Torcida organizada ou marginais drogados, tiranos e insanos?

Por Cláudio Soares*

O recente jogo entre Sport e Santa Cruz transformou as ruas do Recife em um verdadeiro cenário de guerra. A brutalidade com que um torcedor, identificado pela camisa de seu time, foi atacado em plena praça pública é alarmante e inaceitável.

Em um ato insano, pegaram-o, tiraram sua roupa e introduziram um pau nele. Essa cena de crueldade é um reflexo da degradação da convivência social e do estado de violência que permeia o ambiente das ‘torcidas’.

Mas, de quem é a culpa? A responsabilidade recai sobre os grupos de torcidas organizadas, que muitas vezes se envolvem em confrontos violentos, ou sobre uma sociedade que permite que a violência se normalize?

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É preciso refletir sobre o papel das autoridades na prevenção desses conflitos e na promoção da segurança. A cultura do ódio entre torcidas deve ser combatida, e a impunidade deve ser questionada. Não podemos aceitar que a paixão pelo futebol seja um motivo para a violência.

A barbárie que se desenrolou em praça pública nas ruas do Recife foi orquestrada e anunciada. Apesar de ser um continente policial relativamente pequeno somente nos arredores do estádio do arruda, as forças de inteligência deixaram claro que falharam em conter a violência, enquanto o governo se mostrou negligente e incompetente mais uma vez.

O que se observou foram policiais militares acuados e feridos, onde enfrentaram pedradas, agressões e marginais drogados armados com pedaços de pau, mas, mesmo diante da impotência, conseguiram salvar milhares de vidas, evidenciando a grave situação de insegurança que assola a cidade do Recife.

A discussão deve ir além de colocar a culpa em um único grupo; é hora de buscar soluções que promovam a paz e a segurança para todos o povo pernambucano. Não adianta anunciar medidas paliativas e eleitoreiras. As decisões devem ser enérgicas e duras.

A violência, a criminalidade e as barbaridades enfrentadas pelos habitantes da capital revelam como é simples e veloz desacreditar um governo. A utilização de uma paixão exacerbada pelo futebol se torna uma ferramenta eficaz para desviar a atenção das mazelas sociais, evidenciando a fragilidade das autoridades em lidar com a insegurança.

Essa situação critica fracos mecanismos de governança e coloca em evidência a necessidade urgente de um enfoque mais sério nas questões que afetam diretamente a vida dos cidadãos. A desconexão entre a paixão esportiva e a realidade social ressalta a superficialidade de uma administração que se mostra incapaz de enfrentar os problemas estruturais que afligem a cidade.

Ser torcida organizada, no Brasil, é ser bandido, criminoso, é ser violento. Muitas vezes, essas torcidas se assemelham a facções criminosas, utilizando a paixão pelo futebol como fachada para práticas violentas e ilegais.
A sociedade não pode se calar diante dessa realidade. É hora de uma reflexão profunda sobre o papel das torcidas organizadas e de um compromisso coletivo para resgatar o verdadeiro espírito do esporte, no qual a rivalidade deve existir, mas sem espaço para a violência e a criminalidade.

*Advogado e jornalista

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