Lula promete “reciprocidade” se Trump taxar produtos brasileiros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou claro que o Brasil não aceitará passivamente qualquer medida protecionista imposta pelos Estados Unidos sob a nova gestão de Donald Trump. Em entrevista nesta quinta-feira, 30, Lula afirmou que, caso o governo norte-americano decida sobretaxar produtos brasileiros, o Brasil responderá da mesma forma, aplicando tarifas equivalentes sobre importações dos EUA.

“Se ele [Trump] taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são exportados para os Estados Unidos. Simples, não tem nenhuma dificuldade”, declarou Lula em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto. A posição firme do presidente brasileiro reforça a disposição do governo de adotar uma postura pragmática diante do novo cenário político e comercial entre os dois países.

Trump, eleito em novembro e empossado no último dia 20, tem adotado uma linha nacionalista e protecionista, prometendo endurecer regras comerciais para favorecer a indústria norte-americana. Apesar de o governo brasileiro ter reconhecido formalmente sua vitória, Lula não seguiu a tradição de telefonar para cumprimentá-lo e indicou que não pretende fazê-lo. “Não há nenhum interesse agora, acho que nem meu, nem dele. Essas conversas só acontecem quando você tem interesse, quando tem alguma coisa para tratar. Eu mandei uma carta para o governo americano dando os parabéns pela vitória, e é isso”, afirmou o petista.

A relação entre Lula e Trump já se mostra delicada, uma vez que os dois líderes possuem visões políticas e estratégicas opostas. Enquanto o governo brasileiro busca reforçar parcerias internacionais baseadas no multilateralismo e no respeito a acordos ambientais, Trump tem um histórico de desprezo por organizações globais como a Organização das Nações Unidas (ONU), o Acordo de Paris e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Lula ironizou essa postura ao comentar possíveis encontros futuros: “Se a gente não tiver oportunidade de se encontrar, porque ele não participa dos Brics… Se eu for convidado para o G7, a gente tem chance de se encontrar. Se não, a gente vai se encontrar na ONU – se ele não desistir da ONU também”.

A política comercial de Trump, que em seu primeiro mandato adotou tarifas elevadas sobre produtos estrangeiros, pode voltar a atingir o Brasil. Lula, no entanto, garantiu que o país adotará uma estratégia de defesa econômica caso as promessas do republicano se concretizem. “Ele só tem que respeitar a soberania dos outros países. Ele foi eleito para governar os EUA. Outros presidentes foram eleitos para governar seus respectivos países”, ressaltou.

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