Dólar fecha a R$ 5,85 e completa 9ª sessão consecutiva de queda — maior sequência perdas em sete anos e meio

Tesouro nacional títulos públicos

O dólar à vista estendeu as perdas puxada pelo enfraquecimento do dólar no exterior e completou maior sequência de quedas desde 2017 (Imagem: Getty Images)

O dólar à vista (USDBRL) continuou em ritmo de queda, estendendo as perdas pela nona vez consecutiva — a maior sequência desde julho de 2017.

Na comparação com o real, a moeda norte-americana encerrou as negociações a R$ 5,8528 (-0,23%).

O desempenho acompanhou a tendência vista no exterior. Às 17h (horário de Brasília), o indicador DXY, que compara o dólar a uma cesta de seis divisas globais, registrava queda de 0,20%, aos 107,803 pontos.

O que mexeu com o dólar hoje?

A moeda brasileira ganhou força com novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dados de emprego mais fracos do que o esperado e o resultado das contas públicas em 2024. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central também impulsionou a moeda brasileira.

Em entrevista coletiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou o compromisso com a responsabilidade fiscal do país.

“A estabilidade fiscal é uma questão muito importante para o governo. Queremos responsabilidade e o melhor déficit possível. […] Se depender de mim, não teremos outra medida fiscal”, disse Lula a jornalistas no Palácio do Planalto.

O chefe do Executivo também adotou um tom mais brando sobre a decisão do Copom em elevar os juros para 13,25% — na primeira reunião do ano e sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado pelo governo.

Lula disse que o presidente do BC “não pode dar cavalo de pau em um mar revolto de uma hora para outra” e que “já estava praticamente demarcada a necessidade da subida de juros pelo outro presidente e Galípolo fez aquilo que entendeu que deveria fazer”.

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Além disso, os dados de emprego vieram mais fracos do que o esperado. O Brasil fechou 535.547 vagas formais de trabalho em dezembro, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Esse foi o saldo mais negativo em um mês desde dezembro de 2020, quando começou a série do Novo Caged.

As contas públicas também ganharam destaque no mercado de câmbio. O governo central fechou o ano de 2024 com um déficit primário de R$ 43 bilhões, o que representa uma queda real de 81,7% na comparação com 2023, quando o déficit foi de R$ 228,49 bilhões.

O resultado primário em 12 meses correspondeu a 0,36% do Produto Interno Bruto (PIB).

O valor inclui despesas extraordinárias que não serão contabilizadas na meta fiscal, como os valores direcionados a mitigar os efeitos das enchentes no Rio Grande do Sul. Excluindo esses gastos, o déficit do ano cai para R$ 11,032 bilhões, equivalente a 0,09% do PIB, cumprindo o arcabouço fiscal.

Na avaliação do economista da XP Investimentos, Tiago Sbardelotto, o cumprimento da meta de resultado primário em 2025 deve ser menos desafiador do que em 2024.

O enfraquecimento da moeda no exterior após a decisão do Federal Reserve nos Estados Unidos também repercutiu sobre o real. Ontem (29), o Comitê Federal do Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed manteve os juros inalterados, na faixa de 4,25% a 4,50% — como o esperado.

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