Brasil pode liderar mercado de hidrogênio verde, mas há desafios

Com abundância em energia renovável, o Brasil pode ser líder no mercado de hidrogênio verde. Produzido a partir da eletrólise da água utilizando fontes limpas como a solar e eólica e sem gerar emissão, seu uso é uma alternativa sustentável para a descarbonização de várias indústrias de base e em setores-chave como o transporte e o energético.

A aprovação do Marco Legal do Hidrogênio Verde no Brasil estabeleceu diretrizes para a produção, distribuição e uso do combustível de baixo carbono, pensando em aproveitar todo potencial do país e alavancar investimentos. Atualmente, são mais de 2 mil iniciativas de hidrogênio verde no mundo, sendo que mais de 80 delas são brasileiras.

Mas há desafios, destacam os especialistas reunidos no EXAME Renováveis desta quarta-feira (29): Camila Ramos, conselheira na Absolar e CEO da Cela Clean Energy Latin America, Luis Viga, presidente do conselho da ABIHV e country manager da Fortescue no Brasil e Carla Primavera, superintendente de transição energética e clima no BNDES. Entre os gargalos, estão questões como competitividade, viabilidade econômica e falta de incentivos e demanda.

O evento levantku discussões com a energia em foco, em um ano marcado pela realização da COP30 pela primeira vez em território nacional, em Belém do Pará.

No painel, a questão central permeou nos reflexos do Marco Legal aprovado em 2024 pelo presidente Lula e foi unanimidade que a regulamentação deu mais segurança jurídica, diminuiu os riscos do mercado ao estabelecer regras e impulsionou o desenvolvimento de projetos e pesquisa.

Além disso, é um mecanismo essencial para aumentar a competividade, em um contexto que o hidrogênio verde ainda precisa ganhar escala e ter uma redução de custo para decolar.

Camila Ramos, conselheira na Absolar e CEO da Cela Clean Energy Latin America, destacou o potencial brasileiro e a abundância em recursos naturais que nos permite ter uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. “Temos muito sol e vento e achamos isso natural, quando na verdade é muito excepcional. Nossa energia é limpa, abundante e barata e representa cerca de 60% do custo de uma planta de hidrogênio“, disse.

A executiva, à frente da consultoria especializada em renováveis e atuando no desenvolvimento de projetos solares e transição energética no Brasil e América Latina, reiterou que há possibilidades gigantescas no Brasil tanto para a produção e exportação, quanto para a fabricação de aço, fertilizantes verdes e combustíveis sustentáveis de aviação (SAFs).

Em sua empresa, já são 18 projetos em curso com o uso do combustível e ela acredita que explorar a energia offshore (aquelas em alto-mar) é um caminho promissor para alavancar este mercado. 

Luis Viga, presidente do conselho da ABIHV e country manager da Fortescue no Brasil, concordou que a regulamentação da legislação é um avanço. Agora, o trabalho na COP30 é mostrar alinhamento. “Não podemos ter disputas políticas, precisamos pensar no que é bom e beneficia a todos os setores”, disse.  

Para a tecnologia ganhar escala, Luis acredita que é preciso se inspirar em vários exemplos pelo mundo, mas sem esquecer que cada país tem sua realidade econômica e disponibilidade de recursos. “Nossa vantagem comparativa nos permite produzir hidrogênio verde a um custo menor e atrair investimentos. A situação é parecida com o que aconteceu com a eólica no passado”, lembrou.

Na Fortescue, o executivo conta que há o desenvolvimento de tecnologia e soluções, incluindo substituição do diesel e gás natural na mineração, por exemplo. 

Carla Primavera, superintendente de transição energética e clima no BNDES, complementou que nenhum banco é capaz de oferecer sozinho o volume de financiamento necessário para a transição energética, mas frisou o papel da companhia visto a longa trajetória no setor de renováveis. 

Até então, o BNDES já apoiou mais de 80% da expansão de renováveis no Brasil. Em 2018, fomentou o mercado livre de energia e segue impulsionando novas soluções para diversos setores cruciais na descarbonização. 

“Adotamos uma estratégia clara para financiar essa transição, visto que o Brasil precisa aproveitar a tamanha oportunidade. Tenho plena convicção de que seremos capazes de estruturar os projetos que fizerem o dever de casa e viabilizar os investimentos“, concluiu. 

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