem interferência do eleitorado.

Ficha Limpa: golpe na oposição e blindagem governista

Outra peça-chave da estratégia eleitoral do governo é o projeto de lei da Ficha Limpa, que será votado na próxima quarta-feira (12). A proposta prevê a inelegibilidade de políticos condenados por corrupção com sentença confirmada em segunda instância, o que poderia impedir a candidatura da ex-presidente Cristina Kirchner e de outras lideranças opositoras.

A medida, apoiada por LLA, PRO e União Cívica Radical (UCR), foi interpretada como uma tentativa de limitar o retorno de figuras tradicionais da política argentina e de fortalecer a posição de Milei nas eleições. No entanto, há incertezas sobre sua aprovação no Senado, onde o peronismo mantém força.

Cálculo eleitoral e futuro político

A combinação da suspensão das PASO e da aprovação da Ficha Limpa indica que Milei está redesenhando o cenário eleitoral para garantir um ambiente mais favorável ao seu projeto político. A estratégia busca eliminar concorrentes dentro e fora do governo, ao mesmo tempo em que adia um teste popular de sua administração para um momento economicamente mais oportuno.

A oposição alerta que essas reformas podem minar a previsibilidade democrática e reforçar a tendência de concentração de poder no Executivo. Ainda assim, a base governista segue confiante de que conseguirá aprovar as mudanças no Senado e consolidar o plano político de Milei para 2025.

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