Renda de até R$ 10 mil com vendas em feiras livres do ES

Cristiane vai expor seus produtos na feira do evento As Três Bases | Foto: Kadidja Fernandes/AT

Além das feiras semanais de alimentos, há ainda as feiras de exposição de produtos específicos, como artesanatos, móveis e segmentos como logística e pedras naturais. Há empreendedores, inclusive, que chegam a conseguir até R$ 10 mil em um mês as vendas dos produtos.Segundo dados da Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes), no ano passado foram mais de 150 feiras comerciais no Estado, com cerca de 7.700 empreendedores participando.Para 2025, já há previsão de uma série de feiras comerciais previstas. O calendário da Secretaria de Turismo do Estado (Setur), lista que pelo menos 10 devem acontecer, como a Cachoeiro Stone Fair, voltada para pedras naturais; a Feira do Bebê e Gestante, na Serra; e a Feira Arte e Sabor, em Marilândia.Outro exemplo é o evento “As Três Bases”, voltado para o desenvolvimento pessoal, que será realizado no próximo dia 8, no Centro de convenções de Vitória e contará com 35 expositores, além de palestrantes e paineis sobre liderança, inovação e empreendedorismo.A empreendedora Cristiane Ferrari, de 44 anos, vai expor seus produtos na feira do “As Três Bases”. Ela conta que encontrou na produção de chinelos personalizados uma “terapia” para lidar com o trauma ter sido vítima de uma tentativa de feminicídio “Chego a faturar entre R$ 7 mil a R$ 10 mil na alta temporada, no verão”, conta.O superintendente do Sebrae-ES Pedro Rigo explica que o Sebrae tem participado ativamente com a Aderes nas feiras. “Temos a responsabilidade de capacitar e facilitar o acesso do empreendedor ao mercado, e a feira tem sido, para muitos segmentos, o único acesso ao mercado”.Combate ao trabalho infantilNo período de 2021 a 2024, 852 crianças e adolescentes foram retirados do trabalho infantil em feiras livres no Espírito Santo. Esses resultados são fruto do projeto “Feira Livre de Trabalho Infantil”, coordenado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado.O projeto foi desenvolvido pela equipe de inspeção do Trabalho em parceria com o Fórum Estadual de Aprendizagem, Proteção ao Adolescente Trabalhador e Erradicação do Trabalho Infantil (Feapeti) no Estado.Segundo a equipe de fiscalização, somente em 2024 foram realizadas ações fiscais de combate ao trabalho infantil nas principais feiras livres de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica.Essas ações resultaram na retirada de 206 crianças e adolescentes de situações de trabalho infantil em atividades como comércio ambulante, carregamento de mercadorias e vigilância de carros, entre outras.Esses trabalhos eram realizados em logradouros públicos e ao ar livre, expondo os jovens à radiação solar, chuva e frio, sendo classificados como uma das piores formas de trabalho infantil devido aos graves riscos ocupacionais e prejuízos à saúde.No âmbito do projeto, crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil são identificados e encaminhados às Secretarias Municipais de Assistência Social.Os adolescentes com 14 anos ou mais são cadastrados e encaminhados para programas de aprendizagem profissional em empresas parceiras do projeto.Esses programas asseguram aos jovens qualificação profissional em um ambiente de trabalho seguro e protegido, além de garantir direitos trabalhistas e previdenciários, a transição da escola para o mercado de trabalho e a manutenção do acesso e da frequência ao ensino regular.Investimento em novas barracasO governo do Estado investiu, no último ano, R$ 800 mil para entregar 250 barracas de feira para produtores rurais em 14 municípios do Estado.Os seguintes municípios foram contemplados: Colatina, Águia Branca, Cachoeiro de Itapemirim, Ibatiba, Vargem Alta, Domingos Martins, Bom Jesus do Norte, Apiacá, Iconha, Boa Esperança, Ponto Belo, Piúma, Santa Leopoldina e Alegre.As barracas de feira distribuídas pela Secretaria de Agricultura são compostas de aço e lona, além de tabuleiros de alumínio. Com aspecto visual atrativo e aprimorado, as barracas ocupam 4 m de largura por 3 m de profundidade.Já as bandejas têm 4 metros de comprimento por 1,10 metro de largura, permitindo a separação, armazenagem e exposição dos alimentos.Análise: “Preços mais acessíveis e margem maior aos produtores”

Flávia Rapozo, líder do comitê de Economia do Instituto Bras. Executivos de Finanças (Ibef-ES)

As feiras livres têm um importante papel para a economia local, porque contribuem para gerar emprego e renda. Quando se fala especificamente em produtos orgânicos, as feiras incentivam a produção consciente, e contribuem dessa forma para a sustentabilidade do planeta, e para a segurança alimentar dos consumidores.Ademais, elas conectam produtores e consumidores de uma forma direta, e assim, tendem ofertar preços mais acessíveis e ao mesmo tempo, aumentar a margem dos pequenos produtores.Algumas feiras fazem tanto sucesso que entram para o calendário de eventos de um município, e até do Estado. Um exemplo disso é a Feira dos Municípios, que foi retomada em 2023, e que promove a divulgação da cultura e das potencialidades de cada cidade do Estado.O evento tem espaço para divulgação da história, da cultura, da gastronomia, do artesanato e outras riquezas que nosso Estado possui. Assim sendo, é uma boa oportunidade de tornar o ES ainda mais conhecido no cenário nacional e internacional, e potencializar o turismo.Saiba maisFeiras orgânicas e agroecológicas Como forma de abrir novos canais de comercialização e ampliar o Programa de Fortalecimento da Agricultura Orgânica da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) em parceria com diversas instituições, foi implementado um conjunto de Feiras Orgânicas e Agroecológicas na Grande Vitória e em Colatina. Segundo dados do Incaper, há hoje 32 feiras orgânicas no Estado, espalhadas por municípios da Grande Vitória e Colatina. Dentre elas, destaca-se a realizada na Praça do Papa, em Vitória, nas quartas feiras, das 6h às 12h. Campeã de produtoresO município com maior número de produtores orgânicos, com cerca de 130, é Santa Maria de Jetibá, segundo a Coordenadora técnica de Agroecologia do Incaper, Andressa Alves. “Mas também há produtores em Santa Leopoldina, Cariacica, Iconha, Nova Venécia, São Gabriel da Palha, Colatina e Montanha”, afirma. Documentário As feiras do Estado ganharam, no final do ano passado, um documentário. Produzido pelo o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e intitulado “Feiras Capixabas: Vivências e Histórias”, o documentário explora a relevância cultural e social das feiras, além de evidenciar os desafios e a resistência, destacando o papel crucial da agricultura familiar na economia do Estado. Com relatos de quem produz e consome, o vídeo traz ainda um olhar sobre as relações construídas nesses espaços, indo além de sua função-base enquanto comércio.O documentário tem 17 minutos e 55 segundos e está disponível no YouTube e pode ser assistido, de graça, no link youtu.be/PUK64R_3X3c.A ideia do documentário partiu da extensionista Hanny Slany, que, a princípio, pensou em realizar um artigo a partir da pesquisa sobre o tema, mas a abordagem do trabalho desenvolvido a fez compreender a necessidade de mostrar, em imagens, todo o contexto ao qual ela se dedicou.

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